Pesquisadores aproveitam o fenômeno para testar novas técnicas para visualizar planetas distantes da Terra |
O planeta Vênus poderá ser visto em junho durante o trânsito em
frente ao Sol, um fenômeno que não ocorrerá novamente até 2117 e ajudará
na busca de exoplanetas, informou nesta quarta-feira (16) o periódico
científico britânico "Nature".
Vênus, o segundo planeta do Sistema Solar em ordem de distância do
Sol e o terceiro menor, transitará diante do Sol entre 5 e 6 de junho,
disse o astrônomo Jay Pasachoff, da Williams College (EUA), em um artigo
publicado pela revista.
"Esperamos que o trânsito de Vênus nos proporcione uma visualização
de exoplanetas", explicou o astrônomo. Apesar de Vênus ser visível a
partir da Terra em poucas ocasiões, Pasachoff confia que neste ano a
visualização seja melhor que a de 2004, já que a atividade solar é mais
intensa agora.
Os pesquisadores aproveitam estes fenômenos para testar novas
técnicas e métodos de visualização de planetas distantes da Terra. "Os
cientistas de hoje enviam sondas espaciais a outros planetas para uma
apuração mais detalhada, mas a observação desses fenômenos a partir do
nosso planeta nos proporciona uma informação única e nos dá a
oportunidade de melhorar nossos métodos de busca a exoplanetas",
explicou Pasachoff.
Vênus transitará diante do Sol entre 5 e 6 de junho |
O fenômeno será registrado pelo satélite da Nasa "ACRIMSAT", que
oferecerá uma imagem similar à obtida a partir de outros satélites e
telescópios como o Kepler, especificou o cientista. A equipe de
Pasachoff se concentrará no estudo da atmosfera de Vênus, visível graças
aos raios que atravessarão durante o percurso pela frente do Sol. Os
dados recompilados serão comparados com os obtidos na observação das
atmosferas de exoplanetas, destacou o astrônomo.
Desde o século XVII, quando foram inventados os primeiros
telescópios, Vênus se deslocou pela frente do Sol em seis ocasiões
(1639, 1761, 1769, 1874, 1882 e 2004). Em todos eles, os cientistas
realizaram centenas de estudos e medições com o objetivo de resolver um
dos maiores mistérios da astronomia da época: calcular a distância entre
a Terra e o Sol.
Pasachoff reconheceu que é cedo para saber como ajudará no estudo dos
trânsitos no Sistema Solar na observação dos exoplanetas distantes, mas
ressaltou que esses deslocamentos são raros e não devem ser
desperdiçados.
"Devemos isso aos futuros astrônomos, especialmente para aqueles que observarão o fenômeno em 2117", disse Pasachoff.
iG
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