sexta-feira, 17 de maio de 2013

Bebel, a musa de Alckimin


O braço armado do capital só protege ao capital e seus servidores, ainda mais se o momento for o momento da luta de classes. Sendo assim, é sintomático o fato de que a burocracia sindical da APEOESP tenha saído escoltada pela PM após encerrar a greve contra a vontade dos professores. 

É necessário romper com a burocracia e retomar a paralisação, mas isso é difícil. Um embate significativo se aproxima: a eleição sindical do ano que vem.

A precarização, promovida pelo governo Alckimin, à educação no Estado de SP havia chegado em um estágio insustentável, causando revolta nos professores. A situação levou a direção pelega da APEOESP, composta majoritariamente por PT e PCdoB, a declarar greve, no dia 19 de Abril. A greve tinha tudo para ser um embate acirrado entre os trabalhadores do ensino e o governo autoritário e anti-educação de Geraldo Alckimin, mas não foi. E isso graças à direção da APEOESP. 

O governo de SP, segundo a APEOESP (e não segundo o próprio governo), apresentou uma proposta para o encerramento da greve.

Na sexta, dia 10 de Maio, mais de 5 mil professores participaram de uma assembléia, na Avenida Paulista, para decidir sobre a continuidade ou não da greve. A decisão dos professores foi a da continuação da greve, mas a resposta da direção foi o seu encerramento. Ou seja, a dona Bebel, presidente da APEOESP, encerrou a greve sem ao menos uma proposta oficial do governo paulista! 

Os professores se revoltaram, e a polícia interveio dando porrada. No fim, a musa da burocracia sindical saiu, junto com seus colegas pelegos, escoltada pela PM. Faça-se notar a diferença: Enquanto o "tumultuador" PCO (bem como setores do PSOL, apesar do PCO ser o principal acusado)  e a base do sindicato (os professores) estavam apanhando do braço armado do capital, a burocracia que comanda a APEOESP saiu escoltada por esse mesmo braço armado. 

Não se faz necessário, aqui, responder às acusações infames lançadas por ela sobre o "tumulto" que as pessoas que se opunham a esse ato teriam causado na assembléia. O que cabe aqui é analisar o estrago que a direção atual tem causado na luta dos professores e os meios para superá-lo. 

Bebel e sua burocracia agiram como costumam agir os pelegos, ou seja, entregando o peixe antes da hora. Mas, dessa vez, a coisa foi mais grave: não havia nem proposta oficial para que o peixe fosse entregue, e não havia nenhum apoio da base para que a greve fosse encerrada. Pelo contrário: os professores gritavam "Greve! greve! greve!". 

PT e PCdoB em defesa da ordem capitalista

O que ocorreu na greve dos professores é um continuamento da política sindical que vem sendo aplicada pelo governo Dilma. Apesar do prestígio que, graças a sua histórica, centrais como a CUT possuem entre a classe trabalhadora, há anos elas não mais representam os interesses da classe. Ora, o próprio Sindicato do ABC formulou um projeto de flexibilização trabalhista (o ACE) para o Brasil inteiro! Vale notar: esse mesmo sindicato lutou firmemente contra a proposta da flexibilização quando esta foi encaminhada por FHC. 

Se antes os sindicatos ligados ao PT apenas pelegavam frente ao governo federal, agora parecem fazê-lo frente a qualquer governo e qualquer patrão. Isso se explica pelo fato de que a polarização entre PT e PSDB está diminuindo. Representam dois setores da burguesia e, como tal, precisam impedir o avanço da classe trabalhadora. 

É por isso que a direção da APEOESP se mostrou tão disposta a encerrar a paralisação: por que tem rabo-preso com o governo de Geraldo Alckimin e com os governos burgueses e patrões em geral. 

Para os professores, o único caminho é a luta! Derrotar a burocracia na eleição! 

A atual direção da APEOESP, portanto, é nociva à luta dos professores contra o governo anti-educação de Geraldo Alckimin. No momento atual, os professores precisavam retomar a greve para barrar os ataques a seus direitos, mas sem o apoio da direção isso pode ser muito difícil de concretizar.

Ano que vem ocorrem eleições sindicais na APEOESP. Essa é a oportunidade para as entidades que não concordam com o que foi feito - incluindo os já citados setores do PSOL e o PCO - formarem uma única chapa de oposição para derrotar a pelegada. 

O resultado de uma derrota da burocracia nas eleições seria muito benéfico para a categoria. Em primeiro lugar, por que afastaria uma direção que se apressa a encerrar a greve. Em segundo, por que ergueria uma direção que nasceu da recusa da direção atual em lutar, ou seja, uma direção que nasceria da luta e, portanto, disposta a lutar. 

Ao governo Alckimin, nossos braços cruzados!

Atropelar a direção e retomar a greve!

Articular a oposição em uma única chapa!

Derrotar a burocracia sindical na eleição!

Retomar a luta dos professores! 


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