Às vésperas da 22ª Bienal do Livro de São Paulo, que vai de 9 a 19 de
agosto, o país contabiliza oficialmente cerca de 200 festivais e feiras
literárias, segundo calendário organizado pela Fundação Biblioteca
Nacional (FBN).
Além de um levantamento, o calendário se propõe a
facilitar apoio oficial a esses eventos, que podem receber R$ 100 mil
(feiras grandes e médias) e R$ 50 mil (feiras pequenas) diretamente, ou
apoios variados, por meio de editais de renúncia fiscal atrelados à Lei
Rouanet, do Ministério da Cultura (MinC).
“Nestes momentos [durante festivais e feiras literárias], os meios de
comunicação entrevistam escritores, falam sobre leitura, mostram a vida
de leitores que transformaram suas vidas graças aos livros e à leitura.
São momentos em que a sociedade para e presta a atenção. Ao mesmo tempo
são oportunidades para aqueles que vivem de livros, vivem de literatura
terem esse contato mais próximo. Uma e outra coisa são oportunidades
para ajudar a fomentar a leitura na sociedade”, disse à Agência Brasil o presidente da FBN, Galeno Amorim.
Segundo Amorim, o foco principal da instituição está no apoio às
atividades descentralizadas, nas periferias das grandes cidades e em
cidades do interior.
Descentralização
A diversidade de feiras (eventos mais comerciais, com maior diversidade
de títulos trazidos por livreiros e editoras) e de festivais (mais
focados no desenvolvimento de um “gosto pela leitura, com maior
participação de autores e discussão de temas e obras”) é hoje alvo de um
esforço de ampliação pelo governo, que busca combater sua concentração
no eixo Sul/Sudeste. Sem sucesso até o momento, como admite o
coordenador-geral de Economia do Livro da FBN, Jorge Teles.
“Há uma carência muito grande que a gente percebeu no diálogo com as
regiões, primeiro de que o próprio poder público local, em algumas
cidades, valorize a cultura, o livro e a leitura. Várias das ações que
nós gostaríamos de fazer não foram realizadas porque é um ano muito
delicado para fazer estímulos junto ao poder local, por conta do período
eleitoral”, explicou Teles, que afirmou que mesmo a preferência, no
último edital, por projetos das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste
não foi suficiente para a descentralização esperada pela FBN, a exemplo
de editais de outros setores culturais promovidos pelo MinC.
Segundo o gestor, deve ser levada em conta, ainda, a falta histórica de
apoio do governo federal para feiras e festivais e a falta de equipes
nos municípios que se dediquem a conhecer os canais de financiamento e
preparar projetos para aproveitá-los. “Após o final do embargo
eleitoral, nós apoiaremos novos festivais e há uma grande demanda de
projetos para 2013. A gente está muito animado com isso, pois achamos
que as regiões Norte e Nordeste vão fazer um trabalho muito interessante
no próximo ano”, disse.
Grandes eventos, como a Bienal do Livro de São Paulo, tem papel
relevante nesta política, ainda que tenham um efeito de centralização de
mercados. “Para tornar o Brasil um país de leitores você vai trabalhar
com criação, que é a parte dos escritores e vai trabalhar também com
produção e difusão do livro. Isso tem o seu clímax nas grandes feiras de
livro. A ideia é fazer com que o livro chegue mais perto do cidadão.
Então nada melhor do que uma boa vitrine e as feiras são uma ótima
vitrine. Nossa preocupação não é com o gigantismo, mas com a não
existência de alternativas”, disse Teles.
EBC
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