De coleira cor-de-rosa com aplicações de flores em crochê, saia
xadrez, brincos adesivos espalhados pelas orelhas e tipoia com estampa
de oncinha, a cadela vira-lata Maia, que se movia com a ajuda de uma
cadeira de rodas, atraiu olhares e arrancou sorrisos de quem passou na
tarde de hoje (22) pela Fonte Luminosa da Torre de TV, na região central
de Brasília.
Na segunda edição do Dia Mundial pelo Fim da
Crueldade e Exploração Animal, organizado na capital federal pela rede
de ativistas Libertação Animal Brasília, Maia foi um dos exemplos de
casos de crueldades contra os animais.
Segundo a fisioterapeuta Catiucia Ferro, que adotou a cadela há cerca
de um ano, Maia foi atropelada intencionalmente em um condomínio
residencial na cidade satélite de Sobradinho. Ela teve fratura total da
coluna, foi submetida a uma cirurgia, mas perdeu a sensibilidade em
parte do corpo e não consegue mover as patas traseiras. Apesar de sua
condição física, a cadela é ativa e feliz e é exemplo de superação.
“A
maior lição que ela nos traz é a superação, que a gente tem que viver
feliz independente da nossa condição física. Toda vez que me vejo
triste, olho pra ela e o ânimo volta”, disse Catiucia.
Para evitar
esse e outros tipo de violência e maus-tratos contra animais, foram
distribuídos, durante o evento, folhetos orientando a população a
contribuir para o bem-estar dos bichos.
A representante no Brasil
da organização Worldwide Events to End Animal Cruelty (Weeac),
responsável pela organização mundial do evento, Patrícia El-moor,
destacou que entre as práticas que o grupo deseja abolir estão o uso de
animais em experiências científicas; em entretenimento, como circos,
touradas e rodeios; para fabricação de roupas e para consumo humano. Ela
enfatizou que a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) estabelece a
detenção e multa para quem “cometer ato de abuso, maus-tratos, ferir ou
mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
exóticos”.
Para estimular novos hábitos, o grupo também montou no local do
evento uma banca com alimentos preparados sem qualquer produto de origem
animal. Entre os itens oferecidos gratuitamente ao público para
degustação, estão canjica de leite de soja; pão sem queijo, feito com
polvilho e mandioquinha; coxinha com proteína de soja; e bolos sem ovos e
sem leite.
Quem passar pela Fonte Luminosa da Torre de TV também
receberá um guia com uma lista de estabelecimentos que oferecem comida
vegana, sem produtos de origem animal.
“Nós gostaríamos que todas
essas práticas fossem abolidas por completo, mas acreditamos que é por
meio de pequenas atitudes e de mudanças gradativas de hábitos que vamos
caminhando. Se houver pressão popular pelo fim dos maus-tratos e demanda
por alimentos que não sejam provenientes de sofrimento dos animais,
haverá mudanças”, ressaltou.
A representante da Weeac no Brasil
destacou que uma sociedade em que as pessoas aprendem a respeitar os
animais é mais sensível também ao sofrimento humano. “Quando as pessoas
se sensibilizam em relação ao outro ser, que não só o humano, elas
estendem a compaixão a todos à sua volta e se respeitam muito mais. Além
disso, há estudos que comprovam que diversos casos de assassinos em
série começaram com maus-tratos a animais”, disse.
A veterinária
Paula Meschesi soube da mobilização por meio de divulgação em redes
sociais e decidiu levar os três filhos, o mais novo de 2 meses de idade,
para participar das atividades da campanha. “Eu faço questão de
criá-los com a consciência da importância do respeito aos animais. Eles
se tornam seres humanos melhores e desenvolvem personalidades mais
dóceis e carinhosas”, comentou.
O Dia Mundial pelo Fim da
Crueldade e Exploração Animal também está sendo marcado por atividades
em 30 cidades brasileiras, entre elas Rio de Janeiro, São Paulo,
Salvador e Curitiba, e em diversos países, como Portugal, Alemanha,
Estados Unidos, Austrália e Argentina.
Em todos os locais, o
evento será encerrado com uma vigília silenciosa na noite de hoje. Cada
cidade participante acenderá uma vela simbolizando o luto pelos bilhões
de animais que são explorados e mortos para os mais variados interesses
humanos.
JB
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