segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Acorda Brasil! Você precisa é de educação!


SÃO INÚMEROS OS ASPECTOS QUE DISTINGUEM OS MODELOS EDUCACIONAIS DOS PAÍSES QUE SE DESTACAM DAQUELES QUE ALIMENTAM SISTEMAS RETRÓGRADOS COMO O BRASIL



O prestigiado autor do livro “Basta de Histórias!”, Andrés Oppenheimer, considerado pelo Jornal Folha de São Paulo como “o mais respeitado colunista de assuntos latino-americanos da imprensa norte-americana”, me fez refletir com intensidade, ao longo do recesso parlamentar, sobre a evolução de alguns países de outros espaços do globo terrestre, a exemplo de China, Singapura, Coréia do Sul e Finlândia através da educação. Do mesmo modo, o conceituado articulista me fez pensar sobre o reprovável atraso do Brasil nesse setor.

Levando em consideração avaliações de alunos e sistemas de ensino em diversas áreas do planeta como o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, a obra confirma a coincidência e preponderância em termos de celeridade no desenvolvimento socioeconômico daqueles que investiram maciçamente em educação de qualidade.

São inúmeros os aspectos que distinguem os modelos educacionais dos países que se destacam daqueles que alimentam sistemas retrógrados como o Brasil. Diferenças evidentes como a carga horária escolar das crianças nos obriga a repensar os métodos e procedimentos. Milhões de crianças chinesas estudam de 12 a 14 horas por dia. Já na América Latina esse período é bem inferior. Além disso, países como o nosso têm uma quantidade exorbitante de feriados que interrompem a realização de aulas e prejudicam sobremaneira o aprendizado dos estudantes.

Uma das críticas pertinentes que Andrés Oppenheimer faz ao sistema latino-americano é que “nas últimas décadas, a América Latina aumentou significativamente a cobertura educacional, o que é louvável. Contudo, muitos países não fizeram isso construindo mais escolas, e sim reduzindo as horas de estudo e acomodando mais alunos nas já existentes. Ganhamos em quantidade, mas perdemos em qualidade, em vez de investir em ambas”.

No livro de Andrés encontramos comentários de César Graviria, ex-presidente colombiano e ex-secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o tema. Trata-se na verdade de diagnósticos excelentes que impõem avaliações as autoridades e algumas ponderações. “O problema da América Latina não é um problema de crescimento econômico, mas de educação. Nós temos uma ideia economicista, oriunda do Consenso de Washington, segundo a qual a economia é que vai nos salvar. Claro, a economia é um pressuposto necessário, mas, se não for acompanhada por uma educação de qualidade, não adianta. É um erro acreditar que todos os problemas da sociedade se resolvem com crescimento econômico: o crescimento econômico não resolve a pobreza, a pobreza é resolvida com educação”.

A péssima qualidade da educação é responsável pelo aumento das desigualdades sociais. Estudantes que não foram bem preparados nas escolas sofrem no mundo competitivo em que vivemos, perdendo sempre as oportunidades para aqueles que foram contemplados com as melhores condições de adquirir conhecimentos. Somente com um sistema educacional contemporâneo é que um país pode alcançar os melhores níveis de desenvolvimento. Segundo Andrés, “na Finlândia, por exemplo, os alunos com baixo rendimento recebem atenção personalizada de professores especiais em suas escolas, e se, apesar disso, não conseguirem acompanhar o ritmo dos colegas de classe, são enviados a escolas de educação especial onde podem contemplar seus programas de estudo mediante sistemas de aprendizagem apropriados a eles”. Não tem como não aprender!

