Sem ter o que fazer, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, vem a público defender transparência no total de juros pagos pelos consumidores em compras a prazo. A preocupação dele seria com os gastos do maior estrato social do Brasil e principal público consumidor, a chamada nova classe média – formada por 95 milhões de pessoas, com 31 milhões de emergentes na década passada.
Um estudo apresentado pela Secretaria esta semana no Banco Central, durante o 3º Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, revela que o segmento, responsável por R$ 1,1 trilhão do movimento do mercado interno, “está pagando de juros R$ 100 bilhões e a percepção que tem, declarada ao IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], é que está pagando R$ 3 bi”, disse Moreira Franco à Agência Brasil.
Segundo dados do Banco Central, os juros pré-fixados a pessoas físicas estão em 47% ao ano, a maior taxa desde dezembro de 2009. Moreira prevê um esforço do governo federal “no sentido de criar um ambiente propício a que haja mais transparência nas informações. São medidas de políticas dessa natureza que nós vamos ter que começar a cuidar”.
È tudo um jogo de cena. Moreira Franco quer mostrar serviço. Mas se revela totalmente desinformado, porque os números apresentados pelo Banco Central e pela Secretaria de Assuntos Estratégicos estão inteiramente errados. Dizer que os juros pré-fixados a pessoas físicas estão em 47% é uma brincadeira sem graça.
O problema do consumidor brasileiro não são os juros cobrados pelo comércio. A maior exploração é feita través dos juros aplicados pelos bancos, incluindo os estatais, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Recente reportagem da Folha mostrou que os juros bancários estão em 68% ao ano, resultado da aplicação da taxa mensal de 4,4%, na operação incluído o cálculo dos montantes. Ninguém sabe onde os gênios do Banco Central arranjam dinheiro emprestado a 47% ao ano. Deviam citar a fonte. nem mesmo os aposentados conseguem esse milagre, através do tal crédito consignado, descontado em folha, uma exploração-agiotagem oficializada.
Moreira Franco e a tal Secretaria deveriam se preocupar ainda mais com os juros cobrados pelo uso do cheque especial. Como disse aqui no Blog nosso companheiro Pedro do Coutto, representam um choque estratosférico de 186,7% ao ano. Esta modalidade só perde para os encargos do refinanciamento das dívidas com cartões de crédito e cheques especiais: 206,2% ao ano.
É a perfeição do capitalismo: para uma inflação de 7%, juros superiores a 200%. Portanto, Moreira Franco é um farsante, e sua Secretaria, que tem status de Ministério, não serve para nada. Deveria ser fechada, a bem do serviço público, como se dizia antigamente.
Carlos Newton http://www.tribunadaimprensa.com.br/
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