sexta-feira, 31 de maio de 2013

Claudio Leitão: Entrevista imperdível 02/06/2012

Esta entrevista foi dada antes de iniciar a campanha, em junho/2012. Está acontecendo hoje rigorosamente o que dissemos. 

Quer conferir ! Dê uma olhada !!!

Planetário 2013 com o 3º ano/262

Cúpula Carl Sagan do Planetário do Rio de Janeiro.
Nesta 4ª feira, dia 29, fizemos um passeio  trabalho de campo interdisciplinar no planetário da Gávea, no Rio de Janeiro, com os alunos do 3º ano do CIEP 262.

Abaixo estão algumas fotos dessa incrível jornada de conhecimento científico!
Professor Paulo estava rindo à toa: "Eu tinha que fazer 20 diários, mas agora vou passear! hihihi"

Hora do almoço no shopping da Gávea

Desembarque no estacionamento do Planetário: Todos na maior animação!

Professor Doc e o relógio de sol na entrada da cúpula

Cúpula do Planetário

Todos querem sair na foto!
Joyce, Julia, Professora Carol e o "cineasta" Henrique

Esperando na portaria para o início da visitação.

Alunas ansiosas pelo saber astronômico!
Participando das atividades interativas e registrando para a posteridade!

"Eu vou pro mundo da Lua!!!"


Atividades sobre os planetas do nosso sistema solar

Palestra sobre os planetas, as estrelas, as constelações, as galáxias e a formação do Universo.
Modelo antigo (Zeiss Spacemaster) de projetor do Planetário
Professora Carol aproveita para explicar sobre os movimentos da Terra e as estações do ano.

A Terra e as constelações.
Modelo em miniatura de observatório astronômico
Dentro da cúpula, aguardando o início da projeção.

Projetor Universarium, o mais moderno da Carl Zeiss
Na volta para casa: Missão Cumprida!

Quero deixar aqui meu agradecimento aos alunos que acordaram cedo e voltaram tarde para casa; ao diretor Guto e sua equipe de direção que nos proporcionaram essa oportunidade; aos colegas que nos acompanharam nessa tarefa. Muito Obrigado!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Marcelo Freixo desconstrói a falácia da educação estadual

Deputado Marcelo Freixo (PSOL - RJ)
Lógica do patrão

"Tenho opinião formada sobre a educação pública do Rio de Janeiro e não gosto das metamorfoses ambulantes conforme os governos se sucedem e as pessoas vão se adaptando aos novos governos." 

"Quero rebater a fala do líder do governo e dizer que a meritocracia, tão defendida pelo governo, deveria valer também para secretários e para deputados da base, que muitas vezes não vêm trabalhar, mas não têm os seus salários descontados. A meritocracia vale para os outros, não vale para a casa." 

"Essa história de dizer que o bom funcionário não é necessariamente aquele que recebe mais, só pensa isso quem paga, quem recebe não pensa igual. Essa lógica é a lógica do patrão, nunca é a lógica do empregado", afirmou Marcelo Freixo, na quarta-feira, 15/5/2013, em sessão extraordinária sobre a educação.
Marcelo Freixo

“O sindicato somos nós” e o medo de uma categoria mobilizada

A organização em sindicatos é um direito dos trabalhadores para se defenderem da brutal exploração dos patrões e lutarem pelas reivindicações e defesa dos seus direitos garantidos pela legislação vigente, além da conquista de novos direitos. Ou seja, é um importante instrumento de luta dos trabalhadores.

A meu ver, um sindicato atuante é aquele que orienta, esclarece, une e organiza a categoria. Contudo, isso não se dará sem uma densa e sistemática construção “desde baixo”, baseada na mobilização e na luta da categoria. É sabido que, onde o sindicato atua corretamente, defendendo os interesses da categoria que representa, ele tem CREDIBILIDADE, LEGITIMIDADE e REPRESENTATIVIDADE. Efetivamente, se pode dizer “O SINDICATO SOMOS NÓS”. As pessoas procuram o sindicato, pois vêem nele o legítimo representante de seus interesses enquanto categoria.
Do contrário, o que se vê é uma direção sindical preocupada em preservar seus cargos, lutando para a manutenção de seu status quo. 

