Sobre as manifestações e as alegações de que as manifestações são “sem partido” e que só é válido o nacionalismo, eu primeiro pergunto: Qual Brasil? O Brasil dos negros e pobres excluídos, sem acesso aos serviços públicos de qualidade; ou o Brasil dos 20 centavos, com quase 50% de membros com nível superior, numa sociedade em que cerca de 50% dos jovens não têm ensino Médio?
O Brasil de quem é excluído e tem seu direito de “ir e vir” delimitado pela sua renda, ou de quem quer que o país mude, “mas nem tanto” porque não quer pobre pegando metrô para ir à praia? O Brasil da tarifa zero, dos movimentos sociais, da democracia, dos sindicatos, dos partidos e etc.; ou o Brasil da “minha pátria, meu partido”, conservador travestido de inovador, velho com roupa nova, autoritário, com ódio de classe e que tem pavor de estatização e serviços gratuitos?
Pois eu digo que haverá partidos enquanto houver um Brasil acordado de barriga cheia, com medo do Brasil faminto acordar. Nem o autoritarismo expresso em um pedaço de papel em 1967 com o Ato Institucional nº 2 que proibiu os partidos institucionalmente, acabou com os partidos de fato.
Porque partido não é o que disputa eleição, tem bandeira e marqueteiro. Partido é toda entidade organizada com um objetivo comum. E o que não faltou na ditadura civil-militar foram partidos para derrubar a mesma. Vários jovens de uma quantidade considerável de gerações deram suas vidas, para hoje, todos poderem sair às ruas, para que os partidos fossem legalizados, até mesmo para os que gritam “sem partido” poderem se manifestar.
Não existe unidade porque os interesses são antagônicos, a classe média clama sedenta de sangue pelo fim da corrupção, mas a corrupção passiva, porque não quer mal estar com os patrões. Pede a cabeça dos corruptos, mas não pede a cabeça dos corruptores. Não enxerga que se alguém se vende, é porque alguém compra e fecha os olhos para realidade de onde está a origem do roubo e onde mais se perde (rouba) dinheiro público: A dívida pública que responde por quase 50% da arrecadação total do governo. Além de financiar campanhas que estes devem enxergar como mera caridade eleitoral, mas posso afirmar que quem paga é que escolhe a música, ou seja, pra quem os políticos vão governar: para quem votou neles, ou quem pagou sua campanha?
A origem da corrupção não está em Brasília, no congresso, etc.. Ela está em São Paulo, na Bovespa e nos grandes centros financeiros e industriais. Neste sistema, o que não tem valor de compra e venda, está à margem da sociedade.
Um Brasil que clama pela volta de uma gestão que transformou o país mais rico que economias como Canadá, com uma fraude financeira que quebrou o país por 3 décadas, mas que antes disso já tinha uma distribuição de renda digna de Serra Leoa. E outro que quer mudanças reais, não escondendo as sujeiras pra debaixo do tapete, forçando onde é mais fraco, mas indo na origem dos problemas e trazendo soluções reais e definitivas, não apenas afastando eles da realidade de um dos projetos de Brasil.
Só seguindo o último que resolve de fato o problema da violência, saúde e educação, mas não só quando alguém de classe média morre vítima da negligência do Estado e causa comoção nacional digna da mídia noticiar, mas em um projeto de sociedade onde todos tenham direitos e toda vida tenha o mesmo valor, medida por dignidade e não por números em uma bolsa de valores.
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