Outro dado enfatizado por Andrés é o fato de que nessas localidades os professores além de serem selecionados com o maior rigor, são remunerados satisfatoriamente. Na Finlândia, os professores são admirados por toda a sociedade. Integrar a conceituada categoria do magistério é um sonho acalentado por todos os jovens. Somente 10 % dos alunos com as melhores médias no ensino médio podem entrar para o curso na universidade e virar professor. Em cada classe nos estabelecimentos de ensino há um professor titular e um assistente, além de outro que fica numa sala extra, dedicado a oferecer aulas particulares para alunos que tiveram dificuldades em entender a matéria do dia. Os professores titulares têm obrigatoriamente mestrado em educação e ganham entre 2.500 e 3.000 euros, segundo o seu nível de experiência. Já os assistentes têm obrigatoriamente licenciatura e ganham um pouco menos. Os professores especiais, encarregados das aulas personalizadas para aqueles que têm maior grau de dificuldade, é um dos segredos do sucesso da educação finlandesa.

Na Finlândia, os salários dos professores universitários são fixados segundo os méritos do docente, mas em geral oscilam em torno de 5.700 euros mensais, além de abono de fim de ano, o que dá uma remuneração anual em torno de 100.000 euros.

Os países que tratam a educação como verdadeira prioridade estão bem situados no ranking da economia mundial. Alguns deles não possuem sequer recursos naturais abundantes como o Brasil. Singapura, por exemplo, importava até pouco tempo, água para o consumo humano, entretanto, em razão do seu avanço tecnológico, hoje dispõe de um moderno processo de dessalinização que possibilita o uso da água do oceano para atender as suas demandas. O que faz um país progredir economicamente é o cérebro do seu povo.

Na era da informação, as principais riquezas geradas são praticamente imperceptíveis. Bill Gates acumulou uma extraordinária fortuna vendendo conhecimento. Os países que estão progredindo de maneira sustentável são aqueles que investem no seu maior patrimônio: as suas crianças. No mundo atual quem ganha dinheiro nem sempre é o que trabalha mais, mas sim o que raciocina com eficiência. Existem casos como o das confecções, em que países alistam verdadeiros batalhões de costureiros para preparar peças, mas outros possuidores de inteligência e capacidade de divulgação e marketing, apenas afixam etiquetas que tornaram famosas e acabam lucrando dez vezes mais do que aqueles que efetivamente desenvolveram as principais atividades produtivas.

Não vou falar aqui sobre resultados da boa educação, nem tecnologias e inventos extraordinários que mudam para melhor a medicina a indústria automobilística, as telecomunicações, a engenharia, a informática, enfim, eventos que propiciam dias melhores para a humanidade. Vou me ater a dizer da minha preocupação com os enganos que estamos vivendo em nosso país e o quão distante estamos ficando em relação à prosperidade que alcançam os países retro-mencionados e outros tantos que aludirei em novos escritos. Estamos atrasados e discursando como se estivéssemos na vanguarda do planeta. Seria vergonhoso para nós estabelecermos comparações entre o nosso sistema educacional e o da Coréia do Sul, ou da Finlândia, ou da China, ou de outros países sérios que enxergam a educação como a mola propulsora do desenvolvimento. Tais comparações nos levaria a um vexame inimaginável.

Em termos de inventos, de registros de patentes, de resultados de pesquisas estimuladas pelo governo, somos apenas um país subdesenvolvido com os avanços tolerados aos vendedores de matérias-primas. Se os governantes continuarem iludindo a população apresentando números com efeitos de curto prazo, o país não alcançará os patamares desejáveis. É preciso urgentemente investir muito em educação de qualidade. Carecemos de cérebros, de cientistas, de inventos importantes. Enquanto países com populações bem menores já ganharam diversos nóbeis de física, química, economia, medicina, aqui somos apenas expectadores. Por quê?

O crescimento econômico tão propagado por aqui é algo frágil. Somente a educação nos proporcionará as condições de competir realmente com aqueles que se consolidam a cada dia como líderes do conhecimento. É chegada a hora de valorizar os nossos professores e transformar as nossas escolas e universidades em caminhos para a real felicidade. O Brasil deve crescer economicamente sim, mas para se tornar efetivamente desenvolvido e capaz de vislumbrar uma melhor perspectiva de futuro para o seu povo, necessita investir no cérebro, no intelecto, na inteligência das crianças e dos jovens. Acorda Brasil! Você precisa é de educação!
Brasil247

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