quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Mitos e verdades sobre o socialismo


Há muitas dúvidas em torno do socialismo, sobretudo por causa das mentiras e falsificações promovidas por conservadores e liberais, que na maior parte não possuem qualquer conhecimento a cerca das teorias socialistas. Eles criaram um tipo de falácia do espantalho, passando a chamar de socialismo qualquer coisa que lhes desagradem, ou que possa ser visto com maus olhos pela maior parte do público, na intenção de facilitar as suas "refutações".

O maior de todos os mitos é o que trata o socialismo meramente como sinônimo de "estatismo". Como se sabe, a direita tem essa visão tosca e limitada de mundo que divide os indivíduos em "defensores do Estado" e "opositores do Estado". Por esse ponto de vista, poderíamos colocar no mesmo grupo pessoas como Marx, Lênin, Trótsky, Stálin, Hitler, Mussolini, Keynes e até os antigos reis e imperadores. Todos socialistas e malignos defensores do Estado, é claro.

O socialismo é antes de tudo uma relação de produção e uma forma de se organizar o trabalho. Em resumo, significa o controle democrático dos trabalhadores sobre seus locais de trabalho e sobre outras esferas da vida social, é acima de tudo a eliminação do trabalho assalariado, que é destruído em benefício da construção trabalho associado. Para a construção dessa associação se faz necessária a eliminação da propriedade privada dos meios de produção e troca, a responsável pela existência das classes.

No socialismo, a divisão entre dirigentes e dirigidos morre. Isso não significa que diretores, gerentes, especialistas e administradores serão eliminados, mas que as decisões fundamentais serão tomadas em assembleias. Se um técnico diz: "acho que esse é o melhor método de trabalho a ser aplicado", então ele terá que convencer os trabalhadores disso, ou pelo menos aos delegados eleitos e revogáveis pelos operários. Se o método se demonstrar ineficiente, gerando problemas de produtividade, os mesmos proletários que o aprovaram terão poder para cancelá-lo.

Sob o socialismo, a essência da democracia (poder do povo) seria finalmente colocada em prática. A democracia operária abole o parlamentarismo burguês. Nela, os cidadãos comuns passam a ter uma participação efetiva nas decisões políticas. Podemos imaginar uma rede de conselhos operários organizados a partir dos locais de moradia. Esses conselhos são formados por representantes reconhecidos pela classe trabalhadora, constantemente responsáveis perante ela. Não há um dogma em relação a isso, é apenas uma ideia surgida a partir da própria experiência soviética. 

Os conselhos surgiram em diversos momentos da história, como os sovietes na Rússia e os conselhos de autogestão na revolução espanhola. No capitalismo, os políticos profissionais se reúnem nos seus parlamentos para decidir sobre a vida do povo, sem prestar satisfação aos seus eleitores; na democracia proletária, nenhuma decisão fundamental pode ser tomada sem antes passar pela aprovação popular.

Nenhum sistema coloca tanto poder nas mãos dos cidadãos comuns como o socialismo e sua democracia operária. Assim, defini-lo como estatismo é uma sandice. Ao contrário, apenas através do socialismo se cria as condições materiais necessárias para o fim do Estado, já que o poder político nada mais é do que o resultado de uma sociedade dividida em classes e castas. E enquanto houver capitalismo, as classes e castas permanecerão.

Dizem também que o socialismo mata a liberdade. Primeiro é preciso definir o que se entende por liberdade. De fato, os comunistas jamais acreditaram na liberdade ilimitada, porque ela é uma fraude, uma falácia. Liberdade ilimitada significa que eu tenho o direito de explorar, de promover o preconceito, o racismo, a xenofobia etc. E realmente, isso não é permitido na democracia operária. A direita usa a questão da liberdade como forma de mascarar sua libertinagem. O socialismo põe fim a tudo isso. Não é que os preconceituosos e potenciais exploradores deixarão de existir, e sim que a organização social e política não terá mais qualquer tolerância com esse tipo de coisa.

Para o socialismo, a liberdade tem a ver antes de tudo com o controle do homem sobre o seu próprio trabalho. Ou seja, ela possui uma base material. O trabalho é a principal manifestação da vida humana, é por meio dele que homens e mulheres conseguem os seus meios de existência. Ele ocupa boa parte do tempo de cada um. Se uma pessoa não tem nenhum tipo de controle sobre a fonte de sua existência e sobre aquilo que ocupa boa parte do seu tempo, então como ela pode ser livre?

A verdadeira liberdade, a única liberdade real, só pode ser alcançada sob a associação. E só o socialismo pode criar a associação de homens e mulheres livres. Fora isso, cada um tem o direito de fazer tudo aquilo que quiser, desde que suas ações, discursos e defesas não ameacem a liberdade e a dignidade dos outros. E isso precisamente não tem nada a ver com a concepção que a direita tem de sociedade livre.

É preciso entender que quando a direita ataca o poder estatal, ela não o faz em defesa da liberdade, mas no interesse de ampliar um outro poder: a tirania privada.

Também dizem que o comunismo gera ineficiência econômica. Todos sabem que o socialismo transformou a Rússia semi-feudal numa potencia mundial, na segunda maior indústria do mundo, e isso mesmo com os desvios burocráticos que ocorreram em determinados momentos, desvios que de fato geraram alguns problemas econômicos, mas que não surgiram por culpa do socialismo, e sim por causa das condições materiais em que ele se desenvolveu.

A esquerda não pode evitar que a direita conte mentiras ou invente mitos sobre o socialismo, mas é seu dever combater tudo isso. Para isso, não basta simplesmente xingar ou tratar conservadores e liberais como simples oportunistas aliados da burguesia. Mas também não se deve perder tempo tentando convencê-los de que estão errados, pois eles já sabem que tudo o que dizem é falso. O que a esquerda precisa fazer é dirigir seus esforços e trabalhos para os cidadãos enganados por essas falácias. Para que tomem consciência de que um novo mundo é possível, que a justiça, a fraternidade e a igualdade não são apenas sonhos utópicos, mas algo que pode existir, desde que a maioria se esforce para isso.

Centro do Socialismo

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá.

Primeiramente sou comunista e acredito em um estágio superior da humanidade por esse sistema. Concordo com quase tudo o que está dito acima, menos por uma coisa.

Não se pode dar o exemplo do socialismo que a União Sovietica alcançou para o caso de hoje.

O sistema que a união soviética usou para isso foi uma idéia praticamente de Stálin (não tirando o mérito de Lenin, para mim um governante muito melhor e com boa participação nisso)que, com os planos quinquenais que só foram criados contra a vontade dos proletários graças à ditadura, instituiu metas mínimas para os trabalhadores russos que eram praticamente obrigados a cumpri-las.

E se pelo lado do trabalho os Russos não tinham conforto, pelo lado de bem-estar social também não. Mesmo com as metas mínimas para a produção, a teconologia sovietica era falha e a convivencia de várias familias em uma só casa era habito, problema que foi resolvido por Kruschev depois.

Por isso acho errado passar uma ideia falsa sobre as condições de vida da URSS, que era uma ditadura e priorizava mais o seu crescimento economico (diferentemente do socialismo verdadeiro)do que o social com a ideia de democracia operaria, que não deixa de ser um sistema muito bom mas que precisa de muito feijão e arroz para competir em economia e PIB com o capitalismo.

Doc Costa disse...

É um texto didático, para desmistificar um pouco essa ideia que os partidos conservadores e reacionários, aliados com a grande mídia, fazem sobre a esquerda e o socialismo.