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O deputado estadual
Marcelo Freixo (PSOL), segundo colocado nas pesquisas de opinião para a
prefeitura do Rio de Janeiro, sairá da disputa como um "virtual
vencedor" e dono de um capital político que o credencia para futuros
pleitos.
Cientistas políticos avaliam que mesmo sem chegar ao segundo turno -
o prefeito Eduardo Paes (PMDB) deve ser reeleito já no próximo domingo
-, Freixo congrega um setor órfão da esquerda na cidade, parte do
eleitorado que sempre votou no PT, e ainda pode alçar o PSOL a principal
partido de oposição na região.
Freixo - que militou no PT durante cerca de 20 anos e se notabilizou
no PSOL ao presidir a CPI das Milícias e teve como alvo grupos
paramilitares liderados por políticos - tinha 10% das intenções de voto
em julho, segundo o Datafolha.
A atuação na CPI da Assembleia Legislativa fluminense lhe deu
notoriedade nacional ao inspirar um personagem no filme "Tropa de Elite
2".
Na sondagem fechada na quarta-feira, o deputado aparece com o dobro
de votos dos adversários, deixando bem para trás nomes e partidos de
maior projeção e história no Rio de Janeiro. Paes -- que encabeça uma
coligação de 20 partidos, que inclui o PT, mantém a liderança com 57%.
"O Freixo é o segundo vencedor da eleição municipal", ponderou o
cientista político e professor da PUC-Rio César Romero. "O maior
vencedor é, além do Paes, o projeto político do governador Sérgio Cabral
que já se reelegeu uma vez e está reelegendo o prefeito. Garante a
hegemonia no Rio de Janeiro por ao menos dez anos", acrescentou,
referindo-se à primeira eleição de Cabral, em 2006, e ao fim do segundo
mandato de Paes, em 2016.
Logo no começo das eleições, esperava-se um disputa entre o atual
prefeito e o deputado federal Rodrigo Maia (DEM), filho de César Maia,
prefeito por três vezes. A vice na chapa de Maia, a deputada estadual
Clarissa Garotinho (PR), filha dos ex-governadores Anthony e Rosinha
Garotinho, parecia dar ainda mais força a chapa, mas não funcionou.
Rodrigo Maia aparece no último Datafolha com 3%, enquanto Otávio Leite
(PSDB) tem apenas 2%.
A disputa de Freixo com Paes está longe de ser de igual para igual.
Na TV, o atual prefeito é dono de 16 minutos na propaganda eleitoral no
rádio e na TV, garantidos pela ampla coligação, e Freixo tem menos de 2
minutos.
Como prefeito, Paes também conta com a boa avaliação dos cariocas:
49% da população considerou a administração municipal ótima ou boa,
segundo pesquisa Ibope no início de setembro.
Além disso, o prefeito está amparado por investimentos destinados
aos grandes eventos que o Rio de Janeiro vai sediar nos próximos anos -
espcialmente a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016 - e pela
tríplice aliança entre governo federal, estadual e municipal em torno do
seu nome.
"O PT nacional reconhece a liderança do PMDB de Paes e Cabral no Rio
de Janeiro, ao passo que o PMDB regional reconhece a liderança do PT em
nível nacional, o que torna a situação do Freixo mais delicada",
avaliou Romero.
Mas o cientista político faz uma ponderação sobre o desempenho de
Freixo. Para ele, o resultado que o deputado vem mostrando nas pesquisas
está de acordo com o de outros candidatos de esquerda na capital
fluminense.
"É um desempenho importante, mas não chega a surpreender até porque
em números é um desempenho parecido com os de candidatos de esquerda nas
últimas eleições. Há uma setor de esquerda na cidade que não concorda
com a política de alianças", disse Romero.
Capita próprio
Se na eleição de 2008, Paes e o ex-deputado federal pelo PV Fernando Gabeira passaram para o segundo turno na reta final, desta vez faltou um terceiro candidato competitivo para forçar uma nova rodada. Há quatro anos, o terceiro colocado, o atual Ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), teve quase 20% dos votos.
Se na eleição de 2008, Paes e o ex-deputado federal pelo PV Fernando Gabeira passaram para o segundo turno na reta final, desta vez faltou um terceiro candidato competitivo para forçar uma nova rodada. Há quatro anos, o terceiro colocado, o atual Ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), teve quase 20% dos votos.
"Se tivéssemos um adversário com votação mais forte nos ajudaria a
chegar ao segundo turno", disse Freixo à Reuters. "Essa nossa campanha é
vitoriosa independentemente do resultado eleitoral e isso não quer
dizer que a gente não queira vencer nas urnas."
Ele acredita que tão importante quanto o resultado das urnas é a
ascensão regional do PSOL, que passa a se tornar a principal força local
de oposição e o principal partido de esquerda do Estado.
"O PSOL tem apenas sete anos e o partido sai dessa eleição como
principal referência da esquerda e com boa bancada", disse o parlamentar
ao apostar em três ou quatro vereadores eleitos para a Câmara
Municipal. "Vamos lutar para reunir movimentos sociais, populares e
fortalecer a esquerda."
Para Romero, no entanto, o capital político acumulado na campanha é
do próprio candidato, sem que isso necessariamente beneficie o PSOL. "O
Freixo sai da eleição como o principal opositor de Paes... mas não sei
se o partido também", resalta o cientista político. "Marina Silva teve
30% dos votos na eleição presidencial no Rio de Janeiro e hoje está sem
partido. Heloísa Helena foi bem em 2006 e hoje só consegue um cargo de
vereadora em Maceió. O cacife é dele."
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