sexta-feira, 20 de julho de 2012

GOVERNADOR SÉRGIO CABRAL DESAPROPRIA O IASERJ E CRIMINALIZA PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Servidores, funcionários e familiares estão ocupados no hospital e convocam todos e todas a se unificar.

Mais uma vez o Governador Sérgio Cabral e seu pupilo, o Prefeito Eduardo Paes (ambos PMDB), mostraram seu jogo. Com o objetivo de intimidar os servidores públicos resistentes à desapropriação do Hospital Central do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj), a dupla colocou na mesa seus coringas: cartas com símbolos de caveiras atravessadas por punhal e duas pistolas.

Na calada da noite de sábado para domingo (14, 15) o Comando do Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar (BOPE) foi acionado para acompanhar a desocupação do Iaserj. Em uma ação executada às pressas, foram retirados quase todos os pacientes, só restando oito que estão na infectologia, distinto caso em que até para o governo é complicado de se conseguir vaga em outro hospital. Além destes, restou também um paciente em estado gravíssimo na UTI, pois havia receio de que durante a remoção seu quadro pudesse se agravar.

Diante desse cenário de covardia, enquanto pacientes eram acordados para a transferência de unidade, profissionais de saúde eram acuados e tratados como marginais pela presença fortemente armada da Tropa de Choque, num espaço onde se trabalha exclusivamente em defesa da vida.
A decisão tomada pela juíza Simone Lopes da Costa – que autorizou o uso da força policial para a des ativação do hospital –, em ação conjunta ao Ministério Público, contou inclusive com policiais à paisana para delatar possíveis intervenções dos funcionários contrários à desocupação. Como se não bastasse, as transferências foram realizadas sem autorização tanto da família quanto dos médicos do Iaserj. O oficio que autorizava a remoção foi ratificado pela Dra. Valéria Moll, da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), desrespeitando em absoluto as orientações médicas sobre como proceder em casos de remoções de enfermos.

Para que se possa mensurar o contrassenso desta execução, alguns pacientes foram removidos juntamente com a própria estrutura em que estavam instalados, por não haver maquinário suficiente nos hospitais que os receberiam. Macas, colchões, aparelhos de oxigênio e outros equipamentos foram recolhidos pelos próprios policiais e colocados em caminhões para que fossem levados.

O Iaserj conta com potencial enorme de atendimento aos servidores e atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo referência no Rio de Janeiro para algumas patologias, como o vitiligo por exemplo. Também havia tratamento de síndrome de down, tratamento dentário, médicos especializados em reconstrução facial. Obviamente o hospital se enfrentava com a precariedade das condições, assim como toda rede pública de saúde no país. Contudo, mesmo com as adversidades, conseguia realizar um trabalho de excelência.

Com a desativação do instituto 500 leitos ficarão inoperantes. Apenas no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) serão 16 leitos a menos. Todos criados há apenas quatro anos. Ficarão desassistidas pessoas de todas as idades: idosos, jovens e crianças. Os funcionários temem pela perda de seus empregos. A população do entorno se sente tão acolhida pelo Instituto que, na madrugada da desocupação, os moradores estavam lá para se unificar aos servidores e demais funcionários na defesa do hospital.


CESSÃO AO INCA
Todo o episódio de medo teve como pretexto a ampliação do Instituto Nacional do Câncer (INCA), que fica ao lado do Iaserj. O motivo central da desapropriação pelo poder público é contestado pe los servidores. Próximo ao Iaserj existe vários prédios públicos abandonados e que, inclusive, o governo chegou a expulsar moradores sem teto que ocupavam os imóveis. Assim, não faz muito sentido esvaziar e derrubar um hospital inteiro para construir uma extensão do centro de pesquisa do Hospital do Câncer. Os edifícios vazios poderiam ser utilizados para isso. Da cessão do terreno, à demolição e construção de outro, há inicialmente à disposição 500 milhões de reais, valor este que a população por experiência já sabe que será bem superior.

Esta situação denuncia a calamidade pela qual a saúde pública do Rio de Janeiro está passando. Nos últimos meses tem sido notória as denúncias de precarização do sistema público em detrimento da valorização de uma gestão privada, por meio das Organizações Sociais (OS). É essa é a política que o governo de Sérgio Cabral tem para a saúde pública e que tanto precariza o trabalho dos servidores públicos.


IASERJ OCUPADO
Pacientes, servidores, funcionários, associação de moradores, o Conselho Estadual de Saúde, Conselho Regional de Medicina, o Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro todos se posicionam contra o fechamento do Iaserj.

E novamente a grande imprensa tão ágil em noticiar o que lhe convém, mostra-se tímida na cobertura deste caso. Por todos estes motivos a INTERSINDICAL conclama a todas às entidades e toda a população que defendam seu direito à saúde. Neste momento, servidores públicos, funcionários do Iaserj e familiares estão ocupados no hospital e convocam a todos e todas que se juntem aos que lá já estão.

– Contra a desapropriação do Iaserj

– Contra a precarização do trabalho dos servidores públicos

– Salve vidas ocupe o Iaserj!

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