Também é sabido que, quando o sindicato não atua corretamente, aguçam-se as tensões provenientes da base da categoria com as orientações da direção sindical. Com o tempo, as direções sindicais vão ficando desacreditadas junto à categoria. Porque a base começa a perceber que as direções sindicais só lutam por suas vantagens relativas, para se perpetuarem no poder, negando espaço às pressões de baixo para cima, ou seja, às classes que dizem representar. A base começa a perceber que a direção do sindicato procura sempre neutralizar o protagonismo da categoria e, principalmente, abocanhar todas as posições de comando, para manter a mobilização da categoria dentro do controle “aceitável”, explorando-a de acordo com seus próprios fins, e manter a acefalia do movimento dos trabalhadores.

A quem interessa uma classe trabalhadora desacreditada de sua entidade sindical???? Quem ganha e quem perde com isso???? Ganham os patrões e os dirigentes sindicais corrompidos pelo desejo de poder. Perdem os trabalhadores. Por isso, é imprescindível lutar para criar uma correlação de forças que transforme os sindicatos em legítimos representantes dos trabalhadores e não em um espaço para uma minoria se encastelar defendendo seus interesses corporativos.

Não se pode sobrepor os interesses das direções sindicais aos anseios e reivindicações de toda uma categoria.

Deve-se dizer NÃO à prática cupulista das lideranças sindicais, que só provoca o distanciamento das bases e dificulta o desenvolvimento da luta da categoria pelo atendimento de suas reivindicações. As formas de atuação dos sindicatos devem ser a expressão de uma agenda representativa, de fato, da vontade de uma classe trabalhadora mobilizada e combativa.

Marcos César de Oliveira Pinheiro - Professor de História da Rede Municipal de Ensino Público de Rio das Ostras.

Prestes a Ressurgir

Governo quer criar política para exploração de terras-raras

Os ministérios de Minas e Energia (MME) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) querem criar uma política para a exploração de minerais conhecidos como terras-raras, que apresentam propriedades químicas e físicas úteis para aplicação industrial em produtos de alta tecnologia.

Esses minerais estão incorporados em aplicações como supercondutores, imãs, catalizadores utilizados no refino de produtos diversos (como petróleo), componentes para carros e monitores de LCD, entre outros.
São terras-raras minerais compostos por 17 elementos químicos leves e pesados (a maioria de número atômico entre 57 e 71). 

Segundo relatório produzido pelo MME e MCTI em dezembro de 2010, as ocorrências de terras-raras no território nacional estão associadas a minerais radioativos com a presença de outros elementos de valor comercial. Apesar da disponibilidade, “o Brasil, atualmente, não lavra nem produz nenhum composto de terras-raras, sendo totalmente dependente da importação”, acrescenta o documento.

Cerca de 97% da produção de terras-raras no mundo estão concentrados na China. Essa situação permitiu ao país alterar bruscamente em 2010 os preços dos componentes e estabelecer cotas de exportação, colocando em ameaça o fornecimento para a indústria de todo o mundo.

“Eles aumentaram os preços como faz um monopólio, aplicaram bem as lições do capitalismo”, comentou Adriano Duarte, coordenador-geral de Tecnologias Setoriais do MCTI, ao lembrar que os chineses ficaram com quase todo o mercado de terras-raras por adotar preços muito baixos, desestimulando a pesquisa e a produção em outros países.

Segundo Carlos Augusto Moraes, coordenador do Estudo de Usos e Aplicações de Terras-Raras no Brasil, em desenvolvimento no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE, ligado ao MCTI), a estratégia da China é forçar o aumento das exportações de seus produtos acabados. Assim, ao limitar o fornecimento de componentes de terras-raras, pode forçar a importação por artigos de alta tecnologia e valor agregado.

A situação pôs em alerta os Estados Unidos, o Japão e a União Europeia, que buscam alternativas para garantir o suprimento desses materiais. Representantes de governos estrangeiros já solicitaram informações sobre o potencial de exploração e produção mineral de terras-raras no Brasil.

