Como dizia o cantor e radialista Henrique Fróes, conhecido como Almirante, é “incrível, fantástico, extraordinário”. No caso do governador Sergio Cabral, a notícia realmente é inacreditável e mostra até que ponto chegou a decadência política deste país.
A informação foi publicada com exclusividade por O Globo, sábado, na coluna do jornalista Ilimar Franco. Sob o sugestivo título de “Variável Delta”, revela que o governador Sergio Cabral teve a ousadia e a desfaçatez de tentar impedir a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar as ligações de Carlinhos com a classe política e também com empresários ligados à administração pública.
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VARIÁVEL DELTA
Ilimar Franco
O governador Sergio Cabral, na visita que fez a Brasília para o jantar de aniversário do PMDB, conversou com dirigentes nacionais do partido sobre a CPI do Carlinhos Cachoeira. Cabral queria saber da possibilidade de abortar a comissão e ouviu como resposta que a esta altura isso era inviável. Como a construtora Delta tem muitos contratos com o governo estadual, tendo recebido desde 2007 pagamentos de cerca de R$ 1,47 bilhão, seu temos é que a investigação transborde para o Rio.
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ENVOLVIMENTO DA DELTA
Já está mais do que comprovado o envolvimento de Cavendih com Cachoeira. O bicheiro usou duas empresas de fachada — a Brava Construções e a Alberto & Pantoja — para movimentar R$ 39 milhões, entre 2010 e 2011. Os saques eram feitos pelo tesoureiro da quadrilha de Cachoeira, Giovane Pereira da Silva, e sempre um pouco abaixo de R$ 100 mil, que é o valor que obrigaria a comunicação ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Segundo os relatórios da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em 29 de fevereiro, o repasse do dinheiro foi feito pela Delta Construções.
“A empresa Delta Construções S/A transferiu dezenas de milhares de reais para empresas ‘de fachada’ (com sócios montados — inexistentes) controladas por Carlinhos Cachoeira e Giovane Pereira da Silva nos anos de 2010 e 2011, conforme demonstram os extratos bancários vinculados à Brava Construções e Alberto & Pantoja Construções”, diz trecho do relatório da PF publicado por O Globo.
O inquérito mostra que parte dos saques foi em período eleitoral: “113 saques em espécie entre 13/08/2010 e 18/04/2011”. Segundo os documentos, os supostos sócios da Brava e da Alberto & Pantoja são apenas “bonecos, montados para os fins da organização criminosa” e alguns desses sócios tiveram nomes modificados para criação de CPFs falsos.
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CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA
E Cabral ainda tenta defender o amigo Cavendish… A espantosa notícia de Ilimar Franco demonstra que o governador realmente não leu o Código de Conduta Ética, que mandou redigir para passar a saber o que é certo ou errado para um homem público fazer, depois que surgiu o escândalo de suas ligações mais do que próximas com o empresário Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, que é a favorita do governo estadual e também do governo federal.
Na verdade, Cabral não está defendendo apenas Cavendish, está defendendo também seu governo, um dos mais corruptos da história do Rio de Janeiro, e seu fiel escudeiro Pezão, o vice-governador que acumulou a Secretária de Obras em seu primeiro mandato, para tudo ficar odara, como diz Caetano Veloso. Eis a questão.
Carlos Newton Tribuna
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