domingo, 26 de agosto de 2012

Cães idosos e o que fazer quando falecem

O cão idoso ou muito doente
 
Um cão pode viver até 20 anos (há casos de cães que chegaram aos 29!), bem menos que a média de 70-80 das pessoas, de modo que estas precisam estar preparadas para quando tiverem de se separar dos peludos. Isto pode acontecer devido à idade avançada do cão ou se, Deus nos livre, ele for atropelado ou contrair toxoplasmose, câncer ou outra doença grave. 

A canção "Old Shep" começa falando do começo da amizade de 'Shep' e Jim, seu dono humano, quando aquele é filhotinho e este um garoto; ambos vivem passeando pelos campos e colinas, e 'Shep' chega a salvar Jim de morrer afogado. (Para quem sabe algo do idioma inglês, a letra pode ser lida aqui http://www.answers.com/topic/old-shep-performed-by-various-artists ). Tudo vai bem, até que um dia... "Os anos passaram rápido/o velho 'Shep' envelheceu/seus olhos foram se esmaecendo rapidamente."

Sempre comparo caninos a humanos, e agora é a vez dos cães velhinhos que ficam debilitados e mais sensíveis, perdendo independência e exigindo muita atenção e cuidados. O primeiro sintoma de idade avançada é a diminuição de atividade e entusiasmo para atividades físicas e do interesse pelo que acontece à sua volta. Uma das primeiras providências é evitar que o peludo se deixe abater e fique prostrado, dando-lhe uma terceira idade produtiva, com atividades de acordo com sua condição física, como pequenas caminhadas ou brincadeiras com bolinhas e objetos. Outros sintomas são surdez, aumento de peso, catarata e outros problemas de visão, incontinência urinária e senilidade — o primeiro sintoma desta última costuma ser quando o cão tenta atacar algo que ninguém mais vê).

Ah, sim: é verdade que cães castrados vivem mais, mas a noção de que "um ano canino equivale a sete anos humanos" é mais um mito para a coleção. Vejamos dois detalhes. Um cão com 20 anos equivaleria a uma pessoa com 140; nenhum ser humano vive tanto. E o envelhecimento (ou melhor, amadurecimento) canino não é linear como o humano; com um ano de idade cães (assim como gatos) já são maduros o suficiente para procriarem. E raças de grande porte, como os Buldogues e Mastifes, costumam viver menos que as pequenas, como Dachsunds e Pequineses.

Enfim, é preciso estarmos sempre atentos, pois, mudando um pouco de autor e citando Vinicius de Moraes, cão é como gente, que "mal nasce, começa a morrer".

Eutanásia: sim ou não?
Voltando à letra de "Old Shep": "Um dia o médico olhou para mim e disse/'nada mais posso fazer por ele, Jim'". Muitos de nós passam por isso quando o cão está realmente muito idoso e quase não responde a estímulos, ou sofreu um acidente muito grave, ou ainda chegou à fase terminal de uma doença. Obviamente, o dono pode procurar outro veterinário, pedir segunda e terceira opiniões. 

Quando o cão realmente está nas últimas, não se alimentando nem respondendo a estímulos, com sinais vitais cada vez menores e vida mais longa significar vida sem qualidade com dores, imobilidade e sofrimento, o mais usual é o veterinário sugerir a eutanásia. Ou seja, tirar a vida do cão de maneira serena e indolor. Isso é bom ou ruim? Quem decide é o dono. E a decisão tem de ser muito bem pensada. Valerá a pena termos conosco o cão de que tanto gostamos, mesmo que para continuar vivo ele precise sofrer, imóvel e cheio de dores? E haverá tempo ou possibilidade financeira para tratamentos mais caros e demorados? Volto a dizer: quem decide é o dono.

Uma certeza é de que a prática da eutanásia tornou-se muito mais tranquila e discreta do que conforme a letra de "Old Shep", que, lembramos, já era antiga quando Elvis a cantou em 1945 (composta antes de ele ter nascido, em 1933): "Com as mãos trêmulas/peguei minha espingarda/e apontei-a para a fiel cabeça de 'Shep'/eu não podia fazer isso/tive vontade de fugir/e quisera eu ter levado o tiro no lugar dele/ele veio para meu lado/olhou para mim/e descansou sua velha cabeça em meu joelho/eu havia atirado no melhor amigo que uma pessoa jamais teve/chorei tanto que mal pude ver." Pois bem: de 1933 para cá tanto o canino quanto o dono se livraram de tanto sofrimento. 

O método mais usado para eutanásia é, simplesmente, colocar o cão para dormir. Ele é anestesiado e, ao adormecer de vez, recebe uma injeção de um composto químico (normalmente um barbitúrico) que paralisa coração e pulmões, tudo em no máximo cinco minutos. Há quem prefira aplicar apenas uma dose muito forte, mas o método de duas etapas (anestesia e injeção letal), embora mais demorado, permite ao cão e ao dono se despedirem. (Ah, sim, nada de muita cerimônia: o ambiente deve ser tranquilo, sem a presença de muita gente — apenas o médico ou assistente, o cão e o dono se este quiser estar presente — ou de outros animais. E, obviamente, a eutanásia é recomendável somente para abreviar o sofrimento de cães agonizantes e eliminar cães infectados pela raiva, perigosos ou totalmente fora de controle, e não como método para diminuir a população canina.)

Última morada
Para o derradeiro repouso do canino existem várias opções, desde sepultamento no próprio quintal do dono (obviamente bem acondicionado para evitar contaminação do solo) e recolhimento gratuito do corpo pelas Prefeituras para cremação a funerais requintados como o Pet Memorial em São Paulo, primeiro crematório para cães (e outros animais de estimação) da América Latina, e cemitérios como Jardim do Amigo (em Itapevi, a 40km de São Paulo), Pet's Garden (Rio de Janeiro), Campo da Saudade (em Salvador), Jardim do Bom Amigo (em Colombo, perto de Curitiba), Cemitério Parque Bosque São Francisco de Assis (Belo Horizonte) e o cemitério do canil Dream's Bloom, dedicado a Beagles (em Tatuí, interior de São Paulo). O custo do funeral ou cremação varia de R$ 200 a R$ 2000, conforme o local, o porte do animal e o luxo exigido. E se o cão falecer no consultório do veterinário, este pode ficar com o corpo para encaminhamento à cremação pelo Centro de Controle de Zoonoses, mediante pequenas taxas (cerca de R$ 20).

Yahoo

Nenhum comentário: