sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Os mensaleiros e os ladrões de galinha

Depois de todos os elogios ao Supremo Tribunal Federal, aberta que está a avenida para a condenação da maioria dos mensaleiros, surge o primeiro buraco no asfalto. Ironicamente, coube ao caminhão do ministro Cezar Peluso diminuir a marcha, ele que até prisão determinou para os primeiros cinco réus. Porque ao fixar a pena para o deputado João Paulo Cunha, Marcos Valério, Henrique Pizzolato e dois penduricalhos, o mestre parou nos seis anos. Três por corrupção passiva e três por peculato. Significa que pela lei vigente o ex-presidente da Câmara teria direito a regime semi-aberto, caso não recebesse outra condenação por lavagem de dinheiro. Traduzindo: ficaria em casa durante o dia, obrigado apenas a dormir na cadeia.

A pergunta que se faz é porque, então, o ladrão de galinha fica preso durante o inquérito e o julgamento e, depois, continua trancado em tempo integral, sem direito a beneficio. Por ser pobre, não dispor de excepcionais advogados e carecer de diploma universitário? Deveria ser a lei igual para todos. Quantas galinhas poderiam ser compradas com os 50 mil reais oferecidos por Marcos Valério? Muitas mais, até um aviário, por conta do contrato de publicidade celebrado entre eles.

Claro que a pena para esse primeiro lote de bandidos não estava completa. Mais um voto em favor da acusação de lavagem de dinheiro, dado pelo presidente Ayres Brito,  determinou que os seis anos de prisão aumentem, nesse caso em regime fechado. Resta aguardar, sem desejos de vingança, mas tendo presente haver chegado a oportunidade de a Justiça demonstrar serem todos iguais perante a lei.


A MAIOR DAS EVIDÊNCIAS
Do julgamento, até agora, vai ficando claro que por ampla maioria os ministros do Supremo Tribunal Federal reconhecem a existência do mensalão. Só dois ficaram com a alegação de que tudo se resumiu à coleta de dinheiro para pagar despesas de campanha eleitoral. Em situação difícil ficam o ex-presidente Lula, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, os réus e seus advogados. Houve mesmo compra de votos parlamentares com dinheiro público. O ex-presidente Lula afirmou nada saber da operação, dizendo-se até traído pelos maus companheiros, isso antes de adotar a sugestão de seu então ministro da Justiça, de enfiar tudo debaixo do tapete do caixa dois.

Já o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu, deixou escapar num de seus desabafos que nada do que se passava no palácio do Planalto era desconhecido do presidente.

À medida em que o processo se desenvolve, mais apertado fica o colarinho de todos. Não seria melhor que reconhecessem a verdade, de uma vez por todas?


PÁ-DE-CAL
Quem jogou a pá-de-cal na mentira da ausência do mensalão, ontem, foi o senador Pedro Simon, na tribuna do Senado. Ele defendeu que o ministro Cezar Peluso deveria ter apresentado seu voto completo, condenando ou absolvendo os outros réus. E concordou com a ministra Carmem Lúcia, de que o Brasil realmente mudou.

Dos maiores críticos da impunidade no país, o representante do Rio Grande do Sul lembrou a lei da Ficha Limpa, dizendo que ela se liga fundamentalmente ao mensalão. Porque ninguém acreditava que a lei fosse aprovada, assim como todos imaginavam que o julgamento em curso no Supremo acabaria dando em nada. Felizmente, aconteceu tudo ao contrário…

Carlos Chagas  Tribuna

02/09 - 2º BICICLETAÇO com FREIXO!!!





Investimentos em energia eólica devem chegar a R$ 40 bilhões até 2020

A energia eólica vive agora nova etapa de competitividade no país, com previsão de investir, até 2020, mais R$ 40 bilhões. Essa nova fase, iniciada em 2009, totaliza a contratação de 6,7 gigawatts (GW) de potência, ao preço de R$ 100 por megawatt-hora (MWh).
 
Os primeiros investimentos em energia eólica no país foram feitos em 2004, com subsídios do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). O objetivo era trazer novas tecnologias e formas renováveis de produção de energia, entre elas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), biomassa e eólica.

A eólica é a segunda fonte mais competitiva no país. “Hoje, ela só não é mais barata que as grandes hidrelétricas”, disse à Agência Brasil a presidenta executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo. Questões de tecnologia, mercado e financiamento serão debatidos pelo setor, a partir de hoje (29), no Rio de Janeiro, durante o 3º Brazil WindPower. É o maior evento da indústria eólica da América Latina e se estenderá até o próximo dia 31.

O investimento feito pela indústria eólica em todos os leilões realizados no Brasil, entre 2004 e 2011, alcançou R$ 25 bilhões. O potencial eólico no país soma 300 GW e está concentrado, basicamente, no Nordeste e no Sul, com destaque para os estados da Bahia, do Rio Grande do Norte, Ceará e Rio Grande do Sul, disse Elbia. O número foi revisto este ano, com base na nova tecnologia implantada. O primeiro levantamento, realizado em 2001, identificou potencial para geração eólica da ordem de 143 GW.

Em junho deste ano, o indústria eólica completou 2 GW de capacidade instalada para gerar energia, distribuídos por 71 parques. Até o fim de 2016, a meta é inserir no sistema elétrico nacional 8,4 GW de potência eólica, o que significará 5,4% de participação na matriz elétrica brasileira, contra os atuais 1,5%. “Vai crescendo ao longo dos anos e deve chegar, em 2020, a um patamar de 15% de participação da fonte eólica, se nós mantivermos esse ritmo de contratação”. A previsão é vender em leilões cerca de 2 GW por ano.

“O cenário da eólica é bastante favorável em termos de perspectivas futuras porque, além de inserir essa fonte na matriz, nós trouxemos a cadeia produtiva, de suprimentos, como um todo”, frisou. Como se trata de uma fonte intensiva em capital e tecnologia, o número de fabricantes de equipamentos no país passou de dois, em 2008, para 11, no ano passado.

Questões tecnológicas explicam a grande competitividade apresentada pela fonte eólica, disse Elbia. As torres para produção de energia a partir dos ventos, que tinham 50 metros de altura até 2009, hoje têm 100 metros. Ela destacou que essa mudança melhorou a captação do vento e a produtividade, tornando os custos de produção mais baratos.

EBC

10 coisas pra aposentadoria de Serra

No dia 7 de outubro próximo terá fim a carreira de um dos melhores exemplos para ilustrar os conceitos do oportunismo, do carreirismo e do maucaratismo na política brasileira.

Tudo indica que José Serra será derrotado nas urnas no dia 7 de outubro ou, no mais tardar, no segundo turno da eleição à prefeitura de São Paulo (SP), a ser realizado no dia 28 de outubro.


Nesta quarta-feira (29)
foi divulgada pesquisa do Datafolha que indica a inviabilidade eleitoral de Serra na disputa da capital paulista. Com rejeição gigantesca de 43% e ascendente e apoio de apenas 22% dos eleitores, índice cada vez menor, tem ficado evidente também o abandono da sua candidatura até mesmo pelo próprio partido. Celso Russomano (31%) lidera a disputa e o petista Fernando Haddad (14%), até há pouco desacreditado por todos, já aparece no retrovisor do tucano.

Com a derrota iminente, aproxima-se e o outono político daquele que se acha(va) “o mais preparado” dos brasileiros para ser presidente.

  
Ao longo da sua longa trajetória, Serra acumulou inimigos e adversários políticos dentro e fora do seu partido e do seu campo ideológico. Ele poderia tranquilamente entrar para o Guinness Book como o político com a maior quantidade e diversidade de desafetos políticos da história.

A partir de novembro, Serra, 70 anos, deve levá-lo a se ocupar como alguma coisa diferente de disputar eleições.


Seguem então 10 sugestões de coisas para o Serra fazer na aposentadoria.


1- Ir para a Itália morar com Diogo Mainardi e regressar às suas origens.


2- Ir para Washington trabalhar na CIA como “analista” internacional, ainda que possa não durar muito no cargo.


3- Virar comentador político no Twitter em tempo integral.


4- Juntar-se a Merval Pereira na Academia Brasileira de Letras.


5- Assumir a direção editorial da Folha de São Paulo, deixando Otavinho inteiramente disponível para o “livre pensar”.


6- Apresentar o programa “Trololó da Madrugada” na Band, com direção do Boris CCCasoy.


7- Abrir uma consultoria com Paulo Preto de “apoio técnico a empresas interessadas em competir em licitações públicas no mercado da construção civil”.


8- Formar uma dupla sertaneja com Reinaldo Azevedo.


9- Lutar pela emancipação da República Autônoma Quatrocentona dos Jardins e Higienópolis.


10- Se nada der certo, fazer um implante capilar e pedir asilo político (junto com a Soninha) ao Uruguai, a nova terra da liberdade.

 Conexão Brasília-Maranhão

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Michele Bachmann do Tatuapé

Essa "mocinha" é a nova cara da direita em São Paulo...mas as atitudes não tem nada de novo, são os mesmos anacronismos de sempre!
Foi uma aula de política a distância. A dois meses das eleições, Dani Schwery, candidata a vereadora pelo PSDB de São Paulo, cristalizou em um só post no Facebook toda a ideologia conservadora escondida na polidez da direita brasileira. A “piadinha básica do dia” falava de um prédio de quatro andares incendiado. No primeiro viviam famílias de sem-teto, filhos de presidiários com auxílio do governo. Morreram todos. No segundo, “retirantes” sustentados pelo Bolsa Família: pereceram. No terceiro havia famílias de ex-guerrilheiros, beneficiários de ações judiciais contra a ditadura, filiados “a um ParTido político influente”. Ninguém sobreviveu. Só no quarto, onde viviam engenheiros, advogados e outros “trabalhadores”, todos escaparam. A presidenta mandou instaurar um inquérito para saber por que morreram os “cumpanheiros” e só escaparam os moradores do quarto andar. A resposta: “Eles não estavam em casa. Estavam trabalhando”. No fim do post, Dani arremata: foi a melhor do ano.


Na manhã seguinte, ela respondeu às críticas sobre o suposto fascismo disfarçado de humor. Mas retratação não é um termo do seu vocabulário, tão ­pródigo em palavrões como econômico no uso de vírgulas e acentos. “Choveu denuncia por causa de uma piadinha!”, ironizou. “I AM BACK pior que antes. Mais anti vagabundo (sic) e oportunista que nunca!!!” Pelos excertos virtuais vê-se que Dani existe em carne e osso e, parece, é autoconsciente.

 Tem 32 anos e é ariana, “pois nasci sob o signo de Áries”. Formada em Direito, “mas não atua”, é “extrovertida, desbocada, mas que tem um lado extremamente altruísta”, descreve-se em terceira pessoa. “A Dani adora beber uma cervejinha com os amigos” e “tirar sarro de corintianos e petistas”, pois “tem um humor sarcástico, irônico e escrachado, ora dando a falsa impressão de ser preconceituosa, mas não o é”. Ela usa piadas “para fazer críticas sociais”, as pessoas é que são burras. “Isso mesmo, BURRAS! Eu, como candidata, não devia dizer isso? Lamento, não deem motivo então! Ou então digiram (sic) aí o significado da palavra BURRO com direito a relinchada, pode bater o pezinho também.”

A bacharel fez cursos na FGV, Fiesp e OAB. “Estudei um pouco em Londres, e mais um monte de outros cursos… mas e daí? Formação só tem valor se vem junto com caráter e ‘culhão’. Isso eu tenho de sobra.” Por que ela decidiu deixar o balcão de seu restaurante no Tatuapé, na zona leste de São Paulo, para se candidatar à Câmara? “Eu adooooro política, adoro um bate-boca, adoro um barraco.”

 Dani já sofreu “muito abuso” na vida. “O que é então aguentar uma cambada de caga decoreba que adora citar o livro ‘O Príncipe’”? Até porque “uma pessoa que quer ir para a política não pode ser normal. Sou sadomasoquista, só pode! Porque basta entrar nisso que já vem gente de tudo que é lado me linchar. E quer saber? Foda-se!”

O avatar de Daniela parece um monstro que, após várias camadas de inserções, ganhou vida própria na internet, como atestam seus quatro ­blogs. No Diário de uma Louca, ela diz ter nascido “num contexto familiar bem podre”. “Meu pai é um escroto, valores deturpados, sem princípios, hipócrita, manipulativo, controlador, ardiloso, ditador, um podre enfim. Signo: ­escorpião. Por aí já façam uma ideia.” A mãe era abastada, mas caiu nas garras dele. “Eu apanhava por qualquer motivo.” A culpa era da irmã, uma gorda invejosa. “Isso aí é meu DNA. Imaginem como meu psicológico não ficava arrebentado e imaginem as consequências disso tudo.” O resto é psicanálise. Verdade: a cada eleição, uma nova revoada de criaturas exóticas em busca de um lugar ao sol no horizonte da política se abate sobre o País. Para conquistar espaço, a regra é fazer barulho – e não se inventou lugar melhor que as redes sociais. ­Alimentando-se nas pastagens do Facebook e do Twitter, os neófitos do hábitat eleitoral ganham plumagem vistosa, assumem posição de liderança e compartilham o ranço trazido dos confins do universo pessoal. Mas poucos têm a audácia de dizer tanto e tão pouco.

Quando alguém disse que ela resumia o que Serra pensava, mas não tinha coragem de dizer, a resposta veio em 2002 palavras. “Humor/sátira também é ferramenta de crítica, cada um entendeu a piada como quis e nesse tocante não sou responsável pelo entendimento do outro (…) que quis por opção de ordem pessoal interpretar.” Show de retórica. “E convenhamos, temos direito ao preconceito.”

A análise então migra para um misto de sofística e história para embalar bovinos no sono do niilismo cibernético. Os petistas seriam como Stalin. “Você é um monstro assassino e sanguinário então, nós, do PSDB, somos fichinhas comparados a vocês neste caso.” No frêmito, ela beira a santidade. “Me sinto elogiada por você e a sua turminha quando chamada de fascista.” E arremata: “Vamos deixar claro que trata-se de uma ironia (…) visto que o sarcasmo é algo como enfiar uma jaca no meio do c… de vocês”.

Em um vídeo do YouTube, a exterminadora de “petralhas” contracena com um rapaz de vermelho, que surge com um livro de Marx para ouvir dela: “Vai trabalhar”. Um padre aparece e os dois o exorcizam, até ele acordar de camiseta azul, crente que “o capitalismo é uma coisa boa”. Em outro, seu séquito surge disposto a resolver os problemas do País. Após fazerem um chá de fita, decidem faltar ao trabalho e pedir uma bolsa ao governo. Para quem a acusa de vazio programático, ela rebate: seu foco é “fazer as pazes com a polícia” e melhorar o trânsito. “Já notaram que amarelinho ou policiais civis adoram tumultuar com São Paulo bem no horário de pico?” Dani parece uma Michele Bachmann do Tatuapé. Catapultada à candidatura à Presidência dos EUA por ecoar os ressentimentos e preconceitos da direita em disparates na mídia, Bachmann divertiu as primárias. Para um País que elegeu Tiririca, Dani parece ser a última fronteira.

