Na noite de quinta-feira, 9 de fevereiro, enquanto cerca de cinco mil grevistas, entre policiais militares, civis e bombeiros se reuniam na Cinelândia para decretar a paralisação conjunta, um outro manifesto acontecia a alguns quilômetros dali, mais precisamente na sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da polícia carioca, em Laranjeiras. A ordem do chefe do Estado Maior, Alberto Pinheiro Neto, era para que o comandante da unidade, Wilman René Alonso, enviasse a equipe de plantão para o local da manifestação. A ordem, encarada pela equipe Bravo como uma afronta, foi desobedecida. O castigo veio a cavalo. Por ordem de Pinheiro Neto, desde a última terça-feira, o grupo considerado rebelde começou a ser expurgado do batalhão. Um a um, eles estão sendo punidos com transferências para batalhões comuns, a maioria deles na Baixada Fluminense, São Gonçalo e Itaboraí. Até esta quinta-feira 11 já tinham sido realocados compulsoriamente.
O Boletim Interno número 31, de 14 de fevereiro, traz na página 55 a lista dos transferidos – entre outras transferências rotineiras da PM. A diferença é que, por ser uma unidade de elite, com treinamento especial, raramente há mudanças em massa no batalhão.
A lista de punidos é encabeçada pelo subtenente Jayme Rosa Filho, oficial de operações, e pelo sargento mais antigo, Milton Ramos Azevedo, conhecido no Bope como Bambam. Este, por sinal, tornou-se uma espécie de lenda entre os ‘caveiras’. Participou de praticamente todas as grandes ações protagonizadas pelos homens de preto, inclusive das cinematográficas ocupações da Vila Cruzeiro, em 2010, quando as câmeras flagraram centenas de bandidos correndo do Bope, e da Rocinha, ano passado.
“Queríamos apenas saber qual o motivo dessa ordem, pois sabíamos que estaríamos afrontando uma multidão, somente pelo fato de estarmos ali por perto. Era óbvio que isso iria acirrar os ânimos e poderia gerar uma confusão sem precedentes. Então surgiu o questionamento ao comandante”, explica um dos policiais.
O fato é que a equipe Bravo acabou se recusando a sair do batalhão sem saber exatamente do que se tratava a missão. A decisão de não combater os grevistas já havia sido avisada ao comandante numa reunião na semana anterior, três dias antes do início da greve. E o próprio subcomandante do Bope, major André Batista (oficial que inspirou o personagem Mathias, interpretado pelo André Ramiro, no filme ‘Tropa de Elite’) prometera diante da tropa, formada no pátio da unidade, que entregaria o cargo se o comandante-geral, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, mandasse o Bope para qualquer ocorrência que não fossem aquelas para os quais assalto com reféns, fechamento de vias, arrastões ou ataque de facções do tráfico.
“Não era uma adesão à greve nem um ato de insubordinação. Mas não iríamos para uma praça no centro da cidade enfrentar nossos colegas que reivindicavam melhores condições de salário. A equipe Bravo demorou a formar (reunir-se para partir em missão), mas depois acabou indo para o Quartel General da PM, ficou cinco minutos lá dentro e voltou”, explica outro oficial do Bope.
Com as transferências, o clima na unidade mais bem preparada do Rio de Janeiro azedou. Até o segurança pessoal do comandante Wilman René, cabo Marcelo Luiz Lino Moreira, foi mandado para outra unidade. Mesmo sem estar de serviço, naquela noite ele vestiu a farda preta e se juntou aos colegas que buscavam uma explicação do comando. A crise pode se agravar. Os praças do batalhão se reuniram e têm tentado convencer um grupo maior a entregar o cargo e pedir a exoneração do Bope caso as punições sejam levadas adiante.
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Um comentário:
Sera que o castigo veio a cavalo, graça a Deus meu marido saiu do Bope foi tempo que o bope era batalhao de policias especiais, agora o bope e simplesmente policia que gosta de aparecer para as cameras!!! O que acontece e que a inveja incomoda, a honestidade incomoda, colocar a cara p/ arriscar a propria vida incomoda!!!Azevedo chamado como dizem de bamban e um homem serio, casado a 26 anos tem 2 filhos!!! e jamais seria rebelde como dizem, nao tinhao outro alibe e resolveram colocar os fatos como desculpas, ja era tempo que ele me dizia que queria sair do Bope e se preocupava com os colegas de farda, e o castigo foi maravilhosso eles nao fazem ideia a unica indignaçao e o fato de vc trabalhar corretamente e chegar uma hora vc ser tratado como nada, como bandido!!!Onde no dia que estava de serviço dia 09/02, nem era o dia da greve, nosso Deus e fiel e quem sabe nao esta dando um livramento ao meu marido, pois falta pouco para ele se aposentar e caveira honesto ele sempre sera, dentro ou fora do Bope, que as autoridades possam refletir que um dia alguem que eles podiam contar passou pelo Batalhao de Policiais Especial, meu marido e especial para sua familia que somos nos.
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