De acordo com Moraes, o interesse do governo brasileiro é dominar a cadeia produtiva (toda ou parte) de alguns produtos com componentes de terras-raras e, para isso, atrair empresas estrangeiras e multinacionais.

A política para a produção e exploração de terras raras está sendo elaborada dentro dos marcos do Plano Nacional de Mineração 2030, elaborado pelo governo. A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado estuda a criação de legislação específica para a exploração desses minérios.

Atualmente, conforme dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o país tem 164 pedidos para autorização de pesquisa de descoberta de lavras (mais de 50% na Bahia). Apenas seis lavras estão disponíveis. Há no Brasil cerca de 40 mil toneladas cúbicas (contra 36 milhões da China).

FLC

Rússia garante ao Brasil transferência total da tecnologia do caça Sukhoi Su-35

Caça Sukhoi Su-35
A agência RIA Novosti informa, citando declarações de Seguei Ladygin, representante da estatal russa de armamento Rosobonexport, dadas ontem na SITDEF 2013, exposição de armas que está sendo realizada em Lima, no Perú, que a Rússia teria comunicado ao governo federal que estaria disposta a transferir ao Brasil, sem restrições, cem por cento  da tecnologia  de fabricação dos caças Sukhoi SU-35, de quinta geração, e dos sistemas anti-aéreos Pantzir, independente da conclusão da licitação do Programa FX-2, de compra de caças pela aeronáutica.

O Sukhoi Su-35 pertence a uma classe caças de ataque e superioridade aérea pesados, de longo alcance e multi-função. Com autonomia de 3.600 a 4.600 quilômetros (com tanques externos) e velocidade de 2.700 quilômetros por hora, ele pode atingir rapidamente qualquer região do território nacional.
É equipado com uma variedade melhorada de óptica passiva do sistema de radar N035 Irbis, e com  um radar de retaguarda adicional montado no seu aguilhão da cauda encurtada. Conta também com um radar N035 melhorado com pico mais poderoso e melhores características ECM e com um sistema de guerra eletrônica e auto-contramedidas de defesa eletrônica Khibiny L175M. 

O cockpit conta com duas telas de LCD e compatibilidade com HMD. O software do Su-35BM tem acrescentada compatibilidade com novos sistemas de armas e outros  aviônicos que incluem informações de longo alcance de alvos e datalink com capacidade de resistência à JAM, além de um sistema de reconhecimento eletrônico.

Mauro Santayana

Maduro anuncia que irá armar operários na Venezuela

O governante anunciou que entregará até dois milhões de armas para operários e reiterou que o país deve articular força suficiente para "se fazer respeitar"
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ordenou às Forças Armadas que armem a classe operária para reforçar a defesa da soberania nacional e garantir a "estabilidade da Revolução Bolivariana". 

Em um ato oficial televisionado na noite de quarta-feira (22), o governante anunciou que entregará até dois milhões de armas para operários e reiterou que o país deve articular força suficiente para "se fazer respeitar". A oposição, alimentada pelo medo de perder a boa vida de exploração da burguesia, pediu que o presidente explique qual a verdadeira finalidade da medida e qualificou o gesto de "irresponsável e intimador".

"A classe operária será cada vez mais respeitada uma vez que esteja mais consciente e produtiva", disse Maduro na noite de quarta-feira, anunciando que as Milícias Operárias Bolivarianas farão parte da Milícia Nacional, criada por Hugo Chávez. "Seremos ainda mais respeitados se as milícias tiveram 300 mil, 500 mil, um milhão, dois milhões de operários e operárias uniformizados, armados e preparados para a defesa da soberania da Pátria, da estabilidade da Revolução Bolivariana."
Ainda segundo Maduro, a medida deverá armar trabalhadores e estabelecer laços entre associações de profissionais e as Forças Armadas. Para o secretário executivo da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Ramón Guillermo Aveledo, a declaração faz parte de uma retórica intimidatória e evidencia a incapacidade do governo venezuelano. Segundo ele, a ordem ainda contradiz a lei de desarmamento que avança no Parlamento - e que o governo diz apoiar. "Que ele pare de dizer esse tipo de besteiras que, em vez de ameaçar, refletem irresponsabilidade."

