terça-feira, 8 de maio de 2012

Projeto ensina química através de mangás

Objetivo principal é divulgar a disciplina com uma linguagem mais acessível.

Com o objetivo de ensinar química de forma simples, objetiva e atraente, uma estudante da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) criou um mangá, história em quadrinhos japonesa, que aborda a disciplina. Mesclando drama, romance, comédia e as experiências de laboratório, ela já leva o trabalho para fora da universidade.

A união de arte e ciência é um projeto de extensão inédito da paulistana Adriana Yumi Iwata, de 25 anos. Com o nome artístico Yumi Moony, ela buscou inspiração não só nos mangás, mas também nos quadrinhos de Maurício de Souza para roteirizar e desenhar as tramas. “Desde pequena eu gostava muito de quadrinhos. Comecei a ler bastante Turma da Mônica, Disney, depois os mangás shoujo, voltados para o público feminino, como Nana e Honey & Clover. Sempre tive essa ligação então eu sempre gostei de criar os meus personagens”, disse.

A ideia de criar um fanzine, que é uma publicação independente, começou em 2009 quando ela entrou em química na UFSCar. Ele foi intitulado “Sigma Pi”, e segundo Adriana, tem a proposta de promover a ciência fora da universidade, mostrando que a disciplina está no cotidiano das pessoas. “Achei que seria interessante colocar uma coisa diferente, atrativa e informativa. Mostrar para o público geral que a química não é só uma carinha explodindo as coisas em um laboratório. Ela está em todo lugar”, destacou.

O personagem central do mangá “Sigma Pi” é Branca, uma estudante transferida para um colégio interno, onde todos os alunos são obrigados a frequentar um clube como parte de suas atividades extracurriculares. Ela vai ao clube que dá título à obra e passa a frequentar um laboratório de química. As histórias se desenvolvem juntamente com o ensino da química. Em alguns momentos, os elementos químicos ganham vida para que os processos sejam melhor visualizados pelo leitor. “A gente foca a parte de conceito. Para falar de gazes e átomos, tentamos aproximar do cotidiano, o que é uma linguagem mais acessível para o público comum”.

Adriana Yumi Iwata desenha e roteiriza histórias em quadrinhos educativos.

Adriana já produziu cinco de um total de 12 edições que vão concluir a história. Tudo foi custeado por ela, que agora busca apoio. “A gente está procurando patrocínio ou alguma editora para poder financiar o custo do material de impressão”, explicou.

O projeto, que também virou tema de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), já saiu da universidade direto para os eventos de cultura japonesa e ainda terá oficinas na UFSCar e em escolas públicas.

Assim que concluir Adriana termina a graduação neste primeiro semestre e já está programando o mestrado sobre a utilização de quadrinhos como ensino de ciências.

Ensino alternativo
A proposta de despertar a curiosidade pela química e oferecer a educadores ferramentas diferentes para o ensino de ciências na sala de aula é uma tendência defendida pela pesquisadora Karina Omuro Lupetti.

Ela coordena o projeto de Adriana e é diretora do núcleo Ouroboros, que desde 2004 promove atividades relacionadas à divulgação e ensino não-formal de ciências na UFSCar. “As artes se conversam para divulgar ciência. Nós temos parcerias com a Prefeitura de São Carlos com as bibliotecas e estamos sempre apresentando peças, montando espetáculos, indo para as comunidades e dando oficinas. Sempre o focando a ciência”, disse.

Cerca de 100 pessoas de cursos como biologia, matemática, computação, engenharia química, química, pedagogia e ciências sociais já passaram pelo núcleo com outros projetos de extensão. São montagens teatrais, apresentações dentro e fora de São Carlos e oficinas. “Um evento que a gente organiza é o ‘Ciência em Cena’ que reúne grupos de teatro do Brasil e do exterior, geralmente ligados a universidades e museus de ciência. Cada grupo traz a sua linguagem própria para falar de um tema cientifico. A gente vê a Fapesp, o CNPq, enfatizando que o projeto de pesquisa deve ser mostrado para a comunidade”, explicou Karina.

Outras informações sobre o projeto “Sigma Pi” podem ser obtidas no blog http://sigmapi-project.blogspot.com.br/p/contato.html. Já sobre o Núcleo Ouroboros é possível outros detalhes no site www.ufscar.br/ouroboros ou pelo telefone (16) 3351-8059.
G1

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