segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Educadores criticam a aprovação automática


Comentário: Enquanto a educação pública for vista como um gasto de dinheiro a "fundo perdido", o único interesse dos governantes será com a entrada e saída, o mais rápido possível, dos alunos da escola (a aprovação automática - um crime contra as crianças e a sociedade - é o auge dessa política) . Aprendizado e boa formação é exclusividade para os filhos dos que podem pagar as melhores escolas privadas.

A sala de aula fica em uma escola da rede pública municipal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Dos 38 alunos do 4º ano, dez não deverão passar de ano. O processo de alfabetização falhou para eles, que não conseguem ler um texto completo, têm dificuldades para entender frases e somente soletram palavras isoladas. A deficiência na alfabetização é ainda pior para um dos estudantes do grupo. Ele cursa pela terceira vez a série e não consegue ler palavras soltas.
Professora há 20 anos na rede pública de Nova Iguaçu, Mônica Fraga, 40 anos, aponta o que, para ela, são as causas das deficiências dos dez alunos.
- Até o terceiro é aprovação automática. Há falta de interesse dos pais em relação aos filhos, não há cobrança efetiva para que estudem, façam os deveres de casa. E o aluno, ao ver que não há qualquer avaliação, relaxa - critica a professora, graduada em Letras e contrária à aprovação automática.
Quando chegam ao terceiro ano, os alunos da rede municipal de Nova Iguaçu podem repetir uma vez. Depois, são aprovados automaticamente. No quarto ano há provas.
- Os problemas de alfabetização se acumulam e, quando o aluno chega ao quarto ano, ele fica retido - diz Mônica.
Também professora do quarto ano em Nova Iguaçu e colega de escola de Mônica, Flávia Valéria Gomes Campos, 37 anos, há 15 no magistério, optou, com a autorização da escola, por dar aulas de reforço. De acordo com Flávia, dos 42 alunos de sua turma, 22 apresentavam falhas na alfabetização - alguns vieram de escolas de outras cidades. Com as aulas extras, 17 apresentaram melhoras no aprendizado e somente cinco correm o risco de serem reprovados.
Além de integrar a rede de ensino de Nova Iguaçu, Flávia ainda dá aulas na rede pública de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, onde não há aprovação automática. Segundo a professora, a cobrança feita pelas avaliações levam os alunos que chegam ao segundo ano a ler e compreender os textos corretamente, o que não tem acontecido com as classes do quarto ano de Nova Iguaçu. No entanto, Flávia chama a atenção para outro problema: sem horário integral, os alunos em Petrópolis têm dificuldade de aprendizagem de conteúdo em parte das matérias. Na escola da Baixada os alunos possuem a opção do horário integral.
Membro do Conselho Escolar de Nova Iguaçu, a professora Eliane Martins, 52 anos, vai além nas criticas ao sistema educacional brasileiro:
- Enquanto não houver a cultura de que o crescimento do país só vem com a Educação, os problemas existirão. O sistema leva à ociosidade.

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