No que diz respeito à classe operária, a medida fortalece a soberania e inclina-se cada vez mais para uma pátria produtiva, soberana e socialista. Uma vez com os operários armados, a burguesia não tomará a frente da situação e nem ameaçará a Revolução. Com isso, a proletariado venezuelano poderá suprimir cada vez mais a burguesia da Venezuela ( no que diz respeito às leis, projetos e expropriações dos meios de produção) sem receio de um golpe, ao contrário, com a certeza de que chegarão ao Socialismo com perfeição. 

O anúncio aconteceu no Teatro Municipal de Caracas, onde Maduro entregou diplomas para a primeira turma da Universidade dos Trabalhadores, composta por 522 profissionais. O presidente também sugeriu que professores e alunos da instituição frequentem as academias militares.

Viva a iniciativa revolucionária de Nicolás Maduro! Rumo ao Socialismo!

Vermelho à Esquerda

terça-feira, 28 de maio de 2013

Trabalho mata: síndrome do "karoshi"

A morte do chinês Li Yuan por stress é uma tendência e não uma exceção.

Em algum momento de preguiça todos já devemos ter ouvido de nossos pais, ou pior, de nossos chefes, a universal e milenar frase: ninguém morre de trabalhar.

Rebele-se, pobre proletário. Morre sim.

O chinês Li Yuan trabalhou de 13 a 14 horas por dia, sete dias por semana, durante mais de um mês. Às 5 da tarde de um dia na semana passada Li caiu duro no escritório da filial de Pequim da agência de propaganda Ogilvy. Tinha 24 anos.

Li Yuan morreu de insuficiência cardíaca (infarto) e há a possibilidade que fosse um problema congênito. Não há como negar, entretanto, mesmo que a cardiopatia se confirme, que o excesso de trabalho não tenha colaborado. E ainda que a diretora da Ogilvy, Selina Teng, tenha se apressado em afirmar serem falsas as informações sobre longas jornadas de trabalho (aqui podemos fazer uma pausa para rir), colegas da agência confidenciaram que ele sempre chegava cedo e não saia antes da meia-noite. E não por vontade própria.

A história de Li Yuan seria apenas mais uma se ele não trabalhasse numa multinacional inglesa que confirmou o ocorrido via twitter (“Lamentavelmente, a notícia triste é verdadeira, Pequim perdeu um dos nossos. Ele era amado por todos. Agradecemos as mensagens de carinho”). A partir daí a notícia gerou barulho na web mundo afora.

As conseqüências do excesso de trabalho na China matam atualmente 600 mil trabalhadores por ano. Seiscentos mil.

Por quê? O que explica que chineses estejam saindo das asfixiantes minas de carvão direto para o trabalho “civilizado” e mesmo assim continuem morrendo do que eles chamam de guolaosi (algo como “Super Trabalho”), fazendo com que tenham ultrapassado o Japão nesse quesito? No Japão o fenômeno é conhecido como karoshi.

Domenico de Masi define a maioria das empresas atuais como as instituições mais conservadoras que existem e portadoras do que chama de Síndrome de Clinton. Desejam ter seu funcionário (ou estagiária) sempre à mão, acessível 24 horas por dia. Um imenso paradoxo numa época em que a tecnologia permite, e até exige segundo os conceitos do professor italiano, jornadas menores.

Além desse inegável abuso, De Masi credita ainda ao dogma empresarial de que a eficiência seja infinita, que se pode aumentar a eficiência ao infinito e além, sem se preocupar com o stress, sem se preocupar com a capacidade de metabolizar toda essa carga (os sintomas associados com essas mortes incluem insônia, anorexia e dores abdominais, algo já muito comum entre trabalhadores do mundo todo).

Resumindo, a responsável maior pelas baixas nos campos de trabalho continua atendendo pelo nome de ganância. Guolaosi, karoshi, stress ou qualquer nome que se queira dar é o efeito colateral da ganância.

