Com a posse do senador João Capiberibe (PSB-AP), a bancada do PMDB, maior partido do Senado, cai para 17 senadores. Mas logo voltará a ter 18, com a volta de Jader Barbalho, beneficiado pela prorrogação da entrada em vigência da Lei da Ficha Limpa, graças ao voto de desempate do ministro Luiz Fux no Supremo Tribunal Federal, é bom não esquecer.
Na verdade, o PMDB tinha 19 senadores, mas no início do mês, o partido perdeu uma cadeira com a chegada de Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), também beneficiado pelo voto de Fux. Como se sabe, Capiberibe, Cunha Lima e Barbalho tinham sido barrados pela Lei da Ficha Limpa, mas conseguiram ser empossados depois que o Supremo decidiu que a norma não valeria para a eleição de 2010.
Agora, o PMDB quer atrair mais três senadores. O senador Clésio Andrade (PR-MG) já está certo. Espera apenas o resultado de uma consulta feita ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para assinar a nova filiação, porque a legislação atual proíbe troca-troca de partidos, mas sempre há alguma brecha na lei.
Segundo o repórter Marcio Falcão, da Folha, os senadores Blairo Maggi (PR-MT) e Antonio Russo (PR-MS) também estão na mira do PMDB, mais precisamente do grupo do líder do Senado, Renan Calheiros (AL), vejam só a quem o partido entrega a liderança. Mas essas negociações são consideradas mais delicadas.
O PMDB na verdade é um retrato perfeito da política brasileira. Suas bancadas são uma espécie de salada mista, reunindo fichas limpas, sujas e enxovalhadas. Em meio a essa confusão ética e ideológica, o chamado G8, grupo de senadores independentes do partido, tenta marcar presença. Dele fazem parte os senadores Jarbas Vasconcelos (PE), Pedro Simon (RS), Luiz Henrique (SC), Casildo Maldaner (SC), Roberto Requião (PR), Waldemir Moka (MS), Ricardo Ferraço (ES) e Eduardo Braga (AM), que às vezes fazem moderada oposição ao governo.
É desanimador constatar como a política brasileira é hoje uma atividade menor, comprovando que os três poderes estão realmente podres, já que Executivo e Judiciário também passam ao largo da ética. O único dado capaz de animar os analistas é o bom desempenho da economia, em meio à crise mundial, comprovando um velho ditado que hoje pouca gente lembra: “O Brasil cresce à noite, quando os políticos estão dormindo e não conseguem atrapalhar”.
Carlos Newton Tribuna da Imprensa
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