“No governo do PSOL, os esportistas terão voz e vez”
O economista Cláudio Peres Leitão, 50 anos, é nascido em Niterói, mas apaixonado por Cabo Frio. Ele concorre pela segunda vez a prefeito do município, dessa vez com uma candidatura mais sólida, com idéias e projetos concretos e apostando na igualdade social como principal bandeira. Leitão, que é casado e tem dois filhos, tem longa história no cenário político do nosso país, sendo um dos fundadores do PSOL e posteriormente participante do conselho diretivo estadual e presidente do diretório municipal do partido, cargo que exerce até hoje. A candidata a vice-prefeito na chapa do PSOL é Dona Dalva, líder comunitária de Tamoios.
Em entrevista ao Na Jogada, Leitão afirma que o esporte é uma
bandeira importante no seu plano de governo. Apaixonado por futebol, mas
praticante de tênis, o socialista conta que até tentou a sorte nos
gramados, mas acabou mesmo nas quadras com uma raquete na mão. “Sou
apaixonado por futebol, mas era um perna-de-pau. Ninguém tocava a bola
para mim, por isso decidi procurar outro esporte e me encontrei no
tênis”, lembrou ele. Com carinho especial pelo esporte que tem como
referência no Brasil Gustavo Kuerten, Leitão afirma que nenhuma
modalidade será esquecida no seu plano de governo: “Todos os esportes
são importantes e quero incluir o tênis nessa também”, brincou.
Acompanhe a entrevista completa:
Na Jogada: Você acompanha o esporte na cidade? O que acha do potencial esportivo de Cabo Frio?
Leitão: Acompanho sim, principalmente os que têm
mais divulgação, como o futsal, o basquete e o futebol de campo, como a
Cabofriense. A gente tem um pouco de dificuldade de acompanhar outras
coisas. O futsal é um esporte com muita tradição em Cabo Frio e é o que
acompanho mais de perto. O Na Jogada presta esse serviço à população de
divulgar, tirar do anonimato pessoas que fazem trabalhos maravilhosos. A
gente pretende dar continuidade a esse trabalho delas. Então, quero
dizer aos esportistas dessa cidade que estamos acompanhando tudo de
perto e, no governo do PSOL, eles terão voz e vez.
Na Jogada: Qual a visão que você tem do esporte como ferramenta social?
Leitão: O esporte tem uma função essencial na
sociedade. O esporte possibilita projetos que ajudam a tirar as crianças
do risco social e ao mesmo tempo facilita o trabalho com idosos, que
passam a exercer atividade física. Nós vemos o esporte como uma política
pública essencial. Vamos dar continuidade ao que tem de bom e implantar
coisas novas pra que possamos avançar nessa área.
Na Jogada: Crê que o esporte também é uma ferramenta para melhorar a saúde da população?
Leitão: A OMS (Organização Mundial de Saúde) afirma
que para cada um real gasto com saneamento básico, são economizados
quatro reais com saúde. O mesmo vale para o esporte. A cada um real
investido lá, economiza-se dois reais na área de saúde. O esporte dá
qualidade de vida. A pessoa que começa desde cedo, lá na escola
integral, por exemplo, lá na frente esse cidadão vai ter uma qualidade
de vida melhor. Ele vai ser um idoso mais saudável, uma pessoa mais
feliz. Com certeza o esporte é um elemento que contribui, e muito, para a
saúde.
Na Jogada: E qual a sua visão sobre o esporte amador em Cabo Frio? Como o poder público pode apoiar seu desenvolvimento?
Leitão: O esporte amador tem que ser ajudado pela
Prefeitura. É muito difícil para algumas modalidades que não têm grande
apelo popular, como basquete, natação ou handball, se estabelecerem. O
futebol consegue mobilizar mais o empresariado local, fazer com que ele
atue de forma mais intensa. Já outras modalidades precisam de apoio do
Estado. A idéia do PSOL é implantar a escola de tempo integral. O
esporte amador vai estar integrado ali para quem quiser. Quem não
quiser, pode escolher outra coisa, como atividade artística, por
exemplo. Vamos dar alternativa no projeto de escola de tempo integral,
que é um projeto que outros prometeram, mas com o PSOL é compromisso. À
exemplo de outras áreas, como por exemplo a cultura e o meio ambiente,
já que pretendemos implantar uma gestão participativa, vamos ouvir os
segmentos envolvidos para, em conjunto, discutirmos uma política efetiva
para o esporte. Queremos uma política que seja agregadora, onde se
obtenha o entendimento quanto a verba, orçamento. O orçamento de Cabo
Frio permite isso na educação, na saúde e no esporte também. Temos que
acabar com o aparelhamento que existe, que é a prática de entregar
secretarias por motivos políticos. Quem vai ocupar a pasta de Esporte no
governo do PSOL é uma pessoa da área, que possa ser consenso e
respeitado entre os demais.
Na Jogada: O governo atual, do prefeito Marquinho Mendes
(PSDB), tem uma política de subvenções ao esporte local. Pretende
continuar com ela?
Leitão: Essa é uma área que teve um avanço. Foi uma
das poucas áreas em que a cidade avançou. É importante que o Estado seja
o indutor desse desenvolvimento do esporte, mas tem que haver
transparência nessa subvenção e nesse investimento. A partir do momento
que não tem transparência, que a sociedade e os envolvidos não
fiscalizam, começam as denúncias e as brigas. Queremos que, na área do
esporte, haja participação de todos e, acima de tudo, transparência.
Na Jogada: E quanto a Cabofriense, que é um time de futebol profissional? Haverá investimento do poder público?
