quarta-feira, 6 de junho de 2012

Carta de Colégio Estadual critica reportagem do Globo que responsabiliza escolas pelo fracasso da política educacional no Rio de Janeiro


Em carta aberta enviada para o Sepe, os profissionais do Colégio Estadual Professor Augusto Motta dão uma resposta contundente à matéria publicada no Jornal O Globo, edição de 28 de maio, intitulada "O fracasso do ensino público na calada da noite", que apontou somente aspectos negativos sobre a realidade da educação pública, sem ouvir os profissionais da unidade e se baseando apenas em estatísticas e dados, que não oferecem uma visão completa dos problemas por que passam as escolas no seu cotidiano.  A matéria também citou outras escolas de ensino supletivo, apontando os mesmos problemas de reprovação de alunos, como se a culpa fosse dos profissionais que nelas trabalham. Problemas estes causados pelo descaso dos governos, tanto estadual como municipal e por políticas pedagógicas que privilegiam as estatísticas em detrimento da valorização e dos investimentos no setor. Veja o texto abaixo:


CARTA ABERTA À POPULAÇÃO: O FRACASSO DO ENSINO PÚBLICO NA CALADA DA NOITE, NO AMANHECER E NO ENTARDECER

 Num momento em que se fala de priorizar a qualidade na educação, nos deparamos com uma visão distorcida de pessoas que, talvez, tenham apenas frequentado a escola por trás da mesa, sentado em uma cadeira. Essas pessoas ditam uma realidade que não chega nem perto da real situação. Durante muitos anos frequentamos a escola e sempre falaram que ela tem que ser vista como a continuação da casa do aluno.

Hoje, diante da reportagem que lemos no Jornal O Globo, do dia 28/05/2012, vemos que a escola não é mais a casa do aluno. Ela transformou-se na imagem e representação de números. Números de aprovação, números de evasão, números para verbas.

 A melhor escola é a que mais aprova. E, afinal, não sabíamos que o estado, tanto como o município, defende a aprovação automática. Interessante é que nunca recebemos a visita de um repórter para saber que condições os funcionários têm de trabalho, de localização da escola, de clientela e até mesmo da tão discutida questão salarial. Um jornal que se diz democrático mostrou-nos que, na realidade, ele é politizado, pois apoio a um governo autoritário e déspota. Queríamos saber também o porquê da reportagem não citar os depoimentos positivos de alunos e professores sobre projetos e eventos da escola. A única profissional ouvida é professora contratada, que começou este ano na escola e não tem conhecimento de nada que foi realizado nesta unidade escolar.

 Gostaríamos de expressar nossa indignação diante da atitude antiética do senhor Alan Figueiredo Marques, diretor administrativo da regional Metropolitana III, que se diz educador, mas não teve a capacidade de se dirigir ao corpo docente da escola, apurando, corretamente, as práticas pedagógicas. O mesmo dirigiu-se apenas ao corpo discente, com perguntas capciosas. Num governo que proclama a Educação de Qualidade como base de tudo, fica a pergunta: que qualidade é essa?


Rio de Janeiro, 29/05/2012.



COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR AUGUSTO MOTTA

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