“Se o aluno não aprendeu, o professor falhou”. Com esta frase absurda, Cláudia Costin assumiu a Secretaria de Educação do município do Rio de Janeiro no governo Eduardo Paes. Sim, é ela mesma, a velha burocrata do governo Collor, sempre em busca de boquinhas onde quer que apareçam.
Para que os leitores que não são professores entendam um pouco mais a frase simplória da Secretária, vou citar alguns exemplos.
Vamos imaginar, primeiramente, uma turma de sétima série de um colégio público. Ali, três jovens rapazes sentam-se ao fundo da sala em todas as aulas. Não se interessam por aquilo que os professores falam, não querem copiar o que eles escrevem no quadro e não fazem os exercícios passados. Ouvem seu funk no MP3, que insistem em colocar no ouvido. Fazem gracinhas o tempo todo para as meninas da sala, muitas delas grosserias da pior espécie. Dizem que são do CV, sigla que desenham de forma estilizada no caderno. Sorriem das notas baixas que tiram. Nada parece fazer com que mudem seu comportamento. Quando um dos professores fala da importância de estudarem para crescerem na vida, debocham, lembrando que jogadores de futebol, cantores de pagode e traficantes são bem sucedidos sem terem estudado.
Na sala ao lado, três meninas da oitava série também sentam lá atrás o tempo todo. Vestidas com saias super curtas, só falam dos gatinhos que as paqueraram no baile de sábado e dos anéis e pulseiras que pretendem comprar, à mostra em um catálogo de bijuterias que lêem com freqüência. Nada do que se passa na frente da sala as interessam, muito menos o conteúdo sas aulas. Os professores são uns chatos e elas estão ali por imposição de suas famílias que, por sinal, são totalmente desestruturadas, com pais alcoólatras e mães que trabalham muito para sustentar a casa. Não associam o aprendizado com novas perspectivas de vida. Pensam que, se forem saradas e gostosinhas, poderão arrumar um cara que as banquem, ou mesmo, quem sabe, seguirem a carreira de modelo. Quem sabe alguém não as descobre ?
Vocês, caros leitores, acham justo que a culpa do fracasso escolar desses seis jovens seja jogada em cima do professor ? Vocês acham justo que esses seis jovens passem de ano sem terem dominado os conteúdos ministrados ?
Pois é isso que defende a maioria esmagadora dos pedagogos, inclusive Cláudia Costin e outros secretários de eduação, mais preocupados em maquiar números de aprovação para manterem suas boquinhas, quase sempre conseguidas sem mérito mas apenas por ligações políticas.
Bom, amigos, esses são exemplos do que acontece com milhares de jovens nas escolas do país. Desinteressados por leitura, ciência ou qualquer forma de aprendizado formal, estão na escola por tudo o que você pode imaginar, menos pela vontade natural de aprender. E vontade de aprender é fundamental para que o professor alcance o objetivo de ensinar, pois o processo ensino-aprendizagem é uma via de mão dupla. Essa vontade deve partir do aluno e não do professor. Exigir que o professor desperte isso em um aluno dos tipos citados é uma covardia com os docentes, uma maneira fácil de tentar explicar uma situação complexa, já que os motivos do desinteresse dos alunos são de diversas ordens: cultural, social, religiosa, psíquica e familiar.
Bom, amigos, esses são exemplos do que acontece com milhares de jovens nas escolas do país. Desinteressados por leitura, ciência ou qualquer forma de aprendizado formal, estão na escola por tudo o que você pode imaginar, menos pela vontade natural de aprender. E vontade de aprender é fundamental para que o professor alcance o objetivo de ensinar, pois o processo ensino-aprendizagem é uma via de mão dupla. Essa vontade deve partir do aluno e não do professor. Exigir que o professor desperte isso em um aluno dos tipos citados é uma covardia com os docentes, uma maneira fácil de tentar explicar uma situação complexa, já que os motivos do desinteresse dos alunos são de diversas ordens: cultural, social, religiosa, psíquica e familiar.
Entendo a mediocridade da maioria das teorias pedagógicas, já que a pedagogia não é uma ciência, mas um saber prescritivo, um conjunto de axiomas do senso comum. É um saber que muitas vezes se apropria mecanicamente das teorias de outros campos do saber, como a sociologia, a filosofia, a biologia e a psicologia, e tenta aplicá-las em crianças e adolescentes.
Por isso mesmo, já ouvi grandes barbaridades de pedagogos. Já ouvi que o professor, para ensinar bem, não deve mascar chicletes, sentar-se na mesa da sala, usar tatuagens, falar gírias, falar de religião, etc. Obviamente, nenhuma dessas afirmações possui qualquer base científica, mas estão apenas nas cabeças preconceituosas e primitivas de muitos pedagogos.
Você pode ser um excelente professor e ensinar muito bem aos alunos fazendo todas essas coisas. Mas não conseguirá fazer um aluno aprender se ele se recusar a isso. E se ele se recusa a aprender todas as matérias, as causas devem ser buscadas em seu contexto de vida, e não atribuídas a uma suposta incompetência do professor. Na verdade, esta é apenas a maneira mais medíocre com que a pedagogia tenta explicar o fracasso escolar. É a Pedagogia do Engano que tomou conta do país.
Excelente texto do blog do professor Chicão
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