— Na comparação entre as três esferas de governo, a estadual é a que paga menos. A Saúde é a categoria mais crucificada — afirmou ele.
O auxiliar de enfermagem Sirlei Pereira de Souza, de 41 anos, sente na pele essa diferença. Ele trabalha no estado, onde ganha R$ 700, e na Prefeitura do Rio, com salário de R$ 1.200:— Se eu tivesse que escolher, deixaria o estado sem pensar duas vezes.
A situação dos médicos não é diferente. O estado paga cerca de R$ 1.500 a esses profissionais, contra R$ 1.800 da Prefeitura do Rio. Mas a Federação Nacional dos Médicos reivindica um piso nacional de R$ 9.188. A diferença entre o real pago pelo estado e o ideal chega a 512%.
A principal reivindicação dos servidores da Saúde estadual é a implantação de um plano de cargos e salários aprovado em 2002, mas que nunca foi pago na prática.
— Quando ainda era candidato, o governador Sérgio Cabral prometeu implantar o plano, mas não cumpriu — disse o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze.
Falta plano de cargos e carreiras
A reclamação dos servidores da Saúde sobre o plano de cargos e salários é semelhante à do pessoal da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-Rio). No ano passado, o governo havia prometido reformular a estrutura de carreiras do órgão, o que até agora não aconteceu. O resultado é que as perdas salariais chegam a 65% nos últimos cinco anos.
— Há um ano, 165 servidores foram contratados por concurso e mais de metade deles já foi embora. O corpo técnico está desestimulado — lamentou José do Carmo, presidente da Associação de Funcionários da Emater-Rio (Aferj).
Até quem recebeu algum reajuste este ano está insatisfeito. É o caso do pessoal do Proderj, órgão que roda a folha de pagamento de todo o funcionalismo. A Associação dos Funcionários do Proderj (Ascpderj) fez uma comparação entre os salários pagos pelo Rio e por empresas de processamentos de dados da Prefeitura do Rio (Iplan-Rio) e de outros nove estados. A diferença chegou a 79%.
— O aumento que recebemos este ano (22% parcelados em 12 meses, entre julho de 2010 e junho de 2011) não foi negociado com os servidores. Nossas perdas desde 2003 são de 33,5%, já descontados os reajustes — disse Marcos Villela, diretor da Ascpderj.
Sem negociações
As perspectivas não são as melhores para os servidores estaduais que querem repor suas perdas salariais. A Secretaria estadual de Planejamento informou ao EXTRA que, no momento, não há negociações em andamento com nenhuma categoria.
As perdas salariais na casa dos 35% nos últimos cinco anos tornaram a Companhia Estadual de Habitação (Cehab) uma opção de emprego pouco atraente, na avaliação do presidente da Associação Unificadora dos Empregados da Cehab, Valter de Gaudio:
— A empresa está agonizando, precisa de concurso público com urgência. Deveríamos receber os dissídios do setor privado, o que não acontece desde 2006.
Extra
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