DCM

Transtornos mentais provocados pelo ambiente de trabalho

Pressões impostas no ambiente de trabalho é uma das cusas do transtorno mental
Pesquisa aponta causas dos transtornos mentais provocados pelo ambiente de trabalho

Um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) mostrou de que forma os transtornos mentais podem estar ligados a pressões impostas no ambiente de trabalho. Esta é a terceira razão de afastamento de trabalhadores pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O coordenador da pesquisa, o médico do trabalho João Silvestre da Silva-Júnior, trabalha como perito da Previdência Social há seis anos e, tendo observado a grande ocorrência de afastamentos por causas ligadas ao comportamento, decidiu investigar o que tem provocado distúrbios psicológicos.

O cientista notou que a violência no trabalho ocorre pela humilhação, perseguição, além de agressões físicas e verbais e listou quatro razões principais que prejudicam a saúde mental no ambiente corporativo.

A primeira delas é a alta demanda de trabalho. “As pessoas têm baixo controle sob o seu ritmo de trabalho; elas são solicitadas a várias e complexas tarefas”, disse o pesquisador. O outro aspecto são os relacionamentos interpessoais ruins, tanto verticais (com os chefes), quanto horizontais (entre os próprios colegas).

A terceira razão é o desequilíbrio entre esforço e recompensa. “Você se dedica ao trabalho, mas não tem uma recompensa adequada à dedicação. A gente não fala só de dinheiro. Às vezes, um reconhecimento, um elogio ao que você está desempenhando”, explica Silvestre. O último aspecto citado pelo pesquisador é a dedicação excessiva ao trabalho, que também pode afetar a saúde mental.

A pesquisa coletou dados na unidade de maior volume de atendimentos do INSS da capital paulista, a Glicério. Foram ouvidas 160 pessoas com algum tipo de transtorno mental. Silvestre informa que, entre as pessoas que pediram o auxílio doença nos últimos quatro anos, uma média de 10% apresentava algum tipo de transtorno.

Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social de 2011, mais de 211 mil pessoas foram afastadas em razão de transtornos mentais, gerando um gasto de R$ 213 milhões em pagamentos de benefícios. “Quando você entende o que gera os afastamentos, você pode estabelecer medidas para evitar os gastos”, disse. As doenças mentais só perderam, naquele ano, para afastamentos por sequelas de causas externas, como acidentes, e por doenças ortopédicas.

Em São Paulo, a pesquisa constatou a alta presença de trabalhadores do setor de serviços, como operadores de teleatendimento, profissionais da limpeza e da saúde com doenças mentais. “Mas essa variável do tipo de trabalho não se apresentou significativa no nosso estudo. Ela não apareceu como algo que influencia o aparecimento do transtorno mental incapacitante”, relata.
A pesquisa apontou que o perfil predominante entre os afastamentos foi o feminino e alta escolaridade (mais de 11 anos de estudo). Mas Silvestre alerta para uma distorção, porque as mulheres têm maior cuidado com a saúde, o que aumenta a presença feminina nas estatísticas.

“O sexo feminino apresentar uma maior possibilidade de transtorno mental está relacionado às mulheres terem facilidade em relatar queixas. Reconhece-se que as mulheres procuram os médicos com mais facilidade, elas têm uma maior preocupação com a saúde do que os homens”, contou. De acordo com o cientista, os homens demoram a ir ao médico e, quando vão, encontram-se em situação mais grave.

O fator escolaridade, segundo o estudo, pode afetar a percepção da existência das doenças. A maioria dos afastamentos ocorre com indivíduos de alta escolaridade, pois eles são mais esclarecidos. “As pessoas conseguem ter uma maior percepção de que o ambiente de trabalho está sendo opressor. Quando ela percebe que ali é um local ruim de trabalhar, ela vem a adoecer, a ter o distúrbio psicológico e termina se afastando”, disse.

Para melhorar o clima no trabalho e prevenir doenças, Silvestre recomenda que os profissionais ligados à saúde e segurança do trabalho das empresas tenham consciência sobre onde estão os fatores de risco. Ele sugere também uma melhora da fiscalização por parte dos Ministérios do Trabalho e da Saúde.

