domingo, 4 de novembro de 2012

As raízes do golpismo no Brasil

Até 1930 a direita brasileira dispunha a seu bel prazer do Estado, colocava-o totalmente a serviço dos interesses primário-exportadores, desconhecendo as necessidades das classes populares. Getúlio fez a brusca transição de um presidente – Washington Luiz, carioca adotado pela elite paulista, como FHC – que afirmava que “questão social é questão de polícia”, para o reconhecimento dos direitos dos trabalhadores pelo Estado.

Com o surgimento da primeira grande corrente de caráter popular, a direita passou a ficar acuada. A democratização econômica e social foi seguida da democratização politica, com o processo eleitoral consagrando as candidaturas com apoio popular, Sucessivamente, em 1945, 1950, 1955, a direita foi derrotada e acostumou-se a bater na porta dos quarteis, pedindo golpe militar.


Sentido-se esmagada pelas derrotas, a direita chegou a pregar o voto qualitativo, em que, segundo eles, o voto de um médico ou de um engenheiro valeria 10, enquanto o de um trabalhador (“marmiteiro”, diziam eles, zombando dos trabalhadores que levavam marmitas pro trabalho) devia valer 1. Só assim poderiam ganhar.

A efêmera vitória de 1960, com a renúncia do Jânio, foi sucedida pela nova tentativa e golpe militar de 1961 e, logo depois, pelo golpe efetivamente realizado em 1964. Só pela força e pelo regime de terror a direita conseguiu triunfar e colocou em prática sua revanche contra o povo, pela repressão e pela expropriação dos direitos da grande maioria.

Foi no final da ditadura, com uma votação indireta, pelo Colégio Eleitoral, passando pela morte de Tancredo, que a direita deu continuidade a seus governos, agora com um híbrido de ditadura e de democracia, mas que favoreceu a eleição de Collor, outra versão da direita. Tal como Jânio, teve presidência efêmera.
 
O governo FHC foi a melhor expressão da direita, renovada, reciclada para a era neoliberal. Naqueles 8 anos a direita brasileira pode realizar seu programa, que terminou numa profunda e prolongada recessão e a derrota sucessiva da direita, por três vezes.

A direita repete, na Era Lula, os mesmos mecanismos da Era Getúlio. Enquanto os governos desenvolvem políticas econômicas e sociais que favorecem à grande maioria, recebem dela o apoio majoritário e derrotam sistematicamente a direita, resta a esta atividades golpistas. Se antes batiam às portas dos quartéis (eram chamadas de “vivandeiras de quartel”), agora usam a mídia para bater às portas do Judiciário.

São partidos e mídias cada vez mais minoritários, derrotados em 2002, em 2006, em 2010, voltaram a ser derrotadas agora em 2012. São governos que os derrotam com o apoio das grandes maiorias beneficiárias das suas políticas sociais. Quem não tem povo, apela para métodos golpistas, ontem com os militares e a mídia, hoje com a mídia e o Judiciário.

Emir Sader  Carta Maior

Um comentário:

Anônimo disse...

ola,meu nome é luiz .
tenho visões diferentes das expostas por voce,vejo que nem tudo é tete a tete.vargas para chegar ao poder enfrentou uma parcela da elite e recebeu apoio de outra parcela,em seu governo ampliou os direitos dos trabalhadores mas agiu muito em favor dos donos de industrias caracterizando um governo dito populista mas que favoreceu as desigualdes(muito parecido com o lulismo) sem contar no caracter ditatorial e concetraçao em torno dele(o mesmo fechou o parlamento)varias de suas açoes no quesito dos trabalhadores visavam controlar os sindicatos evitando greves insatisfaçoes e levantes que era de interesses dos industrias.nao vejo democratizaçao no governo vargas.no regime ditatorial militar boa parte do povo ou apoiava ou era totalmente alienada.o governo fhc teve exito melhorar tudo que foi exculhabando pelos militares(divida externa,inflaçoes)e aumento ou manteve o liberalismo eo favorecimento das potencias estrangeiras.o governo lula manteve boa parte dos programa socias do governo fhc (que antes criticava como manutençao da pobreza,esmola politica)e os ampliou,o dominio economico continuou nos moldes da direita(presidente do banco central era tucano)assim como vargas os seu governo é dito popular mas favoreceu em muito os bancos ,grandes industrias, empresarios(vide o eike periodo em que mais enriqueceu)e ate alianças com grupos que apoiavam a ditadura(acm,sarney,maluf,eike em que o pai foi ministro de minas e energia), na minha visao o lula usa de artificios em que a direita nao teve jogo de cintura mas o seu governo esta longe de ser de esquerda.nao houve diminuiçao das desigualdades socias,reforma agraria entre outras,alem da marcante corrupçao em seu periodo(assim como nos outros)vivemos numa ilusao que a esquerda chegou ao poder mas ela nao chegou,nao me refiro a esquerdistas radicais mas vejo que o unico esquerdista que foi presidente foi o jango mas que teve seu poder diluido pelo regime parlamentarista condiçao imposta para suas posse.
nao sou direitista e nem esquerdista
mas vejo na esquerda real a soluçao de problemas nesse pais.
posso estar equivocado em tudo que disse pois nao sou graduado em nada ,sou desempregado mas adoro historia ,por favor responda para se ter ideia no minhas impressoes correspondem as suas.