segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Hugo Chávez é reeleito presidente da Venezuela

Atual presidente alcança 54,42% dos votos contra 44,97% do opositor Henrique Capriles

O presidente de Venezuela , Hugo Chávez , foi reeleito neste domingo para mais um mandato de seis anos com a promessa de aprofundar sua revolução socialista, informou o órgão eleitoral do país.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Chávez obteve 54,42% dos votos, enquanto seu principal adversário, Henrique Capriles , conquistou 44,97%.

Após quase 14 anos no comando do país caribenho com as maiores reservas petrolíferas do planeta, durante os quais conquistou uma sólida popularidade graças a uma política assistencialista e um inegável carisma, o militar aposentado de 58 anos enfrentou o maior desafio eleitoral de sua carreira política.

Mas o investimento de bilhões de dólares da renda petrolífera em programas sociais, que vão desde a entrega de casas gratuitas a caros tratamentos de saúde em Cuba, foi de encontro desta vez com um rival que prometia corrigir as "falhas" da revolução e atacar problemas graves como a insegurança e o desemprego. 

Nestas eleições, a juventude foi um dos pólos de disputa dos candidatos. O número de eleitores que votaram pela primeira vez chegou a um milhão.

Capriles agradece apoio
Após reconhecer a derrota nas eleições, Capriles se dirigiu ao país em uma entrevista coletiva.

"Quero saudar a todos, saudar todos os venezuelados, todo o nosso povo em todos os cantos da Venezuela. Esta manhã disse que para saber ganhar é necessário saber perder", disse.

O candidato derrotado também agradeceu "profundamente" aos seus mais de 6 milhões de eleitores que agora sentem-se tristes. "Nós começamos a construir um caminho", completou.

Capriles enviou ainda uma mensagem na qual parabeniza o presidente Hugo Chávez: "Há um país que tem duas visões e ser um bom presidente significa trabalhar para a união de todos os venezuelanos", sugeriu.

Comemoração
Antes mesmo do anúncio do Conselho Nacional Eleitoral, simpatizantes do presidente já lotavam as ruas que cercam a sede do governo, no centro da cidade, para comemorar a vitória. Chávez era esperado no "balcón del pueblo" (sacada do povo), de onde costuma fazer discursos.

Após a divulgação do resultado era possível ouvir o barulho de fogos de artifício por toda Caracas.

Espera-se que Chávez adote um tom conciliador para ganhar o reconhecimento da oposição e evitar uma crise interna, caso a ala radical opositora decida não reconhecer os resultados.

Pouco antes do anúncio dos resultados oficiais Chávez uso esse recurso. "Foi uma jornada memorável, histórica", disse. "Não deveria ocorrer nada que manche o esforço e a vocação democrática que o povo demonstrou", afirmou.

"Chávez sim ficou; um só coração" - gritavam os membros da juventude do partido governista logo após escutar a mensagem do presidente, ainda antes dos resultados oficiais.

No comando de campanha opositor, as caras de desânimo no final da noite revelavam a derrota antes mesmo do anúncio do CNE.

Em pronunciamento, Capriles reconheceu a derrota. "Nesta manhã disse que para saber ganhar é preciso saber perder, para mim o que o povo diz é sagrado". Mas, ele também ressaltou o fato de ter recebido mais de seis milhões de votos. "Nosso tempo chegará", afirmou.

Oposição
Na opinião do analista político Luis Vicente León, da consultoria Datanalisis, apesar da vitória ser inferior à porcentagem de votos obtida por Chávez em 2006, (62,8%), a vitória de Chávez é "suficientemente ampla" para consolidar seu projeto socialista.

"Chávez tende a capitalizar (sua eleição) para alcançar uma vitória maior nas eleições (para governadores) em dezembro e (para prefeitos) em abril", disse.

Na avaliação do analista político Carlos Romero, o desafio de Chávez para o próximo mandato é cumprir seu chamado à "reconciliação" e convocar a oposição para governar. "Há setores da classe média, do empresariado e da oposição que estariam dispostos a participar da vida política venezuelana se forem convidados pelo governo", afirmou.

Durante a semana, Chávez admitiu publicamente ter acionado seu ex-vicepresidente José Vicente Rangel para estabelecer "pontes" com a oposição, numa tentativa de evitar uma crise interna.

Horas antes do anúncio do resultado oficial, o vicepresidente Elias Jaua disse em entrevista à TV estatal que "já é hora de que se convençam que na Venezuela há uma revolução com caráter socialista, mas que em nenhum momento é uma mostra de totalitarismo”, disse.

A comemoração da vitória chavista deve entrar madrugada adentro.

Histórico de Hugo Chávez
Ex-militar que sobreviveu a um breve golpe contra seu governo em 2002, Chávez desenvolveu uma espécie de culto ao redor de si mesmo após se lançar como uma reencarnação messiânica do herói da libertação do século 19 Simon Bolívar, enquanto colocava bilhões de dólares em receitas de petróleo em programas sociais.

As histórias de Chávez sobre sua infância pobre, mas feliz, em uma pequena cidade ajudaram a criar intensos vínculos emocionais com os venezuelanos pobres, que o veem como um membro da família. Por quase uma década, ele conquistou eleitores com clínicas de saúde gratuitas, alimentos subsidiados e novas universidades.

Ao longo do ano passado, ele lançou programas para dar pensões aos idosos, ajuda financeira a mães pobres, e dezenas de milhares de novas casas foram entregues na televisão ao vivo para adeptos cheios de lágrimas.

Contudo, os problemas o dia a dia estão ofuscando o fervor ideológico. Nacionalizações têm enfraquecido a iniciativa privada e dado aos integrantes do partido controle crescente sobre empregos. 

A fraca aplicação da lei, tribunais disfuncionais e armas em excesso tornaram a Venezuela mais violenta do que alguns países devastados pela guerra. Blecautes frequentes são um lembrete desagradável da renda do petróleo desperdiçada.

iG

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