EBC

O retrocesso da terceirização


O Projeto de Lei 4340, que regulamenta a chamada terceirização nas empresas, abre caminho a um nefasto retrocesso das relações trabalhistas no Brasil. 

A proposta foi aprovada na comissão especial criada na Câmara Federal para tratar do tema e tramita agora na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), cujo relator, deputado Arthur Oliveira Maia (PMDB-BA), anunciou a intenção de manter os pontos criticados pelos representantes da classe trabalhadora. 

O PL contempla os interesses do empresariado e escancara a terceirização, estendendo-a à atividade-fim da empresa, derrubando os obstáculos opostos neste sentido pela Súmula 331 do TST, que só permite o uso de tal recurso para a atividade meio. Significa, se for aprovado pelo Parlamento e sancionado pela presidenta, a possibilidade teórica e prática de empresas sem nenhum empregado contratado, funcionando exclusivamente à base da terceirização.
Não restam dúvidas de que a terceirização, da forma com que é praticada por aqui e em muitos outros países, tem por propósito principal, quando não exclusivo, a redução do custo do trabalho, que o patronato apresenta como componente básico do “Custo Brasil” e que objetivamente se traduz na precarização dos contratos e redução de salários e direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. 

Cria-se também, no interior de uma mesma empresa, duas categorias distintas de empregados, com direitos, salários e representações sindicais diferentes e desiguais. Impõe-se, por este meio, uma divisão perversa no seio do nosso proletariado, algo muito conveniente aos interesses econômicos e políticos do capital, mas altamente nocivo para o movimento, a mobilização e a conscientização classista dos assalariados.

As concepções e orientações políticas sobre o tema são profundamente divergentes, refletindo os interesses antagônicos do capital e do trabalho. Nosso patronato defende com unhas e dentes a terceirização, sem restrições, ao passo que a classe trabalhadora, através de seus representantes, tem a firme convicção de que o mecanismo, alavancado pelo neoliberalismo, é um retrocesso social, um meio de burlar a legislação trabalhista. Surgem preocupantes sinais de que o governo tende a ceder à pressão dos capitalistas também neste terreno, em nome da competitividade e da produtividade.

De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que não mede elogios à terceirização e armou um poderoso lobby em defesa do PL 4340, mais de 50% das indústrias instaladas no Brasil já fazem uso da terceirização, que responde por 14% do emprego no setor. Representantes da entidade alegam que a falta de regulamentação e a “insegurança jurídica” provocada pela Súmula 331 restringem a expansão desses percentuais, mas ninguém duvida que a aprovação da proposta em pauta no Congresso vai aumentar, e muito, o número de trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas na economia nacional. Trata-se de uma mal disfarçada reforma trabalhista feita sob a medida dos interesses capitalistas.

As centrais têm audiência marcada com o governo (dia 11) e com o relator da matéria, Oliveira Maia (em data ainda não definida), para debater o PL. O movimento sindical também defende a regulamentação da terceirização, mas com o objetivo de consolidar em Lei a proibição de tal expediente na atividade-fim; estabelecer a responsabilidade solidária da empresa contratante pelas obrigações trabalhistas; a igualdade de direitos, representação sindical e condições de trabalho; o direito da categoria a informações prévias que justificam a terceirização. Nada disto é contemplado na proposta atual, que apenas “legaliza a precarização do trabalho”, conforme notou o deputado federal e ex-presidente da CUT Vicente de Paula da Silva, nosso companheiro Vicentinho.

A CTB e as demais centrais sindicais que participam do diálogo com governo e parlamentares estão dispostas a negociar exaustivamente. Mas não vamos abrir mão dos direitos e interesses da nossa sofrida classe trabalhadora e capitular diante das propagandas enganosas sobre o desenvolvimento nacional que douram a pílula da ganância capitalista por mais-valia e exploração. 

Com muito mais garra e patriotismo do que a burguesia, a classe trabalhadora brasileira e as centrais que a representam defendem o desenvolvimento nacional e apresentaram à presidenta Dilma as resoluções aprovadas na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), realizada em junho de 2010, neste sentido – a agenda da classe trabalhadora por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que tem por fundamento três valores básicos: a valorização do trabalho, a democracia e a soberania. 

