sábado, 11 de junho de 2011

Sem greve nós conseguimos o quê?

É comum algumas pessoas, por inexperiência ou pelo sentimento de cansaço, cometerem o engano de dizer:“Nunca consegui nada com greve”. Mas a verdade não é essa: não há nada em nosso contracheque que não tenha sido resultado da conquista de alguma greve.
ANOS 70 A 80
A própria existência de Plano de Carreira e níveis foi resultado de muitas lutas, com as greves que ocorreram desde 1979, em plena Ditadura Militar, quando não tínhamos ainda o direito legal de sermos sindicalizados.
ANOS 80 A 90
Na década de 80, lutamos pelas melhorias no plano e fomos arrancando os nove níveis e enquadramento também por formação. Mas, a política dos abonos, com a “regência” iniciada por Brizola, feria a lógica do Plano de Carreira e dividia a categoria, e o Marcelo Alencar tentou continuá-la. Em 1996, ele congelou nosso plano de carreira. Mesmo com ordem judicial, os enquadramentos não eram feitos.  Em 1998, quando o governo tentava dividir a categoria com um abono só para o magistério, ocupamos o plenário da Alerj, impedindo a continuidade da sessão, arrancando também o abono dos funcionários. Depois, no judiciário veio a extensão aos aposentados.
ANOS 2000
O piso salarial chegara a 151,00. O resto era “penduricalho”. Fizemos greve em outubro de 2001, já sabendo que a lógica era incorporar para elevar o piso e, em 2002, lançar uma campanha no início do ano. Seria um greve da reconquista: para reaver o plano de carreira não cumprido. Incorporamos a gratificação, elevamos o piso e, em 2002, começamos a greve com o governador Garotinho, que foi substituído pela Benedita em seguida. Arrancamos o descongelamento do plano, mesmo em parcelas -- mas não teríamos nada, se não tivéssemos agido, já que nem ordem do STF o governo cumpria.  Porém, o Nova Escola de Garotinho/Rosinha quebrava a isonomia salarial de novo. Tínhamos que continuar lutando, e lutamos. Em 2009, Sérgio Cabral e seus secretários tentaram destruir definitivamente o plano do magistério. Fomos de novo às ruas e impedimos a diminuição do número de níveis e do percentual de 12% para 7,5% bem como reconhecimento de animadores culturais e inclusão dos professores de 40 h., além do adicional de qualificação, incluindo aposentados. Agora, Cabral vem com o plano de metas, que é um Nova Escola piorado. Também será com a greve que poderemos arrancar algum reajuste e respeito ao plano do magistério e dos funcionários.
Isso, sem falar que, a cada paralisação, greve de advertência ou simples estado de greve, os governos sempre anunciam alguma coisa: como ocorreu com a gratificação dos profs. de 40 h em 2000.
CONCLUSÃO
O fato é que, pouco que seja, o que há nos nossos contracheques é conquista não só do suor do nosso trabalho como do sangue que demos nas nossas lutas; assim como a escola pública só existe ainda, porque NÓS damos a vida  por ela.
Mesmo ações no judiciário só cabem quando temos algo que reclamar. E o direito a ser reclamado nós só conseguimos por meio das nossas legítimas greves.
Assim colega, quando alguém lhe disser: “Nunca consegui nada com greve”, pergunte: “E sem greve, você conseguiu o quê?” Com certeza,  a resposta é: “nada”.
Com a memória de nossas lutas e vitórias em mente, dialogue com os colegas, alunos e pais, ajudando a esclarecer essas questões e a fortalecer nosso movimento! Com “a certeza na frente e a história na mão.”
Um abraço e até a vitória!

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Carlos Douglas Martins Pinheiro Filho
Editor Revista Ensaios
http://www.uff.br/revistaensaios

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