58% dos formandos na rede estadual de SP têm conhecimento insuficiente.Apenas 4,5% deles tiveram desempenho 'adequado' ou 'avançado'.
Dados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) de 2011 divulgados nesta quarta-feira (7) pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo apontam uma reversão na queda registrada em 2010 para o 5° e o 9° anos do ensino fundamental e o 3° ano do ensino médio. O pior desempenho dos mais de 900 mil alunos dos três anos que fizeram a prova em novembro de 2011 foi na prova de matemática do 3° ano do ensino médio: 58,4% dos 322.078 formandos que fizeram a prova demonstraram ter conhecimento abaixo do básico do currículo pedagógico de matemática ao concluir o ensino médio.
O índice foi 0,7 ponto superior em relação a 2010. Por outro lado, aumentou a porcentagem de estudantes com nível considerado adequado: foram 4,2% contra 3,6% na avaliação anterior. Os números do ensino médio na rede estadual paulista foram considerados "longe do ideal" pelo secretário-adjunto da Educação, João Cardoso Palma Filho.
Para efeitos de comparação, o Saresp distribui os alunos em quatro níveis do conhecimento: abaixo do básico (conhecimento insuficiente), básico (possui conhecimento mínimo do conteúdo, mas possui estrutura para avançar), adequado (tem domínio pleno do conteúdo) e avançado (sabe mais do que o esperado).
Segundo Palma Filho, o fraco desempenho do ensino médio é fruto do desinteresse dos estudantes, e revertê-lo exige uma reforma na Lei de Diretrizes e Bases (LDB). "Não é um problema de São Paulo, é um problema do país, aliás de muitos países. Você não tem possibilidade de diversificar o itinerário do estudante no ensino médio", afirmou.
Para contornar a situação, o secretário-adjunto afirmou que o governo tem se esforçado em ações para melhorar a formação do professor, oferecer cursos de educação profissional no contraturno e cursos de inglês.
Além disso, Palma Filho afirmou que o governo espera o aumento gradual de estudantes com conhecimento adequado em matemática no decorrer dos anos, porque a tendência é que o bom desempenho atingido no 5° ano do fundamental tende a melhorar os resultados das séries seguintes.
Língua portuguesa
Na prova de língua portuguesa, o número de estudantes do 3° ano do ensino médio com conhecimento abaixo do básico cai pela metade em comparação com matemática: são 37,5% do total de alunos que fizeram a prova, contra 37,9% em 2010. Em 2009, porém, esse contingente representava 29,5% do total.
Porém, os alunos com domínio pleno ou avançado do conteúdo representam cerca de um quarto do total (23,4% estão no nível adequado e 0,7% no avançado, ambos 0,1 ponto percentual acima dos dados de 2010).
Fora da média
Apesar de a maioria das médias do Saresp 2011 ter sido mais alta que as da edição anterior da prova, os alunos da rede estadual paulista não retornaram ao patamar registrado em 2009.
"Não classifico que houve piora", afirmou o secretário-adjunto. "Na minha avaliação, houve estabilização dos resultados."
Ensino fundamental
O resultado do Saresp no 5° ano do fundamental evoluiu nas três últimas edições tanto em matemática quanto em português. Na matéria de exatas, a média foi de 201,4 em 2009, 204,6 em 2010, e 209 em 2011. Já em língua portuguesa, ela ficou estável em 190,4 em 2009 e 2010 e subiu para 195 em 2011.
No 9° ano do fundamental, as médias de matemática foram 251,5, 243,3 e 245,2 em 2009, 2010 e 2011, respectivamente. As notas de português foram 236,3, 229,2 e 229,6 nas últimas três edições da avaliação.
No 3° do ensino médio, enquanto a nota média de matemática tem se mantido estável (268,4 em 2009, 269,2 em 2010 e 269,7 em 2011), a média de língua portuguesa caiu 8,9 pontos em três anos: em 2009, foi 274,6 e, no ano seguinte, chegou a 265,7 na edição seguinte e ficou estável no ano passado.
Participação e próximos passos
Maria Lúcia Guardia, coordenadora de Informação, Monitoramento e Avaliação Educacional da Secretaria da Educação, afirmou que, a partir de 2012, o governo estadual vai implementar novas estratégias de comunicação para aumentar a participação dos alunos na prova do Saresp. Nesta edição, esperava-se que mais de um milhão de alunos fizessem a prova, mas a adesão foi de 903.783 estudantes em 5.032 escolas estaduais.
No ensino médio, a notícia de premiar os melhores alunos com um laptop atraiu menos participantes que a edição anterior, mas a estratégia ainda não foi descartada.
Maria Lúcia explicou que a coordenadoria foi criada para fortalecer os sistemas de avaliação e bancos de dados do governo estadual, e que há estudos em andamento sobre a possibilidade de uso da nota do Saresp como bônus em alguns vestibulares. Ela afirmou que o Saresp não substituirá nenhum processo seletivo, como acontece com o Enem, mas que pode ser usado de alguma forma - ainda em fase preliminar de avaliação - no ensino superior.
G1
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