À exceção da militância exacerbada de companheiros que exaltam Fernando
Haddad para fazer o dever de casa exigido pelo Lula; à margem de
neoliberais de carteirinha que identificam em José Serra a salvação
contra o socialismo do governo Dilma; e deixando de lado certos gaiatos
que supõem ser Celso Russomano um novo Jânio Quadros – a imensa maioria
do eleitorado paulistano sabe que nada vai mudar, qualquer dos três que
se torne prefeito da capital.
O descrédito é geral nos candidatos, incluídos os outros. O cidadão
comum vai votar por obrigação ou por hábito, mas sem esperança de que o
resultado das urnas venha a interferir em sua vida diária. Vem de longe a
decepção com os políticos, sejam do PT, do PSDB, do PRB e das demais
legendas.
Essa parece a principal característica das eleições de domingo na
maior cidade brasileira. Caem no vazio as promessas de campanha que
felizmente desaparecerão das telinhas e dos microfones, sendo hoje o
último dia do festival de mentiras. Nada mais parecido com um
companheiro do que um tucano ou um simpatizante do azarão que se tornou
favorito. São todos iguais na inoperância.
As três correntes em choque interessam tanto quanto a influência das
barbas do camarão nas marés do Mar Vermelho. Sabem, o operário da Vila
Maria, o empresário da Avenida Paulista e o escriturário da Zona Central
que o vencedor convocará os amigos, ocupará palácios e percorrerá São
Paulo em carros oficiais, mas sem influir em seus salários e
rendimentos, nem no atendimento nos hospitais públicos, na barafunda do
trânsito e na insegurança das ruas.
A distância entre governantes e governados aumenta a cada dia, sendo a
capital paulista o melhor exemplo do que acontece nas demais cidades do
país. Uns mais honestos, outros menos, nenhum prefeito consegue influir
decisivamente na vida de seus habitantes. Como nenhum governador e
nenhum… (cala-te boca, que a hora não é essa).
Carlos Chagas Tribuna
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