A revista “Veja”, antes da curiosa parceria com o bicheiro Cachoeira,
era conhecida pela criatividade. Não deixa de ser uma boa qualidade no
jornalismo: textos, títulos, ilustrações criativas são sempre benvindos.
Desde que se baseiem em fatos.
Fatos não são o forte de “Veja”: dólares para o PT trazidos em caixas de
whisky (que ninguém nunca viu), contas no exterior de gente ligada ao
lulismo (jamais encontradas, mas noticiadas como verdadeiras), queda de
Hugo Chavez em 2002 (comemorada antes da hora, com uma capa
vergonhosa), grampo sem áudio (hoje, graças a outros grampos com áudio
do esquema cachoeira, sabe-se porque o grampo sem áudio virou notícia na
“Veja”)…
A lista é enorme, e não se restringe à política. A “Veja” é crédula.
Acreditou no Boimate (o episódio, ridículo, foi estrelado por um rapaz
chamado Eurípedes Alcântara, então editor de “Ciência” da revista), uma
brincadeira de primeiro de Abril de uma agência internacional. Por conta
de tanta credulidade, a revista noticiou como verdadeiro o cruzamento
de boi com tomate. Genial. Tão genial que o rapaz depois viraria diretor
de redação da revista.
A “Veja” – é bom lembrar – acredita em recomendar remédios (milagrosos) para emagrecer, na capa. De forma irresponsável.
O remédio na verdade serve para diabetes, e sumiu das prateleiras. Uma história até hoje mal explicada.
A revista mais vendida do país, com pouco apego aos fatos, tornou-se
também sisuda, malcriada, irascível. O fígado dos Civita e de seus
rapazes deve doer demais. Eles deveriam relaxar um pouco. Na última
edição até que tentaram. Para responder às críticas avassaladoras contra
a estranha parceria Abril-Cachoeira - que levaram “Veja”, 4 semanas
seguidas, para os “TTs” no twitter – os editores decidiram atacar.
Acusaram o PT (Globo e Veja são os únicos órgaõs de comunicação do país,
na companhia do Professor Hariovaldo, que acreditam piamente na
existência dos “radicais do PT”) de comandar uma campanha orquestrada no
twitter.
O malvado Rui Falcão (presidente do PT) teria chefiado tudo. Utilizando,
vejam só, perfis falsos no twitter. Ou seja: os radicais lulopetistas
utilizaram “robots” para atacar a revista dos homens bons da pátria. A
“Veja” faz bem em gritar. Radicais! Mosquitos stalinistas! Formigas
esquerdistas! Quem sabe esses gritos diminuam o ruído da cachoeira… Um
dos “robots” lulopetistas a “Veja” decidiu nomear: tem o nome sugestivo
de @Lucy_in_Sky_.
Pois bem. O twitteiro @página2 decidiu fazer o que Veja não gosta de
fazer: checar informações. Descobriu que @Lucy_in_Sky_ existe sim! A
entrevista da twitteira – que existe, contra a vontade da revista – pode ser lida aqui, no blog do Eduardo Guimarães.
O resumo de tudo isso é o seguinte: “Veja” dá destaque – de forma
criativa – a fatos que jamais existiram. Em contrapartida, agora acusa
(!?) de não existir pessoas que de fato existem!
Engraçadíssima a “Veja”. Deixou-se embalar pelo jornalismo lisérgico.
Cachoeira já sabia: esses rapazes da marginal estão à frente de seu
próprio tempo. Brigar com as redes sociais é, de fato, atitude muito
inteligente!
Lucy in the sky with diamonds!!!
*****
PS: na primeira versão desse texto, o Escrevinhador cometeu uma falha
gravíssima – confundiu Mario Sabino com Eurípedes Alcântara. Alertado
por “robots” stalinistas que já estiveram inscrustrados na editora
Abril, acabamos de fazer a correção, dando crédito pelo brilhante
Boimate ao homem bom Eurípedes Alcântara.
Rodrigo Vianna
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