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| Período de inscrições vai até 27 de maio. Ministério da Educação anuncia mais rigor na correção das redações |
Estudantes já podem se preparar para a prova, marcada para 26 e 27 de outubro
Com a abertura do período de inscrições, a largada para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será realizado nos dias 26 e 27 de outubro. O Ministério da Educação (MEC) anunciou algumas alterações no edital na quarta-feira, entre elas mais rigor na correção das redações. Uma das medidas previstas é que as redações com inserções indevidas serão zeradas.
Outra mudança é que serão aceitos apenas desvios gramaticais excepcionais e que não caracterizem reincidência. Antes, eram permitidos “escassos” desvios.
A correção das redações será mais rígida. A expectativa é que uma a cada três redações irá passar por um terceiro corretor. Isso ocorrerá quando houver uma discrepância de mais de 100 pontos entre os dois primeiros corretores. Em 2012, a discrepância tinha que ser de mais de 200 pontos para que fosse acionado um terceiro avaliador.
O edital também prevê maior rigor para os corretores, que terão mais horas de capacitação e serão acompanhados e avaliados. Eles poderão ser dispensados, inclusive, durante o processo de correção.
Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, as mudanças foram implantadas porque as regras anteriores não mostraram resultado satisfatório. Apesar do maior rigor na gramática, Mercadante diz que caberá à banca considerar o erro uma exceção ou não.
“A regra é clara, mas a interpretação do juiz nem sempre é um consenso. Tem um grau que compete à banca, não tem como prever o grau que será aceito ou não. O que podemos dizer é que será mais rigoroso”, diz.
O ministro explicou também que tanto para a nota máxima na redação, que é mil, quanto para erros gramaticais considerados exceção, será preciso uma justificativa dos avaliadores.
Outra novidade no Enem é que será divulgado no cartão de inscrição um telefone pelo qual candidatos com alguma condição especial (gestantes, pessoas com deficiência) serão orientados. Essa edição trará também dois modelos de prova com letra maior - uma com fonte tamanho 18 e outra 24.
Taxas
Os candidatos com renda mensal per capita de até 1,5 salário mínimo estão isentos de pagamento da taxa de inscrição. Antes, eram isentos apenas aqueles com renda per capita de até um salário mínimo. Os estudantes de escolas públicas continuam sem pagar taxa.
Sobre a possibilidade de cobrança de taxa daqueles que faltarem à prova, o ministro desmente a hipótese. Segundo ele, o gasto é calculado pelo número de inscrições. “Apelo para aqueles que se inscreverem para que realmente façam o Enem. Os custos levam em conta os inscritos e temos tido uma diferença importante”. No ano passado, foram 5,8 milhões de inscritos. Desses, 4,3 milhões fizeram a prova.
As inscrições começam nesta segunda-feira e vão até 27 de maio. Os candidatos podem pagar a taxa de inscrição até o dia 29 de maio.
Confira a opinião dos educadores
Profissionais da rede pública de ensino superior acreditam que com o processo de correção mais rigoroso, o comprometimento dos alunos com a escrita será maior. José Carlos Martins, professor adjunto de Língua Portuguesa na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), acredita que os estudantes precisam encarar de forma mais responsável a redação. “Alguns erros gramaticais não devem ser permitidos. Existem erros que são admissíveis. Mas existem troca de consoantes, como o c e o s, que soam mais como falta de atenção, do que de aprendizado”, disse.
A especialista em avaliação Lygia Freitas afirma que os casos podem ser relativos, pois o momento de prova resulta em pressão para o estudante. “Podem ocorrer erros pela falta de atenção, pela pressão, erros que não devem desqualificar o aluno, mas é preciso que isso seja analisado e a banca deve estar preparada para este fato”, explicou.
A estudante Kariny Carvalho, 17 anos, que fará o Enem pela primeira vez, apoia o rigor. “Nós, alunos, temos o período de um ano para nos prepararmos, e por isso o exame deve ser levado a sério”, disse.
Erros grosseiros não afetaram pontuação
Em março veio à tona na mídia a divulgação de redações do Enem que, mesmo com erros, receberam a nota máxima na última edição da prova. Na divulgação, mais de 30 textos de candidatos tiveram a nota máxima de mil pontos com erros de grafia como: ‘rasoável’, escrito com ‘s’ em vez de ‘z’; ‘enchergar’ escrito com ‘ch’, em vez de ‘x’; ‘trousse’ com ‘ss’ em vez de ‘x’. Além disso, erros de concordância verbal também foram constatados.
Na época, o Ministério da Educação (MEC) divulgou em nota que a coordenação pedagógica do exame, sob responsabilidade de docentes da Universidade de Brasília, esclareceu que é preciso considerar que a análise do texto é feita como um todo, e que eventuais erros de grafia não significam que o aluno não domine os padrões da língua. A nota ainda diz “Uma redação pode ser nota 1.000 mesmo apresentando alguns erros em cada competência avaliada.” A especialista Lygia Freitas não concorda com a afirmação do ministério.
“ O candidato que comete tais erros, certamente não está preparado para realizar a prova. Esse nível de despreparo também pode ser aplicado nas demais disciplinas”, contou.
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