quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Escola em busca da Ética


É preciso compreender as conseqüências da subjetividade formada na competição entre trabalhadores propagada pelo processo de reestruturação da acumulação do capital. A formação dessa massa acrítica que é produzida a partir do final dos anos 1970 do século passado. Daí, inicia-se a crise de reprodução do capital que arrasta-se até os nossos dias, com novas formas de sociabilidade. 

É nesse contexto que emerge o trabalhador polivalente. Muda-se o nome de trabalhador para colaborador. Assim responsabiliza-se, na retórica do paradigma administrativo, que essa massa acrítica seja dócil e flexível para reestruturar a concentração e a acumulação de capital. Culpa-se os mais pobres pelos seus infelizes destinos. O Estado passa a fazer apenas ações pontuais, no sentido das políticas públicas. Prega-se o fim da história. Enganam-se os tolos.

A meritocracia é a impulsionadora dessa ideologia do querer querendo. Companheiros ficam em desavenças com os outros trabalhadores no local de trabalho para mostrar o seu serviço. Prega-se a competição entre o conjunto dos trabalhadores. Nessa conjuntura são poucos que participam das lutas por melhores condições de trabalho que levam em consideração a coletividade. Enganam-se esses companheiros e companheiras quando pensam que estão agindo por seus próprios impulsos. Não sabem eles que a formação massificada dessa subjetividade intelectual amorfa às lutas sociais classistas é forjada pelos aparelhos privados de hegemonia da alta burguesia. A meritocracia teve muita sociabilidade no Governo Reagan, no início da década de 90 nos EUA. Com essa política os liberais enterraram a educação pública e outros setores do serviço público  daquele país. Assim, retira-se direitos históricos e as mobilizações e assembleias são esvaziadas. A prática da “farinha pouca meu pirão primeiro” ronda o fenômeno da espiritualidade formada nesse contexto.

A nossa disposição em trabalhar não pode ser pautada num arroubo. É muito comum nesses tempos de massificação da propaganda neoliberal a prática do trabalho voluntariado.  Iniciativas  individuais que aos olhos do senso comum podem ser louváveis, mas devemos sempre entender o perigo e os limites dessas atitudes. Deve-se mencionar o conjunto dos trabalhadores da escola. Inclusive aqueles que sofrem com o trabalho precarizado como os companheiros e companheiras da limpeza e da cozinha. 

Eles, como nós, são partes imprescindíveis dessa organização que chamamos de escola. Os aparatos midiáticos que tiverem ao nosso dispor devem trazer todos esses rostos e contar a história de nossas lutas. Quando tivermos um brilhantismo para ser espetáculo devemos sempre dar visibilidade a toda essa coletividade. Esse processo chama-se práxis revolucionária. É o caminho da desconstrução da alienação pregada pela meritocracia. 


Bibliografia:
BIANCHI, A. O laboratório de Gramsci: filosofia, história e política. São Paulo: alameda, 2008.

ALVES, G. Trabalho e subjetividade: o espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório. São Paulo: Boitempo, 2011. 


SEPE Volta Redonda

Um comentário:

Solange Muniz disse...

É inacreditável como a classe dos professores se encontra tão retaliada. Em vez de se unirem e lutar juntos por salários mais justos, acabam se desunindo e infelizmente uma boa parcela fica do lado do Estado, enquanto uma minoria coloca a cara pra bater, indo às ruas e lutando pelos ideais de toda a classe trabalhadora.