Mergulhado em corrupção, o governo Sérgio Cabral sobrevive no Rio de Janeiro graças à tolerância com o que a sociedade convive com essas situações infames. Confessadamente, ele já usou de favores de fornecedores de governo para viajar de um lado por outro, como se esta relação promíscua fosse a coisa mais natural do mundo. Depois do escândalo, mandou fazer um Código de Conduta Ética…
É algo inimaginável para uma nação digna. Nos EUA, uma situação análoga ou de menor proporção teria um desfecho diferente.Em Nova Iorque, em 2008, o então governador Eliot Spitzer renunciou ao cargo depois que uma reportagem do jornal The New York Times revelou que ele fez programa com a prostituta denominada Kristen no quarto do Hotel Mayflower, em Washington.
A reportagem fisgou os pecados de alcova do ex-governador, revelando que ele gastara US$ 80 mil dólares com os serviços de acompanhantes do Emperors Club Vip. Tudo descoberto graças à cooperação de uma cafetina brasileira que agenciava os encontros.
Em junho deste ano, o deputado democrata Anthony Weiner renunciou ao cargo depois que divulgou suas fotos de cueca e mensagens inapropriadas no twitter. Casado há três anos com Huma Abedin, uma mulçumana que trabalha no gabinete da secretária de Estado Hillary Clinton, ele fazia o que no Brasil chamamos de pegação na internet.
Em outros países, como Japão, Suécia, Noruega ou França, o rigor é ainda maior, enquanto aqui, debaixo das barbas das autoridades brasileiras, Sérgio Cabral serve-se de aviões de fornecedores do Estado para viagens de lazer, numa relação promíscua, e fica impune.
Recebe mimos do milionário Eike Batista, que ganha licenciamentos ambientais como quem consegue uma nota fiscal no armazém da esquina. O governador pega jatinho emprestado para viagem pessoal e tudo fica numa boa, como se ocorresse a coisa mais natural do mundo.
Entre as diferenças que separam o Brasil e EUA está a consumação de uma verdade: lá não basta que a mulher de César seja honesta, ela tem que parecer honesta. Já por aqui tudo é impunidade.
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UMA MÁQUINA DE ARRECADAR
O policiamento no Rio de Janeiro adotou nova dinâmica. Já não é ostensivo, agora o objetivo não é mais coibir a criminalidade. A ordem é promover operações contra proprietários de veículos com atrasos no pagamento de IPVA. A Polícia Militar está mobilizada para esse tipo de operação, uma iniciativa que nem contribui para reduzir a violência no trânsito, apenas proporciona lucros exorbitantes à “indústria” dos reboques, além, é claro, de promover arrecadação para a máquina corrupta, que vive da exploração do contribuinte.
As estatísticas demonstram que a violência no trânsito continua promovendo mortes e criando uma geração de amputados pelo país a fora. Os ingredientes para esta tragédia misturam imprudência de motoristas, consumo de álcool e drogas, falta de educação no trânsito e omissão das autoridades.
Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde e Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas revela números assombrosos: a cada 13 minutos morre um brasileiro em acidente de trânsito. Só em 2010 foram 40.600 pessoas mortas, um dos mais altos índices de morte de trânsito por habitante no mundo.
O modus operandi das autoridades é prático: a polícia, geralmente, atua com mais rigor nas apreensões em véspera de feriadões ou finais de semana, para que os proprietários de automóveis sejam obrigados a pagar pela guarda dos automóveis nos dias em que as repartições públicas estão de recesso. A partir das apreensões em pontos estratégicos, é só operar a máquina registradora.
Roberto Barbosa Tribuna da Imprensa
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