Leitão: Quanto a Cabofriense eu tenho algumas
ressalvas, até porque o clube hoje é uma instituição privada. Colocar
dinheiro público numa empresa privada é uma coisa que precisa ser melhor
estudada. Não estamos dizendo que não vamos fazer e sim que vamos
estudar a possibilidade. Acho que se houver investimento, tem que ser
com foco na divulgação da cidade. Pode inclusive envolver esse
investimento com a parte de Turismo, para ser uma das ações para
divulgação da cidade. Precisamos avaliar isso com um pouco mais de
critério.
Na Jogada: Recentemente, Cabo Frio foi credenciada como
cidade anfitriã no processo de aclimatação para os Jogos Olímpicos de
2016, através do projeto “Cabo Frio na Rota Olímpica”. Você pretende dar
seguimento a esse projeto ou talvez ampliá-lo, pensando também na Copa
do Mundo de 2014?
Leitão: Na verdade, essa é uma coisa que tem que ser
planejada, pena que o governo atual não se planejou para isso. Gestos
de improviso foram tomados. Falei recentemente, em uma entrevista, que
existem duas palavras que são o básico de uma administração e que
deveriam andar juntas, mas em Cabo Frio andam separadas e cambaleantes:
planejamento e gestão. Falta isso há 20 anos aqui. Essas coisas já
deviam estar sendo planejadas, mas não foram. Não foram porque as
pessoas não são colocadas nas pastas de forma correta. As nomeações são
políticas e não técnicas, então o cara quando assume não desenvolve as
funções que tem que desenvolver. As pessoas que vamos colocar nas pastas
vão dar um direcionamento a essas questões como as da Copa e das
Olimpíadas.
Na Jogada: E quanto aos esportes náuticos? Eles costumam ser
usados para divulgar as belezas da cidade, como faz Búzios, por exemplo.
Haverá algum investimento nesse sentido?
Leitão: O que nós temos discutido é a falta de
aproveitamento das potencialidades de Cabo Frio. Nessa discussão, nós
rodamos, rodamos, rodamos e acabamos sempre na mesma coisa: planejamento
e gestão. Já ouvi muita gente falar que a Lagoa de Araruama é uma das
melhores raias do mundo para esportes de vela ou até mesmo esportes
náuticos sem vela. Então como pode a gente não aproveitar esse
potencial? O turismo do esporte náutico agrega qualidade. O praticante
de esporte náutico é um turista de alto poder aquisitivo. Não só o
praticante, mas os turistas que esses esportes atraem. Isso está
atrasado. A ação do governo é tão ineficaz que Arraial do Cabo e Búzios
vão ganhar marina publica e Cabo Frio não. Faltou corpo técnico na
Prefeitura para contatar o Governo Estadual e captar essa verba. Faltam
pessoas certas nos lugares certos para que nós possamos explorar todo o
potencial daquela pessoa em políticas públicas, em ideias. Investindo em
coisas como esporte e o turismo, podemos aumentar a geração de empregos
para a cidade. É isso que o governo do PSOL vai buscar para reparar
essas promessas que há 20 anos não são cumpridas. Nós queremos
transformar Cabo Frio em uma cidade turística, esportiva e
ambientalmente sustentável.
Na Jogada: Passando para a questão dos programas públicos que
visam beneficiar o esporte, o que você acha do projeto “Bolsa Atleta”?
Acha que é viável implantá-lo na cidade?
Leitão: O Bolsa Atleta é uma grande idéia. O que nós
queremos é ouvir as pessoas que militam no esporte e dali extrair uma
política pública para a área. Mas para exercer essas políticas, o
governo tem que ver a questão orçamentária. Para implantar um projeto
desses é preciso ver se cabe no orçamento. De repente, o projeto pode
começar de forma mais tímida e depois crescer. Em tese é uma excelente
idéia, mas temos que adequar ao orçamento que esse ano é de 800 milhões
de reais, mas para o ano que vem está previsto para 1 bilhão. Esse
dinheiro tem que ser devolvido à população em forma de políticas
públicas. O Bolsa Atleta é uma dessas políticas públicas de benefício à
população que nos agrada bastante. Se couber na previsão orçamentária,
será implantada com certeza.
Na Jogada: Agora falando sobre um projeto local, o “Novo
Cidadão”, que hoje atende a oito mil crianças no município. O que você
acha dele? Pretender dar continuidade?
Leitão: Acho um projeto importante. No entanto, ele
se dá pela falta que Cabo Frio tem de um projeto educacional mais amplo.
Com as escolas de tempo integral, vamos proporcionar atividades
físicas, esportivas, dependendo, é claro, da estrutura da escola. Vamos
ter que reformar algumas escolas e fazer novas. É um projeto que tem que
ser implantado ao longo do período de governo. Você não vai transformar
a rede de ensino em escola pública de tempo integral de uma hora pra
outra, é um projeto gradativo. Enquanto a gente não vai integrando, pode
dar continuidade ao Novo Cidadão, que ainda é um projeto modesto. Acho
que ele tem resultados modestos, visto o risco social que nós temos em
Cabo Frio. Queremos ter a oportunidade de ampliar este projeto e
integrá-lo a outras iniciativas.
Na Jogada: Por fim, o que os esportistas de Cabo Frio podem esperar do candidato Cláudio Leitão?
Leitão: Os esportistas podem contar com o PSOL.
Vamos ouvir os Conselhos Esportivos. Queremos que eles participem e
façam parte da gestão. Só assim você consegue integrar a cidade e obter o
desenvolvimento para Cabo Frio. Uma questão importante, por exemplo, é
que a cidade quase não tem locais públicos para a prática de esporte.
Vamos acabar com isso. Nosso objetivo é construir parques públicos para o
esporte. Vamos achar esses locais. Agora, vai ter que ter tênis também
(risos).
Na Jogada
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