Pela primeira vez na história da Olimpíada Internacional de Física (IPhO, na sigla em inglês) um estudante brasileiro conquistou uma medalha de ouro. Gustavo Haddad Braga, de 16 anos, é aluno do terceiro ano do ensino médio, do Colégio Objetivo. Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho, do segundo ano, conquistou o bronze.
Realizada em Bangkok, na Tailândia, de 10 a 18 de julho, a IPhO reuniu cerca de 393 participantes, de 83 países, muitos deles tradicionais competidores do torneio, que é o mais desafiador dentre todas as olimpíadas científicas de física existentes no mundo.
Os estudantes fizeram três provas teóricas e duas experimentais, com duração de 5 horas cada uma. O exame teórico foi composto por três problemas dissertativos: um sobre eletricidade, em comemoração ao centenário do núcleo do átomo de Rutherford; outro sobre gravitação; e outro envolvendo variados conteúdos. Eles abrangeram tópicos da física estudados no ensino médio e também no ensino superior.
Já o exame experimental apresentou duas partes: uma envolvendo uma caixa preta de eletricidade, em que o aluno, por meio de experimentos e medidas, deveria descobrir qual o tipo de circuito dentro da caixa, encontrar alguns parâmetros e, em seguida, usar o circuito como um medidor digital e determinar sua precisão.
O outro experimento envolveu conceitos de mecânica e determinação do centro de massa de um sistema de corpos. Isso, segundo o professor de física Ronaldo Fogo, se aplica à construção de prédios, produção de automóveis, determinação de estabilidade de máquinas etc.
O professor Ronaldo Fogo conta que tanto a prova teórica como a experimental foram trabalhosas e difíceis, levando os alunos à exaustão. Ele complementa que esse nível de exigência propicia à IPhO o prestígio internacional pelo qual é reconhecida no mundo acadêmico.
O medalhista de ouro, Gustavo Haddad, disse que geralmente os brasileiros têm problemas com as provas práticas, mas dessa vez foi diferente pois eles passaram uma semana treinando nos laboratórios da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos. "O desempenho depende de como você está no dia prova. Não esperava ganhar o primeiro lugar, mas nosso treinamento foi bom. Usamos diversos laboratórios bem avançados. Deu para treinar bem", diz.
Haddad passou a se interessar pelas olimpíadas durante o ensino fundamental, incentivado por uma professora. "As competições envolvem criatividade. Tem de ser criativo para encontrar as respostas e é um desafio utilizar o conhecimento do ensino médio como ferramenta." No ano passado, o brasileiro conquistou medalhas de bronze em competições na Croácia e na China.
O estudante foi aprovado como treineiro no vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e da USP, na área de exatas, no ano passado. Neste ano, pretende tentar uma vaga nos cursos de física ou engenharia nas mesmas universidades.
G1.com
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