sexta-feira, 2 de março de 2012

Relatório diz que tarifa das barcas deveria ser menor

Estudo feito a pedido da agência reguladora, que estabelece a passagem, mostra que bilhete deveria ser R$ 3,18 e não R$ 4,50


A passagem das barcas poderia ser menor do que R$ 4,50, valor que passará a ser cobrado nesta sábado. É o que aponta relatório da Universidade Federal de Santa Catarina, feito a pedido da Agência Reguladora de Transportes do Estado do Rio (Agetransp), sobre a revisão de tarifa da Barcas S.A.. O estudo sugere o valor de R$ 3,18.

Nesta quinta-feira, manifestação reuniu cerca de 500 pessoas na Estação Araribóia, em Niterói, sob a vigilância do Batalhão de Choque da PM. Oficial de Justiça notificou um dos organizadores do protesto de que o ato não poderia causar danos ao patrimônio ou a passageiros e funcionários. O documento estabelecia multa de R$ 5 milhões, em caso de depredação e violência. Muitos passageiros aderiram ao protesto.

O valor de R$ 3,18 é sugerido para o período de fevereiro de 2012 a janeiro de 2013 e consta na página 107 do relatório, no item ‘Conclusões’. A assessoria da Agetransp informou que se trata apenas de projeção. Os técnicos definem o valor para que a concessionária atinja o equilíbrio econômico e financeiro, já que foi constatado ‘rombo’ de R$ 106.584.837,69, nas contas da Barcas entre os anos de 2003 e 2008.

Coordenador técnico do estudo, entregue à Agetransp em junho, o engenheiro civil e professor Rodolfo Nicolazzi Philippi diz que a definição de tarifas é decisão eminentemente política. “A parte técnica se incumbe dos levantamentos de informações e determinação dos custos operacionais”, explicou.

Secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes argumenta que, se a tarifa não for alterada para R$ 4,50, a concessionária pode acumular prejuízo de R$ 350 milhões, somente entre os anos de 1998 e 2008. O estudo da universidade federal, no entanto, revela que, comparando-se valores consolidados em 31 de dezembro de 2002 e 2007, a empresa Barcas S.A. quase triplicou de tamanho no período.

R$ 3,10 a partir deste sábado(?)
A tarifa de R$ 4,50 será paga pelo passageiro que não utilizar o Bilhete Único. Quem fizer o cadastro no sistema pagará R$ 3,10. Os R$ 1,40 restantes serão subsidiados pelo governo estadual. Secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes não explicou como se chegou à tarifa de R$ 4,50 — já que o estudo encomendado pela Agetransp aponta uma tarifa de R$ 3,18, valor muito próximo dos R$ 3,10 que cada passageiro cadastrado no Bilhete Único pagará na prática.

Ele argumenta que o Bilhete Único nas barcas trará mais transparência às contas da concessionária, que detém a exploração do serviço desde 1998, quando foi assinado o contrato.
“Vamos conseguir saber a que horas, que dia e para onde foram os passageiros que usam as barcas. Vai ajudar nas auditorias”, afirma Lopes.

O Grupo JCA, do qual faz parte a Auto Viação 1001, é o principal acionista da Barcas S.A. A 1001 mantém na sua frota quatro linhas que fazem, por terra, o trajeto das barcas: de Niterói ao Rio. Esses ônibus saem de Charitas e seguem para Gávea, Humaitá, Aeroporto Internacioal Galeão e Ipanema.

Grito de guerra, apitaço e até piada contra reajuste de 60,7%
Com gritos de guerra, faixas, megafone, panelas, carro de som e muito humor, manifestantes fizeram apitaço pacífico nesta quinta-feira, em frente à Estação Araribóia, Niterói. O reajuste virou piada na Internet, onde se espalhou montagem de cartaz com foto do cantor Roberto Carlos a bordo da barca, ‘justificando’ o alto preço da passagem.

Cerca de 50 PMs reforçaram a segurança na estação pela manhã. Segundo a Barcas S.A., o horário de rush teve redução de 15% de usuários. Aos gritos de ‘Mãos para o alto, R$ 4,50 é um assalto’, estudantes e integrantes de movimentos políticos distribuíram adesivos e panfletos. Passageiros aderiram ao passar pela roleta com as mãos para cima, como num assalto.

“Quem usa este serviço, que deixa a desejar, é prejudicado. A qualidade precisa melhorar e muito”, enfatizou o passageiro Cristóvão Liberato, 31, apoiado por outros usuários. Inquérito aberto pela 76ª DP (Centro de Niterói), em 28 de fevereiro, investiga a convocação para atos violentos contra o aumento.

Metrô deve restituir saldo do pré-pago
Passageiros têm direito de receber, nas bilheterias, o saldo contido no cartão pré-pago do Metrô Rio. A nova regra vale após a Alerj ter derrubado veto ao projeto de lei 560/2011, do deputado estadual André Lazaroni. Pelo sistema pré-pago, o usuário tem obrigação de uma recarga mínima acima do valor de uma passagem, sendo que este valor não é múltiplo ao valor da tarifa. A diferença gerava saldo que não era restituído ao consumidor.
O Dia

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