DESENVOLVIMENTO E DESIGUALDADE SOCIAL
Estas duas variáveis econômicas deveriam caminhar no sentido de que quando aumenta a primeira, inversamente, diminui a segunda. Este deveria ser o raciocínio lógico, entretanto, pesquisando dados da ONU sobre esta relação no mundo, nota-se uma inversão desta suposta lógica.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas, em 1992, os 20% mais ricos detinham 82% da riqueza mundial. Em 2010, a situação piora e os 11% mais ricos detém 85% de toda a riqueza produzida. Na outra ponta, os 50% mais pobres detém apenas 1% desta riqueza.
O modelo capitalista de produção é altamente eficiente na produção de riquezas, mas também é extremamente injusto na forma de distribuir esta riqueza nos diversos segmentos produtivos.
Estes dados mostram que o desenvolvimento e o aumento da geração de riquezas numa estrutura capitalista não significam, necessariamente, redução da desigualdade social, pelo contrário, em alguns países, inclusive no Brasil, gerou aumento da concentração de renda.
Em verdade, o capitalismo é uma insuperável fábrica de gerar pobreza. Segundo a própria ONU, 180 milhões de pessoas passam fome em toda a América Latina. São dados alarmantes.
Numa sociedade capitalista o grau de pobreza é medido pela falta de capacidade de consumo, mas acredito que pobreza não é apenas perder o poder de compra, é também, não ter políticas públicas de saúde e educação adequadas, é não ter emprego, não ter água e esgoto encanados, não ter acesso à cultura, transporte e políticas firmes da área de habitação popular. Não ter um teto é não ter esperança.
A nossa presidente, “companheira” Dilma, em seu discurso de posse, prometeu erradicar a pobreza extrema neste país. Somos hoje a 7º economia do mundo e a 3º pior distribuição de renda do planeta.
Ao longo dos últimos 60 anos, o país experimentou vários ciclos de desenvolvimento, mas não conseguiu reduzir de forma significativa o fosso social entre ricos e pobres. O governo Lula/Dilma conseguiu tímidos avanços na redução da pobreza, mas são resultados muito abaixo das nossas possibilidades, e que de certa forma foram turbinados pela grande capacidade de marketing do nosso ex-presidente, o chefe mensaleiro Lula.
O atual salário mínimo brasileiro (R$ 678,00), cerca de U$ 300,00 dólares é menor que o argentino (isso dói), o paraguaio e o equatoriano, isso para ficarmos apenas na América Latina.
O festejado “Bolsa Família”, pérola do assistencialismo dos governos FHC, Lula e Dilma, representa, atualmente, 0,4% do PIB, enquanto a dívida pública representa 54% do Produto Interno Bruto.
Em 2013, o governo pretende gastar cerca de 18 bilhões com o “Bolsa Família” e cerca de 800 bilhões ( pagamento dos encargos e juros da dívida pública ) com o “Bolsa Banqueiro”.
O Brasil é apenas mais um país dentro deste contexto. Num futuro próximo esta “bolha “ vai explodir e será necessário pensar e definir um novo modelo de desenvolvimento que não contenha as contradições do capitalismo, que já dura mais de 500 anos.
Antes de terminar, sem fazer nenhum revisionismo do “socialismo real”, quero dizer que não estou aqui defendendo o modelo que retrata o antigo regime soviético de Stalin, nem o chinês de Mao, nem o cubano de Fidel, nem o de Chaves na Venezuela, nem o do coreano Jong e outros similares, que resultaram em experiências socialistas fracassadas por lideranças que degeneraram o verdadeiro sentido de um socialismo libertário.
As idéias de Marx, Engels, Rosa Luxemburgo, Lênin, Trotsky, Gramsci e outros, continuam atuais, desde que tenhamos a capacidade de fazer esta re-leitura com a ótica dos novos tempos. Em tempos de crise, os economistas neoliberais nunca leram tanto Marx. Precisamos adaptá-las e reinventa-las dentro deste novo tempo, e assim permitir a continuidade do sonho e da utopia de um novo mundo, onde o capital humano prevaleça sobre o capital financeiro.
“Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo engendrou, então que morra !” Leon Trotsky
Cláudio Leitão é economista e membro da executiva do PSOL Cabo Frio. |
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