Carta Capital

A Reforma Estapafúrdia do Ensino Médio


Querem professores de ensino médio generalistas como os do ensino do 1º ciclo do Fundamental. O aluno esperará a faculdade para ter professores especialistas. Será tarde demais!

A ideia que o Ministério da Educação (MEC) tem para melhorar a educação brasileira é a extinção do "professor de colégio". Nunca pensei que se chegaria nisso. É fantástico: não havendo mais a figura do professor, tudo se resolve.

A reforma que o MEC propõe para o ensino médio se resume nisto: ficam extintas as disciplinas tradicionais -português, história, física, filosofia etc. Seus conteúdos devem ser diluídos em "áreas", criadas sem respaldo epistemológico, mas apenas como reflexo do mal arrumado Enem.

A proposta foi tema de dois textos nesta seção no último sábado. Com ela, o MEC atual repete o erro da ditadura militar. Pela Lei de Diretrizes e Bases de 1971, foi feito algo parecido, tendo sido necessário voltar atrás sete anos depois, quando foi constatado o fracasso da reforma.

Como não nasci ontem, posso dizer quais as principais consequências da reforma atual proposta.

1) A primeira é gravíssima: desaparecendo a disciplina, desaparece a figura do professor da escola média, ou seja, o tradicional professor de colégio, uma vez que é pelo domínio de um conteúdo específico que ele se caracteriza.

O professor do ensino médio será um generalista igual ao professor do ensino das primeiras séries do ensino fundamental. Ele poderá ser despejado dentro das tais áreas e, conforme o jogo de forças interno a elas, descartado. Professor sem disciplina no âmbito do colégio não é professor.

2) Não havendo mais a profissão de, por exemplo, professor de física, de filosofia ou de história, para que serviriam os cursos de licenciatura na universidade brasileira? Para nada. Isso vai causar desprestígio ainda maior da carreira do magistério e o fechamento das licenciaturas na universidade.

3) Não existindo mais disciplinas na escola média, queiram ou não, haverá um vácuo de três anos na vida do jovem.

As áreas não funcionarão de imediato (se é que algo assim possa funcionar um dia!), como sempre ocorre nesses casos de mudanças esdrúxulas. Haverá, então, o caos na escola: não se saberá que tipo de professor deverá ficar com os alunos e, ao fim e ao cabo, teremos rapidamente na universidade duas ou mais gerações com três anos a menos de ensino.

4) Descaracterizada dessa maneira, a escola média irá se configurar como um "lugar de espera". Será um tipo de playground para adolescentes (!), que deverão ficar lá, "na bagunça" -provavelmente eles próprios perceberão que não se sabe o que fazer com eles. A escola será um lugar para segurar uma juventude que deverá esperar a universidade para voltar a ter professor especialista!
 
A universidade, por sua vez, terá de arcar com a tarefa de suprir o que se perdeu nesses três anos. Obviamente, não conseguirá dar conta disso. O ensino universitário sofrerá pressão no sentido de baixar seu nível, uma vez que a maioria dos alunos não estará entendendo coisa alguma em sala de aula.

Tecnicamente, no jargão da sociologia da educação, trata-se aí de "expropriação do saber" do professor, uma conhecida antessala para arrocho salarial e contenção de despesa.

PAULO GHIRALDELLI JR., 55, é filósofo, professor da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e autor de "As Lições de Paulo Freire" (Manole)
 Via facebook - professores unidos

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Inclusão social e a classe que vive do trabalho


O termo “inclusão” no Brasil costuma ser associado às chamadas políticas compensatórias, de discriminação positiva ou também ditas de ação afirmativa, formas imperfeitas adotadas com o propósito de reduzir situações de desigualdade real provocadas por diversos fenômenos históricos, culturais, políticos e econômicos que, combinados entre si, produzem as mais relevantes disparidades sociais. Nos Estados Unidos, onde surgiram nos anos 60, tais políticas nasceram com metas claras de combate à segregação racial, passando por diversas modificações e adaptações ao longo do tempo e com resultados polêmicos.

Na última década, para além das políticas específicas de cotas (raciais, étnicas, de gênero e outras), o governo brasileiro passou a desenvolver ações de inclusão destinadas a reduzir a desigualdade estrutural social – que contém em si as demais formas de discriminação – a partir da elaboração de programas e metas de combate à pobreza e de transferência de renda que, por sua vez, alcançaram resultados históricos inéditos valorizados interna e internacionalmente. Essa nova forma de conceber a inclusão, menos compartimentalizada, mais sistêmica e generalizada, tem sido identificada como uma nova etapa da estruturação do capitalismo brasileiro tendente à transformação do modelo de distribuição de riqueza neste início do século XXI.

A sociedade brasileira nunca aceitou com facilidade trabalhar temas e ações de combate à discriminação e há diversos estudos que procuram explicar sociológica e antropologicamente a reação de negação ao reconhecimento da estrutura racial e social excludente, e que afeta de modo particular às mulheres. Sendo o último país das Américas a abolir a escravidão, desenvolveu, ao longo de mais de quinhentos anos, um sistema econômico e educacional predominantemente monocultural e eurocêntrico, produtor das chamadas overlapping opressions, nomenclatura usada pelas feministas norte-americanas para descrever situações de discriminação superpostas.

