Servidores, funcionários e familiares estão ocupados no hospital e convocam todos e todas a se unificar. |
Mais
uma vez o Governador Sérgio Cabral e seu pupilo, o Prefeito Eduardo
Paes (ambos PMDB), mostraram seu jogo. Com o objetivo de intimidar os
servidores públicos resistentes à desapropriação do Hospital Central do
Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro
(Iaserj), a dupla colocou na mesa seus coringas: cartas com símbolos de
caveiras atravessadas por punhal e duas pistolas.
Na
calada da noite de sábado para domingo (14, 15) o Comando do Batalhão
de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar (BOPE) foi acionado
para acompanhar a desocupação do Iaserj. Em uma ação executada
às pressas, foram retirados quase todos os pacientes, só restando oito
que estão na infectologia, distinto caso em que até para o governo é
complicado de se conseguir vaga em outro hospital. Além destes, restou
também um paciente em estado gravíssimo na UTI, pois havia receio de que
durante a remoção seu quadro pudesse se agravar.
Diante
desse cenário de covardia, enquanto pacientes eram acordados para a
transferência de unidade, profissionais de saúde eram acuados e tratados
como marginais pela presença fortemente armada da Tropa de Choque, num
espaço onde se trabalha exclusivamente em defesa da vida.
A
decisão tomada pela juíza Simone Lopes da Costa – que autorizou o uso
da força policial para a des
ativação do hospital –, em ação conjunta ao Ministério Público, contou
inclusive com policiais à paisana para delatar possíveis intervenções
dos funcionários contrários à desocupação. Como se não bastasse, as
transferências foram realizadas sem autorização tanto da família quanto
dos médicos do Iaserj. O oficio que autorizava a remoção foi ratificado
pela Dra. Valéria Moll, da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ),
desrespeitando em absoluto as orientações médicas sobre como proceder em
casos de remoções de enfermos.
Para
que se possa mensurar o contrassenso desta execução, alguns pacientes
foram removidos juntamente com a própria estrutura em que estavam
instalados, por não haver maquinário suficiente nos hospitais que os
receberiam. Macas, colchões, aparelhos de oxigênio e outros equipamentos
foram recolhidos pelos próprios policiais e
colocados em caminhões para que fossem levados.
O
Iaserj conta com potencial enorme de atendimento aos servidores e
atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo referência no Rio de
Janeiro para algumas patologias, como o vitiligo por exemplo. Também
havia tratamento de síndrome de down, tratamento dentário, médicos
especializados em reconstrução facial. Obviamente o hospital se
enfrentava com a precariedade das condições, assim como toda rede
pública de saúde no país. Contudo, mesmo com as adversidades, conseguia
realizar um trabalho de excelência.
Com
a desativação do instituto 500 leitos ficarão inoperantes. Apenas no
Centro de Tratamento Intensivo (CTI) serão 16 leitos a menos. Todos
criados
há apenas quatro anos. Ficarão desassistidas pessoas de todas as
idades: idosos, jovens e crianças. Os funcionários temem pela perda de
seus empregos. A população do entorno se sente tão acolhida pelo
Instituto que, na madrugada da desocupação, os moradores estavam lá para
se unificar aos servidores e demais funcionários na defesa do hospital.
CESSÃO AO INCA
Todo
o episódio de medo teve como pretexto a ampliação do Instituto Nacional
do Câncer (INCA), que fica ao lado do Iaserj. O motivo central da
desapropriação pelo poder público é contestado pe
los servidores. Próximo ao Iaserj existe vários prédios públicos
abandonados e que, inclusive, o governo chegou a expulsar moradores sem
teto que ocupavam os imóveis. Assim, não faz muito sentido esvaziar e
derrubar um hospital inteiro para construir uma extensão do centro de
pesquisa do Hospital do Câncer. Os edifícios vazios poderiam ser
utilizados para isso. Da cessão do terreno, à demolição e construção de
outro, há inicialmente à disposição 500 milhões de reais, valor este que
a população por experiência já sabe que será bem superior.
Esta
situação denuncia a calamidade pela qual a saúde pública do Rio de
Janeiro está passando. Nos últimos meses tem sido notória as denúncias
de precarização do sistema público em detrimento da valorização de uma
gestão privada, por meio das Organizações Sociais (OS). É essa é a
política que o governo
de Sérgio Cabral tem para a saúde pública e que tanto precariza o
trabalho dos servidores públicos.
IASERJ OCUPADO
Pacientes,
servidores, funcionários, associação de moradores, o Conselho Estadual
de Saúde, Conselho Regional de Medicina, o Sindicato dos Médicos do Rio
de Janeiro todos se posicionam contra o fechamento do Iaserj.
E
novamente a grande imprensa tão ágil em noticiar o que lhe convém, mostra-se
tímida na cobertura deste caso. Por todos estes motivos a INTERSINDICAL
conclama a todas às entidades e toda a população que defendam seu
direito à saúde. Neste momento, servidores públicos, funcionários do
Iaserj e familiares estão ocupados no hospital e convocam a todos e
todas que se juntem aos que lá já estão.
– Contra a desapropriação do Iaserj
– Contra a precarização do trabalho dos servidores públicos
– Salve vidas ocupe o Iaserj!
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