Índice da Educação Básica (Ideb) de Cocal dos Alves é bom, mas seria bem maior se não fosse a alta taxa de repetência
Fenômeno em concursos educacionais, o município de Cocal dos Alves, no interior do Piauí, adota posturas polêmicas no sistema de ensino. As principais são repetência e provas todas as semanas. Os educadores implantaram um sistema de recuperação paralela, mas mantêm a postura rígida. “Damos várias chances, se o aluno não tiver condição, tem que reprovar”, diz Elizete Costa do Amaral, diretora da unidade escolar Teotônio Ferreira Brandão.
A escola com 390 alunos tem Índice de Educação Básica (Ideb) de 4,5, acima da média geral do Estado, de 3,8, e do País, de 4 pontos. Pelo nota da Prova Brasil, no entanto, o conceito poderia ser de até 6,6 – acima das particulares que chegam a 5,9 – se não fosse a taxa de fluxo escolar (que considera repetências e evasão) ser de apenas 67%.
A maior parte das repetências ocorre logo na 5ª série, quando a instituição, única do município para esta etapa, recebe alunos que fizeram a 1ª a 4ª série em unidades rurais. “Metade da minha turma está fazendo a 5ª pela segunda vez”, conta uma jovem de 14 anos, que já havia sido reprovado uma vez antes na unidade rural em que fez o primeiro ciclo. “É ruim porque as aulas são as mesmas que já vimos.”
O professor hexa formador de medalhista da Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), Antonio Cardoso do Amaral, afirma que a equipe se preocupa com a situação. “Implantamos até uma aula paralela para quem tem dificuldade uma vez por mês, mas ainda não é suficiente.”
Uma das dificuldades para recuperar as turmas é a falta de espaço físico e pessoal. Os professores dão, em média, 50 aulas por semana e as quatro salas são usadas para aulas em todos os períodos. O calor constante é enfrentado com ventiladores barulhentos. “A gente ainda tem muitas necessidades por aqui, esses prêmios todos fazem parecer que a educação está ótima, mas somos carentes de tudo”, explica Elizete.
Falta quadra, laboratórios e até espaço de convivência. Na hora do intervalo, as crianças comem em pé ou sentadas no chão. O mesmo ocorre na unidade de ensino médio, a Augustinho Brandão – que teve todos os alunos inscritos aprovados no vestibular da Universidade Federal do Piauí no último ano. A única diferença é que com apenas 148 alunos, foi possível instalar algumas mesas no corredor para servir de refeitório.
“Temos um dos melhores resultados do Brasil, com uma das piores condições”, diz o coordenador pedagógico Darkson Vieira Machado. Neste caso, parte da solução está a caminho.
Por conta dos títulos, os educadores conseguiram repercussão suficiente para convencer políticos a construir uma nova escola. A unidade modelo do Ministério da Educação com um prédio administrativo, outro de serviços e o pavilhão de salas de aula está quase pronta e deve ser entregue no próximo semestre. Só faltava ter incluído uma quadra no projeto.
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