A resistência de parte da sociedade brasileira em reconhecer processos discriminatórios, em grande medida sobrepostos, faz com que a adoção de políticas e programas de compensação e ajustes seja sempre belicosa, tanto no campo teórico como no político, provocadora do reacionarismo elitista com diferentes nuances. Mesmo com a gama diversificada e exitosa de ações desse tipo na última década – graças à orientação política do governo e ao apoio popular recebido nas urnas – e, em especial, mesmo com o êxito dos programas de combate à pobreza e de transferência de renda, os dados de institutos de pesquisa indicam que a desigualdade e a discriminação persistem, e que a pobreza no Brasil, conforme afirmou a Presidenta Dilma Rousseff, tem face negra e feminina, referindo-se especificamente a discriminação racial e de gênero.

E aqui entra a polêmica a respeito do Brasil do século XXI, o Brasil dos BRICS e o projeto de superpotência. O fenômeno da ascensão econômica do Brasil permite muitas leituras e os dados proporcionados por institutos de pesquisa como IBGE, MTE/Rais, bem como os estudos do IPEA/PNAD, ou de outros institutos como FGV e tantos outros, permitem muitas interpretações – em disputa – a respeito das causas e consequências da ascensão econômica do país e do crescimento da renda dos brasileiros.

Indiscutível constatar a elevação da renda per capita, dos rendimentos advindos do trabalho, os quais possibilitaram uma melhora geral na condição de vida e de consumo dos trabalhadores e trabalhadoras, refletindo na queda do desemprego, na aumento dos índices de formalização do trabalho e na redução da pobreza absoluta. Essa é a constatação fr Marcio Pochmann, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), na obra Nova classe média? (Boitempo Editorial, 2012). No entanto, o autor alerta ser um equívoco identificar o adicional de ocupados na base da pirâmide social brasileira como “uma nova classe média”, bem como considera não ser um mero equívoco conceitual, mas expressão da disputa que se instala em torno da concepção e condução das políticas públicas atuais, com forte apelo para reorientá-las a uma concepção predominantemente mercantil.

O livro de Pochmann polemiza com outras obras e estudos que festejam o suposto aparecimento de uma nova classe C, nova classe média que, como conceitua Marcelo Neri, realizou e continua a realizar o sonho brasileiro de subir na vida, que busca construir seu futuro em bases sólidas que sustentam o novo padrão econômico adquirido: “Ser nova classe média também é consumir serviços públicos de melhor qualidade no setor privado, aí incluindo o colégio privado, plano de saúde e o produto prêmio, que é a previdência complementar. Todos podem ser vistos como ativos meio públicos, meio privados, que conferem maior, ou menor, sustentabilidade ao sonho brasileiro de subir na vida”. (Marcelo Neri é considerado o inventor da expressão “nova classe média”, autor de livro com mesmo nome publicado pela editora Saraiva em 2011 – trecho retirado do capítulo de abertura).

Analisando os números da base da pirâmide social renovada e as razões da renovação, Pochmann conclui que o Brasil tem conseguido combinar, no período recente, a maior ampliação de renda per capital com a redução do grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda do trabalho. No período entre 2004 e 2010, a renda per capita dos brasileiros cresceu a uma média anual de 3,3%, ao passo que o índice da situação geral do trabalho cresceu em média 5,5% ao ano. A participação do trabalho na renda nacional aumentou 14,8% no período e o grau de desigualdade na distribuição pessoal da renda do trabalho reduziu em 10,7%.

É inegável, portanto, o fenômeno da ascensão social a partir do resgate da condição de pobreza. Pochmann identifica que, diante da combinação da recuperação do valor real do salário mínimo nacional com a ampliação das políticas de transferência sociais, faz-se notar que a recente expansão das vagas de salário de base tem permitido absorver enormes parcelas de trabalhadores na base da pirâmide social, o que traz como consequência o favorecimento da redução sensível da taxa de pobreza em todo o país.

Por outro lado, ressalva que esse avanço da classe trabalhadora ocorre de modo despolitizado e desconectado ao projeto dinâmico e de profundas transformações sociais: “o segmento das classes populares em emergência apresenta-se despolitizado, individualista e aparentemente racional à medida que busca estabelecer a sociabilidade capitalista. A ausência percebida de movimentos sociais em geral, identificados por instituições tradicionais como associações de moradores ou de bairro, partidos políticos, entidades estudantis e sindicais, reforça o caráter predominantemente mercadológico que tanto os intelectuais engajados como a mídia comprometida com o pensamento neoliberal fazem crer.”

Esse déficit político, déficit de consciência a respeito do potencial transformador das políticas públicas e da própria valorização da classe trabalhadora, poderia comprometer um projeto de desenvolvimento consistente e inclusivo, compromissado com acesso a bens de natureza fundamental, para além dos meramente mercantis e privatizantes que tentam se legitimar por meio de medidores de satisfação de consumo e índices comportamentais de felicidade.

