Todos sabem que a Justiça não é séria, o Ministério Público idem, a
Polícia idem. Nada vai acontecer ao empreiteiro Fernando Cavendish ou a
seu ex-concunhado Sergio Cabral. O único efeito que o escândalo está
tendo é que o governador passou a trafegar pelos fundos, que desde
sempre deveria ter sido sua porta gloriosa e preferencial.
Chega a ser patético e comovente seu esforço para fugir da imprensa,
como se viu no BNDES e no Teatro João Caetano, onde ele mandou erguer
uma barreira de tapumes em torno do prédio, vejam só quanta paranóia.
Da outra vez em que foi envolvido num escândalo, no famoso dossiê
preparado pelo então governador e seu ex-aliado Marcello Alencar, Cabral
escapou milagrosamente da acusação de enriquecimento ilícito, porque
contou com a prestimosa colaboração de um amigo de fé, irmão camarada, o
publicitário Rogério Monteiro, conhecido no meio político com o apelido
de “senador”.
Na época, Monteiro justificou o enriquecimento ilícito de Cabral
dizendo que agência de publicidade pagava ao então presidente da
Assembléia R$ 9 mil por mês, a pretexto da prestação de serviços de
“consultoria”. Ou seja, Cabral foi “consultor” muito antes de José
Dirceu, Antonio Palocci ou Fernando Pimentel. Foi ele quem deu origem a
essa moda.
É claro que R$ 9 mil mensais não justificariam a vida sofisticada que
a família Cabral já levava naquela época, com os filhos nos mais caros
colégios do Rio de Janeiro e fazendo equitação na Hípica, morando no
luxuoso apartamento de Cabral no Leblon, passando o fim de semana na
mansão em Mangaratiba, com o possante iate ancorado no cais particular.
Mas o escândalo do dossiê parou por aí, porque Cabral ameaçou
retaliar o ex-amigo Marcello Alencar com denúncias sobre o filho dele
Marco Aurélio, que também ficou rico durante a gestão do pai e há muitos
anos mora nos Estados Unidos.
Marcello amarelou e não divulgou as informações contra Cabral, e
ficou tudo em família. E assim caminha a humanidade, na visão míope e
distorcida dos políticos brasileiros.
Carlos Newton Tribuna
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