terça-feira, 6 de setembro de 2011

Supertelescópio do ESO deve movimentar empresas e pesquisadores brasileiros


A entrada do Brasil no consórcio do Observatório Europeu do Sul (ESO) abriu caminho para as empresas brasileiras participarem, em melhores condições, das concorrências para a construção do E-ELT (sigla em inglês para Telescópio Extremamente Grande Europeu), destacou o diretor-geral da instituição, Tim de Zeeuw, durante conferência de abertura na noite deste domingo da 36ª Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), que acontece esta semana em Águas de Lindóia (SP).
- Do ponto de vista do governo, entrar na ESO não é apenas uma questão de promover observações astronômicas, mas é o fato de que a indústria de alta tecnologia tem um papel a cumprir. E eu sei que o Brasil vai se dar bem com a indústria que tem - afirmou De Zeeuw.
Orçado em cerca de 1 bilhão de euros (R$ 2,3 bilhões), o E-ELT terá um espelho de quase 40 metros e será o maior instrumento do tipo no mundo. Instalado no topo do Cerro Amazones, a 3 mil metros de altitude, ele será capaz de captar 13 vezes mais luz que os maiores telescópios disponíveis atualmente, produzindo imagens até 16 vezes mais nítidas que a do telescópio espacial Hubble. Sua construção, prevista para durar dez anos, está prevista para começar em janeiro de 2012 com serviços de terraplanagem no local, sendo quase certo que empreiteiras brasileiras entrarão com força total para ganhar a licitação, observou o astrônomo holandês, ressaltando reforça que não é só na construção civil que as empresas nacionais podem concorrer bem no projeto.
- O Brasil tem um potencial enorme para ganhar contratos em todas as áreas, inclusive em alta tecnologia - avaliou. - Outro dia tomei um avião para ir à Holanda e era um Embraer. Não muitos dos nossos países-membros podem construir aviões. Se vocês podem construir aviões, têm indústria de alta tecnologia.
O Brasil é o 15º e primeiro país não europeu integrante do ESO, mas a adesão ao consórcio ainda depende de aprovação do Congresso Nacional. Caso seja aprovada, o Brasil deverá desembolsar US$ 400 milhões ao longo de 10 anos, incluindo uma "taxa de adesão" de cerca de US$ 170 milhões. Em troca, além dos benefícios para as empresas, os projetos de pesquisadores brasileiros poderão disputar por tempo de observação nos telescópios em igualdade de condições com os europeus.
De acordo com De Zeeuw, como os projetos são todos julgados pelo mérito, nenhum país-membro tem garantia de tempo para seus pesquisadores, ganhando os que são vistos como mais interessantes do ponto de vista científico. Os números das últimas requisições de tempo, já com a participação do Brasil, mostram que 30% do requisitado por pesquisadores brasileiros foi concedido, e um em cada quatro trabalhos liderados por cientistas do país (32 pedidos e 8 aprovações) passou pelo crivo do conselho científico da organização.
- Isso mostra que tudo que vocês têm de fazer para obter mais tempo é preparar mais propostas - disse Tim de Zeeuw. - É assustador ter de competir com todo mundo. Apavora não ter uma fração (do tempo) garantida. Mas isso também significa que você pode conseguir tudo que quiser.

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