Está em disputa, portanto, um projeto de Brasil que, a depender não apenas do Estado, mas fundamentalmente da mobilização dos movimentos sociais e políticos, dos sindicatos, dos operadores públicos e da iniciativa privada com efetivo compromisso e responsabilidade social, poderá permitir o adensamento dos processos democráticos a partir da valorização da classe que vive do trabalho (na expressão cunhada por Ricardo Antunes) em sua nova conformação, projeto que conta com o apoio de plataformas governamentais de inclusão construídas a partir de metas sociais claras e comprometidas com uma concepção transversal e integradora dos direitos humanos, superando a visão compartimentalizada e vertical de concebê-los. 

Carol Proner  Doutora em Direito, Professora de Direito Internacional e Direitos Humanos (UniBrasil-UPO-ES) 
Carta Maior 

Participação de mulheres nas eleições municipais cresce 85%

A participação de mulheres nas disputas eleitorais das cidades brasileiras avançou 85,8% este ano em relação ao pleito anterior, de 2008, considerando os cargos eletivos de prefeito, vice-prefeito e vereadores. Dos 480.131 candidatos este ano, 150.982 são do sexo feminino, o que corresponde a 31,4% do total.

Segundos informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do total de candidatos que concorrem a prefeituras, 1.942 ou 12,5% são mulheres. Entre os que pleiteiam a vice-prefeitura, o sexo feminino corresponde a 17,2% ou 2.709.

No mesmo sentido, 32,5% dos que pretendem ocupar uma vaga nas Câmaras são mulheres, totalizando 146.331 candidatas. Com isso, pela primeira vez o número de candidatas mulheres para o cargo de vereadora ultrapassa o mínimo exigido pela lei (30%).

Para Maria do Socorro Braga, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), o maior número de mulheres na política iniciou a partir da exigência legislativa de que o sexo feminino correspondesse a uma parcela das legendas dos partidos. “Essa atitude está induzindo os partidos a atraírem o público feminino. Agora, eles precisam delas constitucionalmente.”

Maria do Socorro acredita que o aumento da demanda social pelos movimentos feministas também foi responsável por essa tendência, já que as mulheres vislumbraram na política uma possibilidade de exigir a inclusão e o cumprimento dos direitos de igualdade. “Ainda assim, em termos de representatividade, estamos bem longe dos 50%, que representaria uma disputa igualitária.”

De acordo com Frederico de Oliveira Henriques, professor da faculdade de Ciências Sociais da PUC-Campinas, desde o início do processo de democratização, tem se tentado estabelecer essa conjuntura. Os especialistas acreditam que o fato de termos uma presidente mulher incentivou que mais mulheres se interessassem por obter uma participação no Poder Executivo.

Manuela D'Ávila, do PCdoB, é uma das candidatas à prefeitura de Porto Alegre na eleição deste ano
 Manuela D'Ávila, candidata à prefeitura de Porto Alegre pelo (PC do B), que aparece com 30% das intenções de voto, acredita que após a eleição da presidenta Dilma Rousseff e de outras mulheres importantes em cargos dos poderes Legislativo e Executivo, a ideia conservadora de que não há espaço para o sexo feminino na política é cada vez menos compartilhada.
 
“A atuação bem-sucedida de mulheres nos espaços de poder fortalecem esse processo de transformação social e garante maior igualdade de oportunidades. Ainda falta ocupar mais espaços de poder que é onde são decididas as principais questões relativas aos direitos das mulheres e à superação das desigualdades”, analisa Manuela.

Ainda assim, a candidata do PC do B diz que o caminho ainda é longo. “A cada eleição vitoriosa, estaremos dando um passo adiante nesta caminhada em busca de maior igualdade de oportunidades. A mudança na sociedade se refletirá no Congresso.”

iG

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

28/08 - DIA NACIONAL DE BOICOTAR A REDE GLOBO!!!

Não assistam a rede globo amanhã!!! boicote nacional a essa emissora que está sempre contra os interesses da população e dos trabalhadores!!!


 É o seguinte, pessoal... O boicote irá acontecer da seguinte forma: No dia 28/08 ninguém assiste globo. Mudem de canal para o sbt, record ou redetv (que estão ajudando mais na divulgação da greve dos professores e que estão lutando com a globo pela audiência); ou se preferirem, desliguem a TV! É importante que peçam a seus pais, amigos e familiares para fazer o mesmo.

A rede globo vem boicotando a greve, não dando notícias e, quando dá, distorce deliberadamente muitas informações.

Não custa nada mudar o canal um único dia.

Tenho certeza que a globo tem poder suficiente para mudar o rumo dessa greve.

E mesmo que as negociações sejam feitas e a greve acabe, vamos continuar com o boicote, como forma de protesto pela falta de acompanhamento e pela distorção que a globo fez durante todo esse tempo. Pois o real interesse é mostrar que estamos inovando e mudando a forma de protestar. Continuaremos indo as ruas sim, mas esse protesto é apenas uma pequena semente que irá avisar que estamos dispostos a reivindicar nossos direitos e lutar contra a manipulação.

