domingo, 13 de janeiro de 2013

Mídias que morrem e o futuro da imprensa


No final de 2012, ocorreram dois fatos de extraordinária significação, ainda não analisados em profundidade, sobre o mundo dos meios de comunicação. Uma das mais famosas revistas estadunidenses, Newsweek, que estava a ponto de completar 80 anos, deixou de circular depois de perdas anuais estimadas em 30 milhões de dólares, e uma queda na tiragem que nos anos 80 era de quatro milhões e chegou a 1,4 milhões há dois anos. 

Esse fechamento é outra expressão da crise midiática nos EUA, onde em cinco anos 145 jornais diários fecharam e só 14 passaram a existir na internet. A Comissão Federal de Comunicação (FCC) revelou que 35 mil postos de trabalho deixaram de existir, 18 milhões de leitores abandonaram a imprensa e, entre 2005 e 2010, as perdas ultrapassaram a casa dos 23 bilhões de dólares.

Os editores da Newsweek começaram a buscar soluções quando perceberam a crise que se avizinhava, mudaram sua linha editorial para torná-la mais acessível ao chamado grande público, “com capas e conteúdos cada vez mais apelativos e superficiais”, o que afetou sua qualidade sem ganhar leitores. Agora, em janeiro, poderão ler Newsweek Global on line, mediante pagamento pelo serviço, com pessoal reduzido e sem colocar em risco a qualidade do jornalismo, asseguram seus editores.

“Alguns jornalistas e especialistas em mídias e comunicação são céticos quanto ao futuro dessa marca e de muitas outras empresas de comunicação, apanhadas em uma combinação letal de um modelo de negócios que não se sustenta e outro que não mostra ainda um caminho claro para a sobrevivência”, segundo resume uma investigação de Antonio Caño, correspondente do El País, em Washington.

O fim desta revista confirma a hipótese de um estudo de uma universidade dos EUA – creio que da Pensilvânia -, segundo a qual em um dia de outubro de 2040 circulará o último exemplar de um diário impresso neste país? 

Crescem as informações sobre as sérias dificuldades da imprensa em um número cada vez maior de países, e não necessariamente vinculados à grave situação da economia europeia. Milhares de jornalistas ficaram desempregados. As crises do El País e do El Mundo, da Espanha, são um bom exemplo do que ocorreu em muitos outros meios de comunicação. No entanto, Walter Buffet, terceiro na lista dos multimilionários do mundo, com mais de 50 bilhões de dólares, está comprando publicações como se soubesse que algo bom está por acontecer, mas ninguém sabe a verdade dessas compras, se é que não são uma maneira de colocar dinheiro em um saco furado.

A outra morte 
Vejamos o outro fato significativo. A notícia foi divulgada pela Agência EFE, desde Nova York: a desaparição do jornal The Daily “menos de dois anos depois de seu lançamento como o primeiro grande jornal desenhado exclusivamente para iPad coloca novas dúvidas sobre o futuro da imprensa escrita”.

O mesmo despacho explica que o fracasso dessa experiência “é simplesmente uma lembrança de que no mundo digital pós-impresso, o poder passou dos editores aos consumidores”. Segundo o editor chefe do portal especializado Mashable, Lance Ulanoff, os leitores de notícias na internet criam seus próprios jornais com base em leituras de diferentes diários em múltiplas plataformas, razão pela qual o pecado original deste periódico foi precisamente estar disponível somente para o iPad durante seu primeiro ano de vida, e mesmo tendo ampliado depois esse espectro, não teve audiência suficiente para converter-se em um negócio sustentável no longo prazo, reconheceu Rupert Murdoch, quando anunciou seu fechamento. The Daily alcançou 100 mil assinantes, mas precisava do dobro para estabilizar-se.

A nota da agência EFE conclui: “Seja qual for a razão da rápida desaparição do The Daily, ela evidencia as dificuldades que enfrentam os meios de comunicação para encontrar novas vias para se tornarem rentáveis e complica o nascimento de outras iniciativas que busquem delinear o caminho para o qual deve se dirigir a imprensa escrita”.

No caso da Venezuela, Últimas Notícias conserva sua alta circulação e credibilidade, enquanto vários jornais da América Latina desapareceram (o último foi La Nación, do Chile), e a maioria viu sua circulação diminuir, como é o caso de El Tiempo, de Bogotá, e Clarín, de Buenos Aires, que passou de 400 mil exemplares em 2007 para menos de 300 mil em 2011, e sua edição dominical passou de 800 mil para 600 mil, segundo o Instituto de Verificação de Circulação (IVC).

Não obstante essa circunstância que o converte no jornal mais lido na Venezuela, os proprietários da Cadeia Capriles instalaram em suas novas edificações uma redação unificada com as três marcas, o portal, suas redes sociais, com as mais altsa tecnologias, que revelam como olham o futuro sem abandonar o presente dos meios impressos. O vice-presidente da cadeia, Ricardo Castellanos, diz que “foi colocado aos diretores e a toda a equipe de jornalistas desta redação única o enorme desafio da transformação para que em poucos anos ela seja uma empresa de multimeios e multiplataforma capaz de enfrentar com êxito e viabilidade econômica a mudança de paradigmas que hoje vive a indústria”.

Em última instância, serão os leitores e anunciantes os fatores fundamentais de seu crescimento e do futuro das mudanças que surgem no horizonte.

Eleazar Díaz Rangel - Últimas Notícias

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