Em evento patrocinado pelo governo do estado, com direito a shows de funk e pagode, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), anunciará nesta terça-feira em Nova Iguaçu o repasse de R$ 1 bilhão em obras de infraestrutura no município.
Pezão é pré-candidato à sucessão do governador Sérgio Cabral (PMDB) em 2014. A cidade foi administrada, entre 2004 e 2010, pelo senador Lindbergh Farias (PT), outro pré-candidato e seu possível adversário nas eleições do ano que vem.
A festa em torno de Pezão será realizada na Praça Rui Barbosa, no Centro. Contará com a presença no palanque do próprio Cabral e de deputados e vereadores da base aliada do PMDB no estado. A verba servirá para a construção de hospital, dois viadutos, passarelas e apartamentos populares. Os recursos também serão usados para reformar escolas, pavimentar ruas e fazer saneamento básico, drenagem e recuperação e ampliação de estradas, como a Via Light e a Avenida Abílio Augusto Távora.
Segundo a prefeitura, a previsão é que as obras comecem este ano. O governo do estado, porém, não deu prazo para que todos os projetos do pacote a ser anunciado por Pezão fiquem prontos.
O encontro faz parte de mais uma ofensiva de Cabral e do PMDB para tentar neutralizar o potencial de votos de Lindbergh na Baixada Fluminense e reforçar a imagem de Pezão na região. O prefeito da cidade, Nelson Bornier (PMDB), era ex-desafeto de Cabral. Os dois se reaproximaram em 2012, de olho em 2014. Uma das estratégias é vasculhar possíveis irregularidades cometidas por Lindbergh quando ele era prefeito. Bornier perdeu as eleições municipais para o petista em 2008.
Obras do PAC ainda no papel
A Secretaria estadual de Obras não informou quanto Cabral gastará com a festa. Bornier, por sua vez, calcula que as despesas pagas com verba pública fiquem entre R$ 30 mil e R$ 40 mil. O prefeito, porém, nega cunho eleitoral para beneficiar Pezão.
— Foi um compromisso que Cabral assumiu na campanha dele. Não tem nada a ver com política — afirmou Bornier.
Até hoje, há obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal e anunciadas na gestão de Lindbergh, que não saíram do papel. A licitação para a construção de cinco estações de tratamento de esgoto, no valor de R$ 20 milhões, por exemplo, terá de ser refeita em agosto. De acordo com a prefeitura, em 2006, Lindbergh fez o processo para escolher a empresa responsável pelo projeto, mas as obras não foram adiante.
Em 2009, o ex-presidente Lula foi a Nova Iguaçu para lançar obras do PAC. Com Lula no palanque, estavam Cabral e o então prefeito Lindbergh.
— A turma do Cabral não fez nada até hoje na Baixada e agora está correndo atrás. Só olharam para a Zona Sul — alfinetou um dirigente petista.
Pezão não retornou as ligações. Já Lindbergh não quis comentar o evento de hoje. O petista foi orientado por Lula a não atacar Pezão. Sobre o PAC, a assessoria do senador informou que, quando ele deixou a prefeitura, não havia projetos parados.
O Globo
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