Divulguem.


Agenda de Campanha do PSOL - 27/08-02/09


AGENDA DE CAMPANHA  
CLAUDIO LEITÃO – PSOL
DIA
MANHÃ
TARDE
NOITE
27/08 SEG
Gravação de programa de TV e Rádio
17:30 h – Panfletagem em frente a Ferlagos
Reuniões domiciliares no Jardim Esperança
28/08  TER
Presença no debate de vices no Programa Sidnei Marinho, na TV Litoral News
17:30 h – Panfletagem em frente a Universidade Estácio de Sá.
Reuniões domiciliares no Monte Alegre
29/08  QUA
Caminhada e corpo a corpo no Jardim Esperança, Ponto de encontro: 9 h em frente ao Colégio Elza Bernardo.
15 h - Reunião com Associação de Artesãos no Comitê do Centro.
17:30 h – Panfletagem em frente a Universidade Veiga de Almeida.

30/08  QUI
11 h – Panfletagem em frente ao Colégio Miguel Couto.
17 h – Panfletagem em frente ao Colégio Miguel Couto.
Reunião com Equipe de Mídia no Comitê do Centro.
31/08 SEX
11 h – Panfletagem em frente ao Colégio Rui Barbosa.
17 h – Panfletagem em frente ao Colégio Rui Barbosa.
19 h - Reunião com filiados e militantes no Comitê do Centro.
01/09  SAB
8:30 h – Debate na Associação Atlética Cabofriense promovido pelos alunos e professores do Colégio Rui Barbosa.
Visitas domiciliares no bairro Recanto das Dunas.

02/09 
DOM
Reuniões com moradores de Unamar, Aquarius, Samburá e Sto Antonio.
Continuidade da agenda da manhã.





 

domingo, 26 de agosto de 2012

CRIANÇA DESESPERANÇA. Mais uma farsa da Rede Globo

Para Pessoas honestas como você que acham que estão contribuindo para uma causa nobre, mas na verdade estão sendo ROUBADOS PELO PIOR MAU DESTE PAÍS, QUE SE CHAMA REDE GLOBO E SEUS PARTIDOS AFILHADOS.
Criança Esperança : VOCÊ ESTÁ PAGANDO O IMPOSTO DE RENDA DA REDE GLOBO


Quando a Rede Globo diz que a campanha Criança Esperança não gera lucro, é mentira. Isso porque no mês de Abril do ano seguinte, ela (TV Globo) entrega o seu imposto de renda COM O SEGUINTE DESCONTO: doação feita à Unicef no valor de (tantos milhões de reais). Aqui vem o valor arrecadado no Criança Esperança.  

Ou seja, a Rede Globo desconta pelo menos 20 e tantos milhões do imposto de renda graças à ingenuidade dos doadores!  
Agora se você vai colocar no seu imposto de renda que doou 7, 15, 30 ou mais para o Criança Esperança, não pode, sabe por quê? Porque Criança Esperança é somente uma marca e não uma entidade beneficente. Já a doação feita com o seu dinheiro para o Unicef é aceito. E não há crime nenhum.  

Aí, você doou à Rede Globo um dinheiro que realmente foi entregue à Unicef, porém, por que descontar na Receita Federal como doação da Rede Globo e não na sua?  

Do jeito que somos tungados pelos impostos, bem que tal prática contábil tributária poderia se chamar de agora em diante de Leão Esperança. 

Lição:  
Se a Rede Globo tem o poder de fazer chegar a mensagem dela a tantos milhões de televisores, também nós temos o poder de fazer chegar a nossa mensagem a milhões de computadores!  

EXERÇAMOS ESTE PODER-DEVER, ENVIANDO ESTE TEXTO À LISTA DE AMIGOS E CONTATOS!

Mídia Caricata 

Cães idosos e o que fazer quando falecem

O cão idoso ou muito doente
 
Um cão pode viver até 20 anos (há casos de cães que chegaram aos 29!), bem menos que a média de 70-80 das pessoas, de modo que estas precisam estar preparadas para quando tiverem de se separar dos peludos. Isto pode acontecer devido à idade avançada do cão ou se, Deus nos livre, ele for atropelado ou contrair toxoplasmose, câncer ou outra doença grave. 

A canção "Old Shep" começa falando do começo da amizade de 'Shep' e Jim, seu dono humano, quando aquele é filhotinho e este um garoto; ambos vivem passeando pelos campos e colinas, e 'Shep' chega a salvar Jim de morrer afogado. (Para quem sabe algo do idioma inglês, a letra pode ser lida aqui http://www.answers.com/topic/old-shep-performed-by-various-artists ). Tudo vai bem, até que um dia... "Os anos passaram rápido/o velho 'Shep' envelheceu/seus olhos foram se esmaecendo rapidamente."

