Os internautas não vão com a cara dele! Putz, mas também com essa cara, né? |
Nazismo na militância do PT na internet?
Serra cometeu um exagero. O que existe, essencialmente, é uma
antipatia dos internautas por Serra. Não especificamente por ele, mas
por tudo o que represente o sistema, o estabelecimento, a ordem
tradicional.
Serra se enquadra aí.
O internauta é apenas um pedaço da sociedade. Mas o que lhe falta em
quantidade sobra em ‘qualidade’. Ele é a vanguarda: está duas curvas
adiante da manada. Você pode ver hoje, pelo internauta, o que a média
dos brasileiros vai pensar e vai fazer amanhã. Ele antecipa as
tendências. É o clássico formador de opinião.
Muitas vezes ele dá sustos. A Globo provavelmente foi surpreendida
pelo vigor de uma campanha no twitter contra Galvão Bueno na Copa de
2010. É difícil imaginar que em qualquer pesquisa da Globo houvesse sido
registrada uma aversão tamanha a Galvão – até porque, se a empresa
tivesse ciência disso, ele não teria sido escalado para narrar a Copa.
A maior parte dos telespectadores gostava, ou gosta, de Galvão. Mas
aquela fração do twitter era e é a parte mais exigente e influente entre
os telespectadores. A minoria do twitter que mandou Galvão calar a boca
fatalmente se transformará em maioria.
O internauta desconfia do que não pertence à internet. No
universo da mídia, isso torna especialmente complicada a travessia das
grandes empresas rumo ao futuro digital. O internauta desconfia delas.
Prefere o Wikileaks, ou o Huffington Post. Acredita mais neles do que
no conteúdo das grandes corporações, nas quais enxerga “interesses
inconfessáveis”, ou coisa que o valha.
Não é a militância petista na internet que não gosta de Serra. É o
internauta. Isso não quer dizer muito em termos eleitorais. A eleição
para prefeito de São Paulo não vai ser decidida na internet. Mas a
mensagem é clara: a parcela mais ativa, mais informada e mais conectada
da sociedade – os internautas – não vai com a cara de Serra.
Diário do centro do mundo
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