O ex-presidente Lula teve de socorrer o ministro da Educação, Fernando Haddad, seu pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PT, que ontem foi novamente vaiado por estudantes que protestavam por mais investimento público no setor.
Lula fez um discurso agressivo em defesa do ministro, que foi hostilizado por cerca de 20 manifestantes ligados ao PSOL e ao PSTU em solenidade pelos cinco anos da Universidade Federal do ABC,em Santo André.
Haddad até tentou neutralizar a vaia, pedindo: “Eu queria saudar os estudantes do PSTU e do PSOL e pedir uma salva de palmas para eles”. Como não conseguiu interromper o protesto, atacou a imprensa e disse que os estudantes estariam servindo à “direita conservadora”.
“Eu contei 20 editoriais de um só jornal contra a expansão da universidade pública. Infelizmente, a direita conservadora conta muitas vezes com apoio da esquerda conservadora para impedir o progresso do nosso país”, disse Haddad, que já sido vaiado por estudantes no início da semana, na Faculdade de Educação da USP.
O ato oficial de sexta-feira foi organizado como mais um evento da campanha por Haddad, que foi elogiado em diversos discursos, mas teve de ouvir vaias e coro em defesa da aplicação de 10% do valor do PIB em educação.
Irritado com o protesto, o ex-presidente Lula exaltou a gestão de Haddad e repreendeu os estudantes, sugerindo que as vaias tinham fim eleitoral. “Eu duvido que na história deste país um ministro da Educação tenha se dedicado 10% do que este rapaz se dedicou”, afirmou ele.
Ele ironizou o mote dos estudantes, que pediam a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto do país em educação: “Esta proposta é nova. Até ontem, a faixa era de 7%. Se esses jovens tivessem feito a reivindicação no meu governo, possivelmente teriam sido atendidos”, disse.
“Gritar é bom, mas ter responsabilidade é muito melhor. Precisamos caminhar para ter 10% do PIB na educação, mas essas coisas não acontecem porque os cidadãos se sentem no direito de gritar”, continuou Lula.
“Não adianta chegar para a mãe e falar ‘Me dá dez pilas’. A mãe não dá e depois ele fala que a mãe é babaca. Mas ele não perguntou se a mãe tinha o dinheiro”, comparou.
O ministro da Educação também reclamou dos manifestantes, que gritavam em coro: “Haddad, eu não me engano, 7% é proposta de tucano”.
O ministro, que nunca disputou uma eleição, foi nomeado por Lula em 2006 e ficou no governo Dilma Rousseff a pedido dele. Oscila de 1% a 2% de intenções de voto nos cenários da pesquisa Datafolha feita em 1º de setembro.
Antes de discursar, ele foi apresentado pelo deputado federal Vicentinho (PT-SP) como “um dos melhores ministros da história do Brasil”, vejam a que ponto chegamos.
Carlos Newton Tribuna da Imprensa
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