Sempre comparo caninos a humanos, e agora é a vez dos cães velhinhos que ficam debilitados e mais sensíveis, perdendo independência e exigindo muita atenção e cuidados. O primeiro sintoma de idade avançada é a diminuição de atividade e entusiasmo para atividades físicas e do interesse pelo que acontece à sua volta. Uma das primeiras providências é evitar que o peludo se deixe abater e fique prostrado, dando-lhe uma terceira idade produtiva, com atividades de acordo com sua condição física, como pequenas caminhadas ou brincadeiras com bolinhas e objetos. Outros sintomas são surdez, aumento de peso, catarata e outros problemas de visão, incontinência urinária e senilidade — o primeiro sintoma desta última costuma ser quando o cão tenta atacar algo que ninguém mais vê).

Ah, sim: é verdade que cães castrados vivem mais, mas a noção de que "um ano canino equivale a sete anos humanos" é mais um mito para a coleção. Vejamos dois detalhes. Um cão com 20 anos equivaleria a uma pessoa com 140; nenhum ser humano vive tanto. E o envelhecimento (ou melhor, amadurecimento) canino não é linear como o humano; com um ano de idade cães (assim como gatos) já são maduros o suficiente para procriarem. E raças de grande porte, como os Buldogues e Mastifes, costumam viver menos que as pequenas, como Dachsunds e Pequineses.

Enfim, é preciso estarmos sempre atentos, pois, mudando um pouco de autor e citando Vinicius de Moraes, cão é como gente, que "mal nasce, começa a morrer".

Eutanásia: sim ou não?
Voltando à letra de "Old Shep": "Um dia o médico olhou para mim e disse/'nada mais posso fazer por ele, Jim'". Muitos de nós passam por isso quando o cão está realmente muito idoso e quase não responde a estímulos, ou sofreu um acidente muito grave, ou ainda chegou à fase terminal de uma doença. Obviamente, o dono pode procurar outro veterinário, pedir segunda e terceira opiniões. 

Quando o cão realmente está nas últimas, não se alimentando nem respondendo a estímulos, com sinais vitais cada vez menores e vida mais longa significar vida sem qualidade com dores, imobilidade e sofrimento, o mais usual é o veterinário sugerir a eutanásia. Ou seja, tirar a vida do cão de maneira serena e indolor. Isso é bom ou ruim? Quem decide é o dono. E a decisão tem de ser muito bem pensada. Valerá a pena termos conosco o cão de que tanto gostamos, mesmo que para continuar vivo ele precise sofrer, imóvel e cheio de dores? E haverá tempo ou possibilidade financeira para tratamentos mais caros e demorados? Volto a dizer: quem decide é o dono.

Uma certeza é de que a prática da eutanásia tornou-se muito mais tranquila e discreta do que conforme a letra de "Old Shep", que, lembramos, já era antiga quando Elvis a cantou em 1945 (composta antes de ele ter nascido, em 1933): "Com as mãos trêmulas/peguei minha espingarda/e apontei-a para a fiel cabeça de 'Shep'/eu não podia fazer isso/tive vontade de fugir/e quisera eu ter levado o tiro no lugar dele/ele veio para meu lado/olhou para mim/e descansou sua velha cabeça em meu joelho/eu havia atirado no melhor amigo que uma pessoa jamais teve/chorei tanto que mal pude ver." Pois bem: de 1933 para cá tanto o canino quanto o dono se livraram de tanto sofrimento. 

O método mais usado para eutanásia é, simplesmente, colocar o cão para dormir. Ele é anestesiado e, ao adormecer de vez, recebe uma injeção de um composto químico (normalmente um barbitúrico) que paralisa coração e pulmões, tudo em no máximo cinco minutos. Há quem prefira aplicar apenas uma dose muito forte, mas o método de duas etapas (anestesia e injeção letal), embora mais demorado, permite ao cão e ao dono se despedirem. (Ah, sim, nada de muita cerimônia: o ambiente deve ser tranquilo, sem a presença de muita gente — apenas o médico ou assistente, o cão e o dono se este quiser estar presente — ou de outros animais. E, obviamente, a eutanásia é recomendável somente para abreviar o sofrimento de cães agonizantes e eliminar cães infectados pela raiva, perigosos ou totalmente fora de controle, e não como método para diminuir a população canina.)

Última morada
Para o derradeiro repouso do canino existem várias opções, desde sepultamento no próprio quintal do dono (obviamente bem acondicionado para evitar contaminação do solo) e recolhimento gratuito do corpo pelas Prefeituras para cremação a funerais requintados como o Pet Memorial em São Paulo, primeiro crematório para cães (e outros animais de estimação) da América Latina, e cemitérios como Jardim do Amigo (em Itapevi, a 40km de São Paulo), Pet's Garden (Rio de Janeiro), Campo da Saudade (em Salvador), Jardim do Bom Amigo (em Colombo, perto de Curitiba), Cemitério Parque Bosque São Francisco de Assis (Belo Horizonte) e o cemitério do canil Dream's Bloom, dedicado a Beagles (em Tatuí, interior de São Paulo). O custo do funeral ou cremação varia de R$ 200 a R$ 2000, conforme o local, o porte do animal e o luxo exigido. E se o cão falecer no consultório do veterinário, este pode ficar com o corpo para encaminhamento à cremação pelo Centro de Controle de Zoonoses, mediante pequenas taxas (cerca de R$ 20).

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