Por trás dos bons resultados do tradicional Colégio São Bento, uma equipe de professores trabalha duro atrás da nota dez. Apoiados pela filosofia de ensino e pela infraestrutura de uma instituição com 153 anos, o corpo docente que leciona 16 disciplinas confirmou sua excelência ao levar os estudantes a conquistarem o melhor resultado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado em 2010. O topo do pódio também foi alcançado em 2005, 2007 e 2008. O estímulo ao estudo continuado, o intercâmbio constante de informações entre os professores e os bons salários são peças-chave para a obtenção dos melhores resultados obtidos pelo São Bento.
De acordo com a supervisora pedagógica Maria Eliza Penna Firme Pedrosa, a experiência em outros colégios com credibilidade contam pontos no momento de seleção de novos professores para a instituição beneditina. Mais da metade do corpo docente concluiu uma pós-graduação, embora os cursos lato ou stricto sensu não sejam uma exigência, como explica Maria Eliza:
- O importante é dar continuidade ao hábito de estudar, mesmo que por conta própria. O professor do São Bento não pode se considerar pronto em nenhum momento.
Professor do estado ganha 1/4 do salário do São Bento
A dedicação exclusiva tampouco é um requisito, apesar de o colégio pagar salários acima da média das escolas. Segundo Maria Eliza, professores da 3ª série do ensino médio recebem em torno de R$ 60 por hora trabalhada. Num contraponto, concurso aberto neste momento para professores da rede estadual oferece remuneração de R$ 1.646,07, para 30 horas trabalhadas, o que representa cerca de R$ 13 por hora.
Retrato do quadro docente da instituição, Ana Paula de Barros Jorge dá aulas há 24 anos no Colégio São Bento e há 26 no Pedro II. Ela se formou, em 1987, no curso de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com especialização em português-literaturas. Ana Paula fez mestrado em linguística e tem planos para um doutorado, embora hoje todos os dias da semana estejam preenchidos pelas aulas e pela coordenação de disciplinas nos dois colégios onde leciona.
Cerca de duas horas diárias são reservadas para o que Ana Paula chama de "dever de casa". O tempo é necessário para a correção de provas, elaboração de aulas e busca de novas leituras para as aulas de português, literatura e redação. Tão importante quanto esse trabalho individual, no entanto, é a troca realizada entre os professores periodicamente:
- No São Bento, nenhum docente prepara provas sozinho, por exemplo. As turmas de cada série são divididas entre pelo menos dois professores que estão sempre em contato. Há ainda uma reunião por mês para que um grupo maior possa trocar experiências.
A mesma direção rigorosa quanto à disciplina dos alunos - por lá, cabelos compridos são proibidos e uniformes devem estar impecáveis - exige dedicação e compromisso da parte dos professores.
Ana Paula ressalta como os recursos oferecidos pelo Colégio São Bento acabam por ajudar os professores em seu trabalho diário. Sempre que necessário, a professora pede novos títulos de livros à biblioteca da escola, todos os andares têm pelo menos três inspetores, ar-condicionado é equipamento certo nas salas e há jornais disponíveis diariamente.
- Estamos pleiteando um kit multimídia por sala. Hoje, temos que reservá-los, já que há um número limitado - disse a professora.
Com passagem pela rede municipal de ensino, ela conta que teve que desistir das turmas por um conjunto de dificuldades, que incluía baixo salário e distância do local de trabalho. A professora acabou priorizando a conclusão do mestrado.
Já em relação ao Colégio Pedro II, que ficou em 42º lugar no ranking do Enem, Ana Paula destaca a diferença entre os desafios vividos se comparado ao São Bento.
- A realidade é completamente diferente. Tenho alunos que trazem bagagens diferentes. Na seleção, o Pedro II prioriza a entrada de estudantes da rede pública. O São Bento, por sua vez, só aceita alunos até a 1ª série do ensino médio, nivelando os conhecimentos.
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