Sem alarde, o governo federal engavetou o projeto que previa a instalação 2.883 UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) pelo Brasil. Segundo o Ministério da Justiça, técnicos avaliaram a principal promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff como “superdimensionada”.
A informação é da reportagem de Thiago Guimarães e Estelita Hass Carazzai, publicada na Folha. Os técnicos apontaram inclusive que não haveria sequer efetivo policial suficiente em algumas cidades para instalar as UPPs. Com isso, os recursos inicialmente previstos para construção das unidades pacificadoras, que chegam a cerca de R$ 1,6 bilhão, irão para outras ações, como combate ao uso do crack.
Implantado em 2008 no Rio de Janeiro, com recursos estaduais, o modelo das UPPs é um sistema de policiamento comunitário supostamente adaptado para áreas de risco. O eixo é a construção de bases de segurança que funcionam 24 horas por dia.
Como se sabe aqui no Rio e já foi amplamente divulgado no Blog da Tribuna, a iniciativa foi usada como principal peça de marketing da campanha do governador Sergio Cabral pela reeleição, e deu certo.
A conclusão a que chegou o Ministério da Justiça é idêntica à opinião de muitos especialistas em segurança no Rio de Janeiro e a PM estadual não tem a menor condição de instalar outras UPPs nas comunidades carentes.
Somente no município do Rio de Janeiro há 763 favelas. Até agora foram instaladas apenas 18 UPPs, e quase todas atendem a mais de uma favela, perfazendo 40 comunidades hipoteticamente “pacificadas”.
O principal resultado da política marqueteira de Cabral foi o aumento da criminalidade em outros municípios do grande Rio, como Niteróí, São Gonçalo e Baixada Fluminense, para onde se mudaram os “soldados do tráfico”.
O mais importante é que o tráfico de drogas deixou de ser combatido pela PM, conforme Helio Fernandes já denunciou diversas vezes, ao revelar que houve um acordo de Sergio Cabral com os traficantes, através do AfroReggae, para que parassem com a violências nas favelas.
Em contrapartida, a PM deixaria de combater o tráfico, como desde então está acontecendo. Ficou mais barato para os traficantes, que não tem de pagar os “soldados”, gastar dinheiro em armas e munição. E agora a maioria do movimento das drogas é feito em sistema “delivery”, através de motoboys. Sergio Cabral gosta da modernidade.
Carlos Newton Tribuna da Imprensa
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