Uma empresa japonesa afirmou nesta terça-feira ter detectado césio radioativo em lotes de leite em pó para bebês. A notícia é divulgada nove meses após o início da crise nuclear na usina de Fukushima, provocada pelo tremor seguido de tsunami que atingiu o país em 11 de março.
A companhia Meiji, responsável pelo produto, informou ter detectado até 30,8 becquerels de césio radioativo por quilo de leite em pó, muito abaixo do limite máximo estabelecido pelo governo japonês, de 200 becquerels por quilo.
As circunstâncias da contaminação não estão claras, mas a Meiji disse acreditar que as substâncias radioativas emitidas pelo acidente em Fukushima possam ser a origem do problema.
De acordo com o porta-voz da empresa, suspeita-se que o ar quente usado no processo de desidratação do leite possa ter sido contaminado por césio.
Em comunicado, a empresa reforçou que o nível de contaminação “não representa problema à saúde mesmo se o produto for consumido diariamente”.
Apesar disso, informou a data de validade dos lotes contaminados e ofereceu a possibilidade de troca das 400 mil latas. Com a notícia, as ações da Meiji tiveram queda de quase 1º%, chegando ao índice mais baixo desde maio de 2009. A empresa detém 40% do mercado de leite em pó no Japão.
Preocupações com a segurança dos alimentos têm abalado o público desde o início da crise Fukushima.Casos de radiação excessiva em vegetais, chá, leite, frutos do mar e água provocaram ansiedade apesar de autoridades públicas assegurarem que os índices detectados não são perigosos.
Plano de descontaminação
O governo japonês aprovou nesta terça-feira o envio de 900 soldados das Forças de Autodefesa (Exército) para a partir de quarta iniciar as tarefas de descontaminação de edifícios municipais na zona de exclusão em torno de Fukushima.
As tropas, que contarão com uma unidade química especializada em radiação, realizarão essa operação durante duas semanas em dependências das cidades de Namie, Tomioka e Naraha, cujos centros urbanos ficam, respectivamente, a 7 km, 9 km e 16 km da usina nuclear, informou a agência local Kyodo.
Pelo planejamento, depois desse processo os edifícios servirão como base de operações para iniciar, em janeiro, um exaustivo trabalho de descontaminação das zonas contíguas à usina. Será a primeira vez em que ocorrerá uma operação de limpeza dentro da zona de exclusão estabelecida em torno de um raio de 20 km ao redor da usina por causa dos altos índices de radioatividade.
A crise na central de Fukushima, a pior desde Chernobyl em 1986, levou à retirada de mais de 80 mil pessoas que viviam na região e causou perdas milionárias nas indústrias agrícola, pesqueira e de criação de gado.
Mais de 80 mil pessoas que viviam no raio de 20 km ao redor da central permanecem longe de suas casas sem saber quando poderão retornar. Antes disso, o governo deve levar os reatores a uma "parada fria", com uma temperatura estável abaixo de 100 graus centígrados, uma meta que procura cumprir antes do fim do ano.
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