Quem chega ao bairro da Posse, em Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro, ouve logo de início o aviso dos moradores e dos raríssimos comerciantes do local: depois das 19h ou 20h não é bom ficar de bobeira na rua. O lugar, eles garantem, virou “um fantasma” após as fortes chuvas que deixaram quase 400 mortos na cidade, há um ano.
Já perto dali nem é preciso ser avisado: é fácil perceber que pouco sobrou do bairro de Campo Grande, mais da metade dizimado com o deslizamento de pedras cujo tamanho e quantidade, a olhos vistos, ainda impressiona.
Às margens do vale de pedras em que se transformou Campo Grande, os poucos moradores que sobreviveram estão em casas próximas a um riacho formado após a tragédia e na direção de morros de onde as pedras deslizaram em janeiro de 2011.
Eles contaram à reportagem do UOL que não recebem aluguel social e que só não deixam as construções --algumas, em risco evidente não apenas pela localização, como pelas rachaduras expostas-- porque não têm garantias de área segura e definitiva para onde ir.
"É fechar os olhos e lembrar dos gritos"
“Eu não tenho amor a uma casa, mas à minha vida. Se tivesse para onde ir, já tinha me mudado daqui. Estou desesperada para me mudar. A qualquer hora que fechar os olhos a gente vai lembrar das pessoas pedindo socorro, gritando”, diz a empregada doméstica Lourdes Rocha da Silva, 51.
UOL
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