Explosão de estrelas de nêutrons observada por astrônomos reforçou teoria de origem do metal precioso
Um brilho estranho no espaço trouxe novas provas de que todo o ouro da Terra foi forjado a partir de colisões antigas de estrelas mortas, de acordo com um estudo anunciado nesta quarta-feira (17). Os astrônomos sabem há muito tempo que as reações de fusão dentro dos núcleos de estrelas criaram elementos mais leves como carbono e oxigênio, mas estas reações não podem produzir elementos mais pesados, como o ouro.
Por causa disso, sempre se imaginou que o ouro foi criado em um tipo de explosão estelar conhecida como supernova. Mas isso não explica totalmente a quantidade do metal precioso no Sistema Solar.
Há cerca de uma década, um grupo de cientistas europeus sugeriu, com o uso de supercomputadores, que ouro, platina e outros metais pesados poderiam ser formados quando duas estrelas de nêutrons se colidem e se fundem. Estrelas de nêutrons são relíquias estelares - núcleos colapsados de estrelas massivas.
Agora, telescópios detectaram uma explosão deste tipo, e a observação reforça a ideia de que o ouro terrestre foi produzido nesse tipo de colisão rara e violenta, muito tempo antes do nascimento do Sistema Solar, cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.
As pessoas "andam por aí com um pequeno pedaço do universo", disse o líder do estudo Edo Berger, do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica.
O telescópio Swift da NASA detectou no mês passado uma explosão de raios gama derivada da colisão de estrelas de nêutrons. A explosão aconteceu em uma galáxia distante a 3,9 bilhões de anos-luz de distância. Cada ano-luz tem cerca de 10 trilhões de quilômetros.
A explosão durou apenas uma fração de segundo. Mas, usando telescópios terrestres e dados do telescópio espacial Hubble, a equipe de Berger notou um brilho estranho que durou dias. A luz infravermelha deste brilho poderia ser uma evidência de que elementos pesados como o ouro haviam sido produzidos pela colisão cósmica, disseram os pesquisadores.
O novo estudo, que será publicado em uma edição futura do periódico Astrophysical Journal Letters, sugere que o ouro da Via Láctea foi produzido de forma semelhante. No entanto, ele não chega a explicar como o metal chegou à Terra. Estudos anteriores sugeriram que o planeta pode ter recebido seu ouro e outros metais preciosos por meio de chuvas de meteoros .
Se a interpretação do novo estudo for correta, "esta notícia é realmente importante", disse o astrofísico da Universidade de Estocolmo Stephan Rosswog, que liderou a pesquisa que usou supercomputadores, mas não esteve envolvido neste novo estudo.
São necessárias mais observações de rajadas de raios gama, mas é provável que fusões de estrelas de nêutrons sejam "um grande caldeirão em que elementos como o ouro são forjados", disse Rosswog.
Imagina-se que estas explosões acontecem na Via Láctea uma vez a cada 100 mil anos. Berger disse que é improvável que outra aconteça na nossa galáxia no próximo século. Mas telescópios podem detectar esse tipo de erupção em galáxias distantes uma vez por mês.
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