A RESPOSTA DAS RUAS
Há algumas semanas que o povo está nas ruas de norte a sul deste país num gesto de manifestação contra as inúmeras mazelas sociais que nos assolam há décadas, fruto do desgoverno em todas as esferas de poder: federal, estadual e municipal.
Começou nas capitais, posteriormente, atingiu cidades médias e hoje encontra eco também nas pequenas cidades. O estopim foi a luta pela redução das tarifas dos ônibus em São Paulo, mas logo depois, a pauta de reivindicações se ampliou tanto que a população, hoje, exige mudanças maiores, atingindo quase todas as áreas da administração pública.
A corrupção galopante, a precariedade da saúde e da educação, os gastos abusivos para a Copa, o aumento da violência urbana, os baixos salários, enfim, tudo se soma neste “caldo de cultura” que busca emparedar os governantes e protestar contra toda a classe política.
Os sociólogos e cientistas políticos ainda não conseguem explicar com clareza o que isto representa e aonde este movimento popular de massa vai nos levar. A maioria das manifestações são chamadas pelas redes sociais, não há uma liderança efetiva, os grupos participantes são difusos, coexistindo pessoas da extrema direita, facistas, nazistas, jovens alienados, jovens e adultos politizados, membros de movimentos sociais organizados, militantes de partidos de esquerda e sindicatos, ou seja, uma “geléia geral” difícil de equilibrar que provoca ao mesmo tempo manifestação pacífica e atos de enfrentamento com a polícia, que tem sido extremamente truculenta em grande número de casos.
O movimento se coloca como apartidário, rejeita políticos e a presença ostensiva de partidos políticos, fato que merece ser analisado com cautela, pois, os partidos de esquerda, como PSOL, PSTU e PCB não podem ser responsabilizados por estas mazelas já que não fazem parte do esquema de poder governante. Inclusive, estes partidos já defendiam estas demandas antes, em manifestações de ruas bem menores e pela via institucional das campanhas políticas.
A maioria parece não perceber que o fato do movimento ser apartidário não tira o seu caráter político na essência.
Os governantes ainda atônitos começam a responder timidamente reduzindo tarifas de ônibus e preparando uma agenda de medidas ainda não definidas. O governo federal, através da presidente Dilma, acena inclusive, com uma reforma política na forma de plebiscito popular. Provavelmente, nossos governantes estão pensando em “dar alguns anéis para não perder os dedos”.
Dificilmente, farão reformas estruturais na economia buscando reduzir a grande desigualdade social existente no país. Dificilmente vão aumentar os recursos de forma substancial para a realização de políticas públicas redentoras na saúde, educação, segurança pública, saneamento, habitação e transporte público, áreas fundamentais que concentram a maioria das insatisfações brasileiras. Vão querer produzir “melhorazinhas” com a desculpa de sempre, dizendo que é o que se pode fazer diante de “limitações políticas e econômicas”. Quem já viu este filme?
Na minha modesta opinião, a grande resposta tem que ser dada nas urnas em 2014. Temos que alijar através do voto todos estes políticos que traíram nossa confiança e não nos deram a resposta devida durante seus mandatos, seja no Executivo ou no Legislativo.
Precisamos parar de dizer que odiamos política, porque tudo na nossa vida depende de decisões políticas. Não precisamos ficar “experts” de um dia para o outro, mas o ato de votar tem que merecer mais atenção e estudo.
A palavra de ordem para 2014 chama-se RENOVAÇÃO, mas não apenas de nomes, mas também de projeto político.
“Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la.” Bertolt Brecht
Claudio Leitão é economista e membro da executiva do PSOL Cabo Frio. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário