A série de reportagens que o GLOBO publicou sobre escolas que atendem
crianças de baixa renda e têm Índice de Educação Básica (Ideb) acima de
6, média estabelecida pelo Ministério da Educação (MEC) para 2002 e
índice considerado no patamar dos países desenvolvidos, reafirmou para
César Calegari, secretário de Educação Básica do MEC, que é possível
oferecer educação de qualidade quando a “escola se apodera e assume suas
ideias, aumentando o grau de autonomia”:
— Esse é o denominador
comum das escolas que, mesmo estando em lugares precários, conseguem
oferecer educação de qualidade. Escolas mais autônomas têm mais successo
e isso tem orientado as políticas do MEC.
Segundo ele, o
Ministério tem trabalhado para fortalecer as equipes das escolas,
oferecendo cursos de formação de professores, diretores e vices.
—
A formação continuada é importante porque não basta boa vontade. É
preciso preparo, é preciso que o professor saiba como avaliar o aluno e
ele teve ter recursos para isso. Desse modo, pode reconhecer o potencial
das crianças e pode capacitá-las, desenvolvendo ações individuias e
coletivas.
Para o secretário, é fundamental ainda que cada
integrante da equipe, do porteiro até os responsáveis pela direção,
dominem o projeto educacional da escola em que trabalham.
—
Crianças e jovens expostos mais intensamente ao projeto educativo se
desenvolvem melhor. Além disso, o horário integral também é um fator
importante. O turno de sete horas oferecido pelo Mais Educação
proporciona que além das aulas as crianças tenham contato com a área
cultural e esportiva, por exemplo. Por conta disso, ampliamos o
programa, que hoje já funciona em 30 mil escolas.
De acordo com
ele, para que mais escolas apresentem o mesmo resultado das 82 que, em
2009, atendiam crianças pobres e tinham Ideb acima de 6, é preciso ainda
que o “país faça um esforço para aumentar o investimento em educação”.
—
Investir 10% do PIB na educação é necessário. Mas isso não é
suficiente. Precisamos melhorar os salários, ampliar a jornada dos
alunos, fazer com que professores tenham dedicação exclusiva a uma única
escola e ainda garantir que nenhuma criança de 8 anos chegue ao
terceiro ano do fundamental sem estar alfabetizada. Esse é o mantra do
MEC — diz Calegari.
Ele acrescenta que é necessário que as famílias sejam mobilizadas para que o aprendizado aconteça:
—
Isso é decisivo. As escolas têm que interagir com as famílias, já que
desse jeito tudo anda bem. Pelo que vimos na reportagem, nas escolas há
uma preocupação em fazer com que o aluno não falte. E se falta, envolvem
a família para que volte. Mãe e pai têm que se envolver, porque muitas
vezes não sabem que o aprendizado é contínuo e por isso deixam o filho
faltar.
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