segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Desenvolvimento e Desigualdade Social

Claudio Leitão é membro da executiva do PSOL de Cabo Frio
Estas duas variáveis econômicas deveriam caminhar no sentido de que quando aumenta a primeira, inversamente, diminui a segunda. Este deveria ser o raciocínio lógico, entretanto, pesquisando dados da ONU sobre esta relação no mundo, nota-se uma inversão desta suposta lógica.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas, em 1992, os 20% mais ricos detinham 82% da riqueza mundial. Em 2010, a situação piora e os 11% mais ricos detém 85% de toda a riqueza produzida. Na outra ponta, os 50% mais pobres detém apenas 1% desta riqueza.

O modelo capitalista de produção é altamente eficiente na produção de riquezas, mas também é extremamente injusto na forma de distribuir esta riqueza nos diversos seguimentos produtivos.

Estes dados mostram que o desenvolvimento e o aumento da geração de riquezas numa estrutura capitalista não significam, necessariamente, redução da desigualdade social, pelo contrário, em alguns países, inclusive, gerou aumento da concentração de renda.

Em verdade, o capitalismo é uma insuperável fábrica de gerar pobreza. Segundo a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) da própria ONU, 180 milhões de pessoas passam fome em toda a América Latina. São dados alarmantes.

Numa sociedade capitalista o grau de pobreza é medido pela falta de capacidade de consumo, mas acredito que pobreza não é apenas perder o poder de compra, é também, não ter políticas públicas de saúde e educação adequadas, é não ter emprego, não ter água e esgoto encanados, não ter acesso à cultura, transporte e políticas firmes da área de habitação. Não ter um teto é não ter esperança.

A nossa  presidente, “companheira” Dilma, em seu discurso de posse, prometeu erradicar a pobreza extrema neste país. Somos hoje a 7º economia do mundo e a 3º pior distribuição de renda do planeta. 

Ao longo dos últimos 60 anos, o país experimentou vários ciclos de desenvolvimento, mas não conseguiu reduzir de forma significativa o fosso social entre ricos e pobres. O governo Lula/Dilma conseguiu tímidos avanços na redução da pobreza, mas são resultados muito abaixo das nossas possibilidades, e que de certa forma foram turbinados pela grande capacidade de marketing do nosso ex-presidente, o chefe mensaleiro Lula.

O atual salário mínimo brasileiro (R$ 678,00), cerca de U$ 330,00 dólares é menor que o argentino (isso dói), o paraguaio e o equatoriano, isso para ficarmos apenas na América Latina.

O festejado “Bolsa Família”, pérola do assistencialismo dos governos FHC, Lula e Dilma, representa, atualmente, 0,4% do PIB, enquanto a dívida pública representa 44% do Produto Interno Bruto.

Em 2013, o governo pretende gastar cerca de 18 bilhões com o “Bolsa Família” e cerca de 750 bilhões (pagamento dos encargos e juros da dívida pública) com o “Bolsa Banqueiro”.

O Brasil é apenas mais um país dentro deste contexto. Num futuro próximo esta “bolha “ vai explodir e será necessário pensar e definir um novo modelo de desenvolvimento que não contenha as contradições do capitalismo, que já dura mais de 500 anos.

Antes de terminar, quero dizer que não defendo o “socialismo” que retrata o antigo modelo soviético de Stalin, nem o chinês de Mao, nem o cubano de Fidel, nem o de Chaves na Venezuela, nem o do coreano Jong e outros similares, que resultaram em experiências socialistas fracassadas por lideranças que degeneraram o verdadeiro sentido de um socialismo libertário. 

As idéias de Marx, Engels, Rosa Luxemburgo, Lênin, Trotsky, Gramsci, Eric Hobsbawm e outros, continuam atuais. Os economistas neoliberais nunca leram tanto Marx. Precisamos adaptá-las e reinventa-las dentro deste novo tempo, e assim permitir a continuidade do sonho e da utopia de um novo mundo.


“Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo engendrou, então que morra !”
(Leon Trotsky)

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