sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Claudio Leitão: Geração de Emprego e Renda


GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA

Fica claro constatar que neste momento Cabo Frio vive uma séria crise de geração de empregos, certamente, a maior de todos os tempos, tendo em vista, o crescimento populacional da cidade.

A cidade cresce de forma desordenada, sem nenhum planejamento ou políticas públicas voltadas para o ordenamento urbano e social. Temos hoje, um núcleo urbano razoavelmente organizado no “centro” e uma periferia crescente com as pessoas subempregadas ou desempregadas, vivendo de bicos, com habitações deficientes, com poucas perspectivas de um futuro melhor. Cria-se com isso um “caldo de cultura” para o aumento da violência e criminalidade que é facilmente percebido por toda a cidade.

Percebe-se também que a informalidade é o caminho para aqueles que não encontram abrigo no grande empregador da cidade que é a Prefeitura. É evidente que há exceções em várias áreas.

Este modelo de dependência do poder público foi construído para funcionar assim. Foi pensado para ser um instrumento de dominação política em cima dos trabalhadores não qualificados.

Este processo recente “de contrata e depois demite” que ocorre e desgasta politicamente este novo governo é o reflexo do atraso com que se trata estas questões.

A grande vocação turística de nossa cidade é extremamente mal aproveitada na possibilidade que tem de gerar novos empregos. Hoje, no mundo, o setor terciário, de prestação de serviços é o que mais cresce e oferece oportunidades. Falta uma política clara e efetiva para estimular este setor em nossa cidade. Trabalho profissional e estruturado que precisa da ação conjunta do poder público com os empresários e trabalhadores.

O tal falado Pólo Industrial é uma solução pouco efetiva. O setor primário, industrial, com o advento da informatização e tecnologia, emprega cada vez menor contingente de mão de obra. É um complemento e não a ação principal.

A construção civil é outra alternativa importante, mas faltam cursos profissionalizantes que poderiam ser estimulados pelo poder público. As construtoras trazem profissionais de fora da cidade, dada a dificuldade de contratar aqui, pedreiros, bombeiros hidráulicos, pintores, carpinteiros, etc.

Faltam também cursos e escolas técnicas para o ramo da hotelaria, restaurantes e afins. O mesmo ocorre com a pesca, importante atividade comercial de outrora, que precisa de novas ações e estímulos.

Precisa-se buscar também, através de grande esforço político, a criação de uma Universidade Pública que possa democratizar o acesso ao ensino universitário e criar novas alternativas para o filho do trabalhador mais pobre.

É necessário também a criação de uma política pública de incentivo ao agricultor e a agricultura familiar para aumentar a produção de alimentos, baratear seu custo e promover geração de emprego e renda na área rural.

O novo governo, recém instalado, volta a falar em grandes obras no centro urbano e muito pouco sinaliza na elaboração de políticas públicas voltadas à periferia, visando reduzir esta enorme desigualdade social.

O que vimos nos últimos 16 anos foi concreto, asfalto e políticas assistencialistas não emancipadoras da cidadania, incompatíveis com o volume orçamentário que transitou nos cofres públicos desta cidade. A herança de corrupção e roubalheira que ficou está aí sendo esfregada na cara da população. Pessoas que estiveram e estão no poder ostentam para quem quiser ver uma evolução patrimonial que não tem referência nos proventos advindos da função pública.

Todas estas ações citadas não podem ser feitas de “ cima para baixo”, com o Poder Público decidindo sozinho o que é melhor para a cidade. Tem que ter a participação de todos os setores envolvidos para que se possa construir soluções duradouras.

É tarefa urgente em nossa cidade acabar com a brutal concentração de renda e promover políticas de redução desta terrível desigualdade social para desarmar uma grande bomba humana que se forma, cresce e está prestes a explodir na cabeça de todos. 

Entretanto, para promover as mudanças necessárias é preciso ter coragem e vontade política para romper com este modelo de gestão e desenvolvimento que “os mesmos” implantaram e querem dar continuidade.
“Faz parte da cura o desejo de ser curado.”  Sêneca
Cláudio Leitão é economista e membro da executiva do PSOL Cabo Frio.
Cidadania e Socialismo

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