A terceirização é o caminho mais curto para a depreciação da força de trabalho e está na contramão do projeto da Conclat. Somos contra e nossa obrigação é conscientizar o conjunto das lideranças sindicais brasileiras sobre o que está em jogo e mobilizar as bases para a luta em defesa da classe e pela maior valorização do trabalho.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Escolas congeladas

Nossas instituições de ensino estão mais interessadas em rankings do que em ideias criativas
Recebi duas mensagens de professores que vão nos ajudar a pensar a respeito do que acontece com as escolas que os mais novos frequentam desde bem cedo. Dois profissionais de educação, distantes entre si em alguns aspectos e muito próximos em outros, vão nos conduzir em nossa conversa de hoje.

A primeira mensagem veio de um jovem professor, tanto de idade quanto de profissão. Formado há poucos anos, ele diz que tem muitas ideias diferentes para sua prática docente e as usa para melhor compreender os alunos que frequentam a escola hoje, mas que se sente muito desestimulado em seu trabalho.

O problema é que os colegas não só não reconhecem o potencial contido nas novas formas de ensinar e de se relacionar com os alunos como também não aceitam mudar seu modo de pensar. Esse jovem professor está com medo. Medo de se transformar em um docente semelhante aos seus colegas e, dessa maneira, perder a paixão pelo ato de ensinar.

A outra carta veio de uma professora já aposentada. Ela contou que, durante os 25 anos em que esteve em sala de aula, trabalhou incansavelmente para que seus alunos entendessem que é preciso cuidar do espaço comum --a sala de aula e os demais ambientes escolares-- porque é o território de todos. Além disso, dedicou grande parte de seu tempo para ensinar a boa convivência.

Ela afirmou ter conseguido bons resultados com os alunos. Mas, contou, por mais que tentasse influenciar seus colegas, nunca alcançava êxito com eles. E ela se cansou tanto que adoeceu.

Dois depoimentos bem semelhantes de dois professores diferentes apontam para uma questão que parece estar invisível há muito tempo: o congelamento da escola. E essa situação tem uma relação íntima com quem não é professor, mas tem filhos na escola, em qualquer nível, e também com quem nem sequer tem filhos.

Temos lido muitas notícias a respeito da educação. É impossível ignorar o que vem sendo insistentemente dito: uma característica importante para se estimular nos alunos é a criatividade do pensamento e da ação.
A aprendizagem ocorre de modo mais consistente no coletivo e em ambiente colaborativo. O ensino da convivência pública e do papel do colega é fundamental --a formação da atitude do estudante determina em grande parte seu aprendizado. E os professores têm mais êxito em seu trabalho quando participam plenamente da equipe no espaço escolar.

Criatividade, coleguismo, cidadania, trabalho em equipe? Certamente todas essas palavras estão presentes nos chamados projetos político-pedagógicos de todas as escolas. Mas, na prática, o que vemos é uma escola que todo dia faz tudo sempre igual, que ignora a participação verdadeira dos alunos, que desestimula a formação da equipe profissional.

Nossas escolas estão muito mais interessadas na competitividade, no planejamento do professor, mesmo que seja burocrático, na massificação, tanto dos docentes quanto dos alunos. E você sabe, caro leitor, por que ela permanece assim congelada? Porque nossa sociedade assim o quer.

Não é verdade que valorizamos o espírito competitivo incentivado nas escolas? Que damos a maior importância aos rankings baseados em avaliações? Que apreciamos nomes imponentes de métodos pedagógicos praticados e que acreditamos que é frequentando escolas que agem dessa maneira que o futuro dos mais novos será melhor?

É assim que garantimos o congelamento da escola. E é assim, também, que vamos, aos poucos, apagando o brilho e a paixão de docentes (existem muitos deles que, como os professores citados, querem fazer diferente).

Eles necessitam de muita coragem para não ceder à tentação de se acomodar no congelamento que a escola propõe e precisam de nossa ajuda. Vamos apoiá-los?

ROSELY SAYÃO é psicóloga  Folha